A estrela cai

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Nathalia Condona



Eustáquio está aqui novamente, jantando ao meu lado. Ele não me olha mais com desejo, como antes, ele agora entende que sua presença nada mais é do que negócios de nossas famílias. Burro ele, ter achado que eu me interessaria, ainda bem que compreendeu seu lugar. Nós mal pegamos no prato, eu não sinto fome olhando para a cara dele e ele não se sente seguro, ainda mais agora que minha mãe aparece no terraço para nos vigiar.



- Nathalia, convide o moço para dançar no salão. Aproveite que a noite está fresca e não irá suar.



- Não quero.



Ele nos observa em silêncio.



- Não tem essa de não querer. - A mulher se aproxima, quase me expulsando com olhos. - O casamento de vocês vai acontecer após a final do torneio, no dia seguinte. Se continuar com essa gracinha vou adiantar para amanhã mesmo! Assim que sair daquele estádio.



Cada dia que passa, se torna mais insuportável ouvi-la. O meu desejo é pegar minhas malas e fugir deste país, poder viver minha vida como eu quero, sem dedo de mãe ou de pai. Sou obrigada a dançar no salão com este asqueroso rapaz e ainda fazer sorrisos falsos para os parentes que estão passando estas noites conosco, tudo isso para adiantar mais um pouco essa ideia absurda de casamento, talvez até lá eu encontre alguma saída.



Quantas horas são?


Meia noite. Preciso deitar logo, amanhã acordo cedo. Encosto minha cabeça no travesseiro de plumas, sinto o cheiro de cravo do incenso preparado por minha tia Diara, a mais tranquila da família. Eu digo que ela é esquisita, deve fumar umas ervas escondidas, ela abraça árvores na praça e faz Yoga de cabeça para baixo. Pelos menos é a única que merece um pouco de respeito nessa família, de resto só pensam em si mesmos. Espero que meu primo Nicolas não cresça igual.



...



Cinco horas da manhã.


Acordo e como meus biscoitos de baunilha. Visto uma calça simples e uma regata branca. Minha treinadora já deve estar chegando, preciso de um treino rápido antes de ir, meu oponente hoje é o Dantalion. Os dados explosivos dele me deixaram preocupada, embora eu seja a princesa e jamais me deixariam morrer neste duelo, posso sair gravemente ferida e talvez com sequelas horríveis. Imagine perder um braço, uma perna, ou até mesmo um dedinho sequer. Eu não quero ser uma aleijada, preciso manter cautela o tempo todo. Nunca me senti tão insegura até hoje.



Ela chegou.


Ouço o som da moto estacionar ao lado da garagem. Um mordomo a acompanha até a sala de esportes. Caramba, ela está tão linda, ela caminha com força nos pés, é uma mulher carrancuda, com um longo cabelo rosa, olhos castanhos, de moletom preto e com seu olhar de sedução. Quem me dera eu ser um pouquinho mais velha, eu a cortejaria facilmente.



- Nath, sua fofa, e aí? Está preparada?



- Mal chega e já está disposta?



- O tempo está corrido para você. - diz olhando para seu relógio de prata. - Temos apenas uma hora aqui. Eu só vim porque você me disse que era de extrema urgência, senão eu ainda estaria em Camberra te assistindo à distância. Aliás, o nosso combinado não foi se encontrar somente quando chegasse na final?



- Eu não vou chegar na final. Não é minha pretensão. Só vou dar uma brechinha para que minha amig... Digo. A Raely, consiga passar por mim e chegar até lá.



- Sei... interessante. Falando dela.... - Carol alonga os braços para os lados, sorrindo como um bebê animado. - Também vim pela mesma.



- Hum?

The Last GardenOnde as histórias ganham vida. Descobre agora