As correntes e os escorpiões

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Cayo Atahualpa



Aquele Alsel é um homem muito interessante.


Ah se eu pudesse... mas temperamento dele é complicado, seria impossível roubar-lhe um beijo, mas enfim... Meus dias aqui em Gurundi estão agradáveis, não imaginava que seria tão divertido. Eu também pensei que, pelas descrições do Diego, Alsel seria o pior tipo de pessoa que existe.



Deixa eu ver... Não estou esquecendo de nada?


Um xale marfim, um vestido colorido comprido, uma sapatilha maneira... Ah... e meu precioso colar de lã de Alpaca, que minha irmã mais velha fez para mim. Anka, eu prometi que quando retornar, te darei um vestido muito bonito de presente. Este colar me dá sorte, segundo ela. Vou usar para saber se é verdade mesmo. Minha arma está em minhas mãos, se meu oponente me ver segurando ela, haha, ele vai chorar tanto. O tamanho do estrago que isso é capaz de fazer, não está escrito.



- E mais uma vez, senhoras e senhores! Depois da luta insana que tivemos nesta tarde, vamos acompanhar mais uma da categoria 3!



Vai meu xará... fala aí meu nome, de um jeito bem bonito. Eu quero ouvir.



- Um jovem peruano, chamado Cayo Atahualpa, versus, um filho de egípcios, Khalif Mohamed!



Bom... poderia ter sido mais empolgante.



- Olha só o que temos aqui! - sorrio caminhando até o adversário. - Um árabe punk. De qual cidade veio, camarada?



- Isso não te interessa.



Parece um pouco nervoso, de certa forma combina com seu estilo. Uma jaqueta metaleira, um cabelo de moicano, um sapato todo estranho e um... controle na mão.



- O que isso faz, meu amigo? - pergunto apontando o dedo.



- Sou seu amigo por acaso? Não fale comigo como se tivesse essa intimidade toda.



- Ah, me desculpe... de verdade. Mas e aí? Como é que vai ser? Você começa ou eu começo?



- Primeiro me responda. O que vai fazer com essa corrente na sua mão?



- Espere aí, cara, eu te fiz uma pergunta muito antes. Para que serve este brinquedinho na sua mão?



- Brinquedo?!



Hahaha, qualquer coisa que eu falo para ele é motivo de irritar-se. Que pessoinha mais raivosa.



- Isso aqui não é um brinquedo! Vou mostrar para você o que isso faz, da melhor forma possível!



- Tá bom, vou ficar esperando.



Ele aperta o botão central do controle.


Nada acontece. Deve estar com defeito. Estou sentindo algo estranho vindo do chão, a areia está se mexendo. O que são essas coisinhas pretas? Escorpiões? São escorpiões robóticos! Na verdade, eles nem são tão pequenos, é quatro vezes maior do que um normal. Então quer dizer que Khalif usa tecnologia de ponta? Tudo bem, eu me garanto com essa correntezinha que possui uma esfera de espetos. Estou decepcionado pelo fato de minha arma não oferecer perigo suficiente para o homem.



Estes insetos estão por toda parte.


Eles correm em minha direção, se tiverem algum veneno posso morrer rapidamente. Giro minha corrente para arremessá-los o mais longe possível. Devo ter deixado danos irreparáveis.



- Estes são os meus bebês! - o doido exclama alto. - A minha mais avançada invenção! Escorpiões falsos que imitam perfeitamente um ser vivo real! Representam a deusa Serket da mitologia egípcia, representam também o verdadeiro símbolo da profundidade e vingança, dentre os doze signos do zodíaco!

The Last GardenWhere stories live. Discover now