🔥 Prólogo ❄️

Start from the beginning
                                    

   Sendo escoltada por quatro soldados, já no corredor do palácio, avistei à frente colunas que levavam ao corredor aberto com acesso à área externa. O baile ocorreu no segundo andar. Enquanto atravessava o corredor em direção ao último lance de escada para o térreo, o vento começou a soprar cada vez mais forte. Medindo a altura, não parecia ser uma queda tão ruim assim, pensei.

   Voltando novamente minha atenção para Romero, que permanecia calado e sério, senti certo afeto e reconhecimento em relação a ele. Contudo, meu instinto alertava que algo estava errado. Ele me escoltava junto com mais três soldados. Um sorriso malicioso surgiu em meus lábios. Finalmente algo que me era familiar. "Estão facilitando demais."

   Ao alcançarmos a parte aberta do corredor, que mais parecia como uma sacada, lancei um olhar de relance para Romero e percebi que desta vez sua atenção estava voltada para mim. Sentindo que ele sabia o que eu estava prestes a fazer, dirigi-lhe um meio sorriso. Em seguida, o jovem guarda que segurava minhas mãos foi ao chão com um golpe em sua costela e uma rasteira; o soldado bateu a cabeça no chão, parecendo um pouco desnorteado, deixando-me com as mãos livres.

   Assim que notam o colega caído no chão, os guardas empunharam suas espadas e dirigiram-se a mim, um após o outro. Imobilizei-os congelando seus passos quando se aproximaram. Segurando a mão do soldado que agora empunhava a espada contra mim, desferi golpes no estômago e no queixo, fazendo o mesmo com o que estava vindo logo atrás, deixando ambos desacordados. "Que estranho. Foi relativamente fácil. Devem ser os novos soldados."

   O primeiro parece estar se recuperando, mas logo recebe mais um golpe no queixo, desmaiando por completo. Foi apenas neste momento que percebi o que havia feito. "Como eu fiz aquilo?" Olhei para os pés dos guardas desacordados, com os pés ainda fincados no chão. "Gelo?". No entanto, ainda sem controle sobre meu próprio corpo, virei-me para Romero, que permanecia encostado na parede com os braços cruzados, parecendo não ter se movido desde o início. Ele ostentava uma expressão meio sombria.

— Você poderia, ao menos, ter ajudado, não acha? — questionei zombeteiramente, andando em sua direção, com o corpo ainda tenso.

Ele bufou, esboçando um sorriso.

— Um dia faremos isso, fedelha, mas não agora. — seu tom tornou-se um pouco mais sério, voltando seu olhar para o lado de fora do palácio. Respirou fundo e prosseguiu — Você terá que descer aqui. — Gesticulou com o queixo para o parapeito — No fim desse corredor, um pouco mais à frente, há mais dois guardas de prontidão e considerando o quão ridícula foi a forma que você derrotou esses três, será necessário reforçar o treinamento de todos.

— Não seja rabugento! — Sorri, dando um pequeno empurrão em seu ombro — Você já é rigoroso demais nos treinamentos desses pobres coitados — insisti, parando ao lado do homem de meia idade. "Então, de fato, nos conhecemos!"

— Não o suficiente pelo que estou vendo. — ele dirigiu-se ao parapeito, eu o segui. Romero voltou seu olhar para mim novamente — Embora seja assim, a segurança do palácio é robusta e rigorosa; não conseguirá sair daqui sem ajuda. Terá que descer aqui e despistar os guardas até a entrada que lhe mostrei da última vez. — lembrou-me, em um tom sério de preocupação. — Tente não ser vista. Dentro de pouco tempo, mais guardas passarão por aqui; terá que partir agora.

Olho para baixo e para os muros do palácio em silêncio e volto minha atenção para ele novamente.

— Para onde irei desta vez? — Pergunto em um sussurro — Não tenho mais para onde ir, esqueceu?

— Atravesse a floresta e alcance a fronteira, — instruiu — o príncipe afirmou que você encontrará algo de seu interesse. — deu uma breve pausa, como se ponderasse o que dizer — Nos veremos novamente Astrid. — acrescentou com um tom amistoso, um sorriso triste.

— Eu nunca vou deixar você esquecer isso, foi a coisa mais fofa e gentil que disse desde que nos conhecemos. — comento entre risadas. As palavras do homem fizeram o coração meu aquecer. Ouvindo minhas próprias emoções, senti que, embora nunca tenha mostrado, ele tinha alguma afeição por mim, bem lá no fundo. E para minha própria surpresa, aproximo-me subitamente de Romero e o abraço. Eu parecia confortável com isso, mas o senti tenso. — Mesmo assim, obrigada.

   — Eu nunca mais comentarei nada tipo a você. — afirmou, com um tom travesso, um sorriso contido na voz, a tensão diminuindo. Devolveu-me um abraço de maneira contida.

  Ouvindo passos aproximando-se, nos separamos do abraço e, com apenas um olhar de despedida, saltei do primeiro andar, caindo e rolando no chão. Sem olhar para trás, corri rapidamente em direção ao pequeno buraco, que chamam de passagem secreta, situado no muro.

   Rasguei a saia do vestido com a adaga que estava em minha cintura, revelando a calça de couro e as botas escondidas sob o longo tecido.

   Desviando-me dos guardas pelos arbustos do jardim, segui para a esquerda. Quando ouvi a voz de Romero ao fundo, ordenando outros guardas que foram realocados para o Salão principal.

   — Todos dentro das dependências do palácio do rei são suspeitos de compactuar com a tentativa de assassinato. Ninguém pode entrar ou sair até o fim da investigação. Vasculhem todos os cantos deste castelo e prendam qualquer um que acharem minimamente suspeito, não importa que sejam nobres ou até mesmo serventes. Estamos entendidos? — Ele gritou em tom de ordem.

   — Sim, senhor! — Responderam os guardas do palácio em uníssono.

   Quase nos limites dos muros do castelo, encontro a passagem escondida atrás do pequeno arbusto e, em pouco tempo, já estou correndo pela cidade, em direção a floresta, quando começam a cair pequenas gotas de chuva.

   Quase nos limites dos muros do castelo, encontro a passagem escondida atrás do pequeno arbusto e, em pouco tempo, já estou correndo pela cidade, em direção a floresta, quando começam a cair pequenas gotas de chuva

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

   Correndo entre as árvores, um brilho se estendeu pelo céu, seguido do estrondo dos raios pela noite chuvosa em meio a floresta. Um pouco distante à minha esquerda, está a sombra de um homem de cabelos longos correndo ao meu lado . "Por que estou correndo?" . Pensei, recuperando a consciência quando tento diminuir meus passos.

   Mas logo volto a correr, ouvindo muitos passos se aproximando em minha direção.

Enquanto corria, galhos iam de encontro ao meu rosto, deixando ardência em minha pele. Um gemido de dor escapou quando algo rasgou superficialmente minha perna esquerda. Estava quase na fronteira, faltava pouco. Um sentimento de traição me tomava conta com as lembranças deste e os dias que o antecederam.

   "Tudo estava sob controle. Mas o príncipe, aquela cobra, me levou a crer que estava tudo bem.
O banquete foi uma distração."

   A chuva persistente me acompanhava, revelando brevemente o caminho à minha frente sob flashes de relâmpagos. A queimação em minha pele aumentava à medida que os galhos me arranhavam. Minha dor estava se intensificando, eu estava exausta. Meus passos hesitantes foram diminuindo à medida que vislumbrava a fronteira. Só mais uns passos e estaria em Mírant. "Por que eu iria a um reino que quase causou a minha morte?" A promessa de liberdade me impulsionava. "O que será que eu veria quando chegasse ao outro lado?"

   A sombra reapareceu, desta vez ao meu lado.

   Então, subitamente, tudo mergulhou na intensa escuridão.

⭐⭐⭐⭐⭐Vote

A Sombra da RealezaWhere stories live. Discover now