18

12.7K 1.6K 476
                                    

                                   Carolina👑

Respiro fundo e mudo de lado na cama.

Tenho a impressão de que chutei algo e esse algo resmungou.

Peraí! Como assim resmungou?

Abro os olhos e não consigo prender o grito de susto.

Chego até a cair da cama.

Souza: Pra que gritar? Pô, sete da matina e tu gritando que falta de educação Raponzel.

Eu? Eu que sou a sem educação? A maconha destruiu o cérebro desse cara, não é possível.

Carol: O que você acha que está fazendo? - tento controlar a respiração enquanto me ajeito para me sentar no chão.

Souza: O sofá é duro demais.- ele fala como se fosse a situação mais comum do mundo.

Tomo um segundo susto quando a porta é aberta com tudo.

Ret: O que aconteceu? - ele me procura na cama até se deparar comigo no chão.- Que porra é essa?

Uma humilhação pior que a outra.

Encaro ele para explicar a situação.

Ah, ele acabou de sair do banho....

Ele invadiu o quarto com a droga de uma toalha  na cintura.

Meu Deus, porque isso fez a minha pele formigar?

Acho que esse sequestro causou algum dano cerebral.

Eu devia é ter batido com a cabeça no chão e não com a bunda.

Carol: Hmm..  ele invadiu o quarto.- aponto pro Souza.- E bom, eu me assustei.

Ret: Tu tinha dito que ia dormir no sofá.

Souza: Tava duro e essa  cama aqui é tão grande. Não achei que a Raponzel ia surtar.

Ret: Claro - pro meu azar ele se aproxima de mim - a mulher não ia surtar com um cara qualquer indo pra cama dela sem um convite - ele estica a mão para me ajudar a levantar.

Souza: Não sou um cara qualquer.

Ret:   Cala a boca Sousa. Vem, vou te ajudar - encaro a mão e aceito que a situação já tá uma merda,

Mas me arrependo ao notar que a gente está muito perto um do outro.

Nossa, o sabonete dele tem um cheiro bom. Que merca será que é?

Ret: Se machucou? - Que?... Ah, eu caí da cama.

Direciono meu olhar para o dele e então me dou conta da situação.

Merda, merda... merda.  Ele tá com a porcaria da mão no meu rosto.

Carol: Não- me afasto dele- Mas estou com muita vontade de machucar o seu amigo.- ele ri.

Ret:  Isso não vai se repetir.- ele olha pro Souza- Falo contigo lá embaixo.

Carol: Não foi tão ruim assim- dou de ombros- Minha bunda nem vai ficar roxa.

A única resposta que recebo do Ret é uma risada baixinha.

Acho que não devia ter posto minha bunda na conversa.

                                       [...]

Viro o rosto para a porta de entrada ao ouvi-la abrir.

Achei que ia dar de cara com o Ret, mas quem acabou de entrar é uma mulher loira. A mesma da foto que o Ret me mostrou, a irmã dele.

A irmã que ele disse que o Eduardo usou contra ele.

Hmm, ela devia estar aqui? Pensei que eu era um tipo de segredo ou sei lá.

Larissa: Hmm, quem é você?

Me levanto do sofá e ela me olha de cima abaixo.

Tá,  estar no sofá do irmão dela usando uma das blusas dele traz uma ideia muito boa do que está acontecendo.

Carol: Sou a Carolina, você é a irmã do Ret.

Larissa: Cadê o meu irmão?

Carol: Não sei, a gente tomou café e ele saiu. Mas ele costuma vir pro almoço...

Larissa: Quem é você?

Carolina: Meu nome é Carolina...

Larissa: Não perguntei teu nome gata, isso pouco me importa. A pergunta é quem é você?

Carolina: Sou Carolina Avelar, esposa do Eduardo....- ela me corta.

Larissa: O policial? - a postura dela muda completamente, fica acuada.

Carolina: Isso, esposa do policial.

Larissa: E o que tu tá fazendo na casa do meu irmão? O que acha que vai conseguir aqui?

Carolina: Estou presa aqui, não tenho como conseguir algo nessa situação. Victor e Souza me sequestram na saída do shopping, sou uma refém.

Larissa: Refém? Tu não me parece uma refém.

Carolina: Bom, a situação em que estou faz parecer que não, mas eu sou.

Ai meu Deus, agora eu tenho até que provar que sou refém.

Tem como ficar pior?

Larissa: Você sabia- ela se aproxima de mim - Sabia o que ele tinha em mente fazer comigo. Ele deitou na sua cama de noite e te contou como era divertido botar medo em mim. Como ele dizia que ia brincar comigo? Na acredito que você tá sentada aqui no bem bom. Isso só pode ser brincadeira com a minha cara.

Carolina: Eu não sabia nada sobre você, eu não sei nada do que o Eduardo fez, ele mal falava comigo sobre o trabalho.- eu só era avisada quando tinha que comprar alguma roupa para as festas do trabalho-Ret me contou por cima o que aconteceu...

Larissa: Ele me levou para uma casa de campo, um lugar lindo. Na casa tinha um porão cheio de caixas, ele me deixou lá, eu não podia sair de cima daquele colchão azul.

A casa de campo que a gente passa as férias....A casa que a Lúcia amava...Ele manteve alguém presa em um lugar tão especial.

Carol: Eu não sabia, ele nunca me contava nada.

Larissa: Sabe o que ele me dizia? Que se meu irmão não aceitasse o acordo ele não ia ficar tão irritado, porquê seria divertido brincar comigo, afinal segundo ele eu era melhor que a esposa dele.

Tá, o Eduardo não era um sonho de pessoa. Mas isso aqui é coisa de outro mundo.

Larissa: Ele passou a mão em mim e disse que pelo menos eu devia ser útil para dar um filho para ele, diferente de você.

Sinto minha respiração acelerar e seguro para não fazer um cena. Só o que me faltava chorar na frente dela.

Do jeito que parece agressiva é capaz de soltar um " vou te fazer chorar de verdade" e voar em mim.

Carol: O seu irmão chega daqui a pouco, vou ficar no quatro pra não incomodar.- viro a costas para ir embora mas acabo parando no meio do caminho para falar com ela novamente.- Sinto muito sobre o que aconteceu com você,  esse é um Eduardo que eu não conhecia e que me dói aceitar que existe.

Larissa: É um Eduardo que vai estar te esperando, um que você vai aceitar porquê é uma idiota. Mas aquele homem te odeia, tava na cara dele quando te mencionou. E talvez isso seja bem feito, pra você aprender a ser mais seletiva.

Crime PerfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora