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🃏 Coringa 🃏

Três dias nesse inferno, sem notícias nenhuma do lado de fora.

Milena só vem daqui dois dias e isso já está me tirando do sério.

Desde que cheguei aqui não consegui pregar os olhos em nenhum momento, não que eu não confie nos meus companheiros de cela, até porque todos são da Rocinha

Tirando o Caiox que eu ainda não descobri de onde ele é.

Apenas não consegui dormir porque a porra do Jordan e do Caiox roncam igual dois javalis. Da um ódio da porra….

Comer também tá sendo um cú, aqui dentro. Oh comida ruim do caralho, quando sair daqui vou fazer uns exames pra ver se não fiquei com nenhuma doença.

A cama é só o concreto, a cela é um cubículo, o único momento que deveria ser “bom” que é o banho de sol, não consegue ser nada agradável já que sempre vejo a cara feia do DaCruz.

Se eu já não estivesse tão envolvido nessa vida, eu caía fora dela pra ontem. Mas já é tarde demais…

Brabox: Aí Coringa, consegui pra nós… - ergo o olhar pra ele que estende um baseado pra mim

Coringa: É só maconha? - ele assente com a cabeça e então decido pegar o baseado

Jordan: Parou de cheirar, foi? - arqueou as sobrancelhas

Coringa: Sim, faz três meses já… - acendi o baseado e dei uma tragada

Brabox: Aposto que isso tem dedo da tua mina - disse e riu se sentando ao meu lado e eu confirmei sua suposição - como você e Tainá se conheceram?

Jordan: É pô, a mina era mó na dela, vivia com os avós…

Coringa: Ela perdeu os avós… tem quatro meses que o avô dela morreu, e isso meio que nos aproximou

Brabox: Hmm, deu um de cavalheiro solidário? - perguntou com um sorriso sarcástico

Coringa: Na verdade, foi o contrário. Fiz um inferno na vida dela…

Jordan: O que você fez?

Coringa: Tomei a casa que era do avô dela e disse que ela só voltaria a morar lá se me pagasse o aluguel. Tainá não trabalhava na época então obviamente não tinha como pagar, ela ficou sem lugar pra morar, até que o Bak teve a brilhante ideia de meter ela na nossa casa

Brabox: Nossa, mas que ideia inteligente - indagou com sarcasmo

Coringa: Não foi das melhores mesmo. Todo dia eu ficava loucão de droga, chegava em casa alterado e descontava tudo na Tainá. A gente brigava demais, e era briga feia mesmo.

Jordan: Cara, e como você conseguiu mudar essa situação, para a que estão hoje?

Coringa: Tudo começou quando Tainá apareceu na boca, bem quando tinha acabado de lançar duas carreirinhas, na época tinha descoberto que o Vini era infiltrado da polícia e fiquei maluco achando que podia ter mais lá dentro. Quando vi a Tai entrar na minha sala, encurralei ela na parede e gritei com ela a acusando de ser infiltrada.

Os meninos arregalaram os olhos de forma surpresa.

Coringa: Acabei apertando o braço dela demais, deixando a marca da minha mão certinha. Quando vi aquilo só lembrei do que meu pai fez com minha mãe, vi que estava virando ele… me arrependi pra caralho de ter machucado ela, e então decidi que estava na hora de parar com aquelas drogas.

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