ᴄᴜɪᴅᴇ ʙᴇᴍ ᴅᴇʟᴀ

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𝓓𝓲𝓪𝓷𝓪 𝓡𝓪𝓲𝓸𝓵

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𝓓𝓲𝓪𝓷𝓪 𝓡𝓪𝓲𝓸𝓵

- Angela, Angela, acorde, meu amor.

Ele abanava ela com uma das almofadas do sofá.

- está vendo oque você fez.

Disse, ele.

- eu? Isso foi culpa sua, tudo foi culpa sua.

- mamãe.

Olhei em direção a escada e a menina as desceu correndo indo em direção a Angela.

- mamãe, mamãe, acorde.

Aquelas palavras me fizeram ter um dejavu, a lembrança daquele dia terrível, a imagem da minha mãe caída em uma poça de sangue, e eu suplicando para que ela acordasse.

- ela esta acordando, Emilia, vá pegar um copo de água para a sua mãe.

A garotinha saiu correndo até a cozinha e fez o que o pai ordenou.

Assim que Angela acordou e voltou a raciocinar, se sentou no sofá e pegou o copo de água da mão da menina. Ela me olhava ainda com a visão meio turva, parecia não acreditar no que estava vendo.

- é ela Johnny? É a Diana? Me diga que eu estou alucinando.

- não está, titia, sou eu mesma.

Falei, me sentando novamente no sofá e pegando um enfeite de cachorro que tinha sobre a mesinha de centro e o girando em meus dedos.

- eu lembro desse enfeite, eu que dei a você no dia das mães. Eu era tão inocente, tão ingênua.

- oque você veio fazer aqui? Como chegou até aqui?

- foi fácil, na verdade, foi muito fácil, eu nunca esqueceria o endereço da casa que eu morei por um bom tempo, então chamei um uber e ele me trouxe até aqui, e bingo, vocês ainda moram aqui. Agora com uma nova integrante na família.

Olhei para a garota que estava ao lado de Angela sem entender oque estava acontecendo.

- você veio para tirar minha filha de mim? Por que se for eu vou chamar a polícia.

Ela agarrou a menina e ficou abraçada com ela.

- eu acho que a única que tem o direito de chamar a polícia aqui, sou eu.

Os dois me olharam assustados.

- mas não se preocupe, eu não vou fazer isso, eu sei como é viver sem um pai, e o pior, viver sem uma mãe depois de um tempo. E eu não desejo esse sentimento para ninguém, ainda mais para essa princesa, que não tem culpa da merda de vocês.

- então me diga oque veio fazer aqui.

Repetiu.

- oque eu tinha pra falar eu já falei com ele, a você não interessa mais nada.

Olhei as horas no celular e vi que já eram 18:00 da noite, e também que havia inúmeras mensagens e ligações de Hector.

- sabe, tia.

Disse, enquanto chamava o uber pelo celular.

- você sabe oque acontece com uma mulher em uma boate quando ela se nega a fazer um programa?

Parei de digitar e a encarei.

- elas apanham, ou são abusadas, ou então, são traficadas para outro país, engraçado né?

Deixei escapar uma risada.

- eu passei tanto por isso, apenas por que eu não queria transar com um homem.

O motorista aceitou a corrida e em 10 minutos ele chegaria.

- eu passava madrugadas em claro, meu corpo doía, minha alma dóia.

Respirei fundo e continuei.

- mas isso tudo poderia ter sido evitado, vocês acabaram com a minha vida, acabaram com os meus sonhos.

Olhei novamente para a menina que ainda estava nos braços da mãe e depois olhei de novo para Angela.

- não façam o mesmo com ela, nunca a abandone, não destrua os sonhos dela, deixem ela viver a vida dela como se fosse um mundo cor de rosa, assim como eu vivia a minha. Nenhuma garota deveria passar pelo oque passei, porque isso é algo que eu nunca vou esquecer.

O celular apitou e eu vi que o motorista já estava na frente da casa, me levantei do sofá e fui até a porta.

- só mais uma coisa, eu nunca mais quero ouvir falar de vocês, não me preocurem para saber sobre a minha vida atualmente ou para saber com detalhes de como eu vivia naquela boate, porque isso é bem sua cara Angela. Vocês estão no meu passado e vão continuar lá.

Abri a porta e quando eu ia saindo, Angela perguntou.

- como você saiu de lá, Diana?

Eu apenas olhei para ela e para a menina e disse:

- cuide bem dela.

Fechei a porta e senti o vento gelado batendo no meu rosto, parecia que eu estava anestesiada, finalmente eu poderia deixar meu passado para trás e começar a viver a minha vida, finalmente depois de tantos anos eu pude saber a verdade. E aquela graciosa menina... eu sentia tanta pena dela, mas ao mesmo tempo eu sabia que ela seria bem cuidada, sabia que eles a protegeria como me protegeram um dia.

Entrei no uber e fiquei vendo a paisagem pela janela, um turbilhão de pensamentos se passavam pela minha cabeça, quando de repente me lembrei que tinha que avisar ao Hector de que eu estava bem e que já estava indo para a casa, mas me lembrei disso tarde demais, meu celular havia descarregado.

- droga.

Resmunguei.

Ele deve estar tão preocupado e tão zangado, eu sabia que talvez iriamos discutir quando chegasse em casa. Por outro lado, Daniel deveria estar adorando tudo isso, aquele cretino, mas em algumas horas estarei em casa, para a infelicidade dele.

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