Inimigo da nação

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Deise Condona



Uma reunião de urgência em nosso escritório?


Hoje à tarde tem a luta do meu sobrinho para assistir, muitas coisas têm tomado meu tempo ultimamente que mal posso sentar para relaxar um pouco. Nem meu vinho favorito importado da Espanha poderei apreciar neste final de manhãzinha?



Meu marido convocou dois políticos e um líder do exército nacional para essa reunião tão importante. Eles já entraram na sala, preciso falar com minha filha antes de participar disso. Nathalia não está querendo almoçar conosco hoje, na verdade ela está assim há algum tempo, o que tem me preocupado bastante. Será que tem a ver com aquele rapaz que arranjamos para ela? Bato na porta de seu quarto para me comunicar:



- Minha princesa, posso entrar?



- Entre...



Abro a porta e a vejo pintando suas unhas com um esmalte amarelo.



- Essa cor não fica bonita em você. Retire-a imediatamente! Uma jovem negra deve estar decorada com cores que lhe exibem autoridade e respeito!



- Que se dane, eu pinto da cor que eu quiser!



- Hum... Cadê toda aquela educação que a senhora Margot lhe deu?



- Enfiei ela no meu... Ah, o que a senhora está fazendo aqui? Não vê que estou ocupada? E a sua reunião? Meu pai deve estar precisando de sua presença agora.



- Claro que ele está, eu sou a cabeça desse país. Ele não sabe fazer nada sem a minha ajuda, é patético igual seu avô. Por isso o reinado dele foi tão mísero. É de família, não possuir uma visão muito próspera das coisas. - suspiro puxando os cachos de minha garotinha.



- Ei! Por que está fazendo isso?! Deixa meu cabelo em paz!



- É uma pena não vê-la como eu e suas tias... - Me afasto em seguida. - Mas bem... Eu vim aqui para saber como está. Se a conversa com aquele rapaz tem te deixado mal.



- É óbvio! - ela se irrita, levantando da cadeira. - Eu estou cansada de ter que esconder meus sentimentos! Eu vou falar toda a verdade agora! Eu não quero carregar esse fardo de ser a futura rainha! Eu não quero me casar com alguém que vocês arranjaram! Eu não quero ter empregadas e seguranças para me seguirem o tempo todo! Estou cansada disso! Eu quero decidir meu próprio destino!



Aquelas palavras me doem fundo. A minha menininha já não é mais tão pequena, ela está tão grande e tão mal criada... Ela está abandonando tudo o que planejei para seu futuro. Como pode? Como pode ser tão imatura?



- Se não quiser se casar com o Eustáquio, podemos fazê-la conhecer um outro belo rapaz. Haverá novos bailes no próximo mês, alguns filhos de figuras muito importan-



- Não! Eu não quero isso! A senhora não entenderia... Por favor! Me deixe em paz!



- Certo. - abro a porta enfezada. - Outra hora conversamos melhor e depois você me conta o que deseja. Preciso ir agora.



- Okay, vai lá!



Caminho pela escada com passos apressados e pesados. Quem essa menina pensa que é para falar comigo daquela maneira?! Entro no escritório e vejo Kurt lendo alguns papéis que lhe entregaram. O que deve ser? A propósito, qual o motivo dessa reunião?



- Bom dia senhores. - Me sento ao lado de meu marido e pego uma das folhas para analisar. - O que é isso? Inquérito de prisão? Para quem? O que nós do executivo temos haver com isso?

The Last GardenWhere stories live. Discover now