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"Não poucas vezes esbarramos com o nosso destino pelos caminhos que escolhemos para fugir dele."

- Jean de La Fontaine

- Darya Break -
14:05 - 08/Outubro

Tyller, então esse era o seu nome.

Tudo o que me disse girava em torno da minha cabeça. E no final ele estava certo.

Por que deveria me vingar se no final isso me parecesse algum tipo de livramento? A única coisa em que realmente poderia me fazer sentir raiva, seria apenas pelo sequestro. Mas era realmente culpa dele?

Eu estava tentando agir como se nada me afetasse. É claro que depois daquilo minha vida nunca iria voltar ao normal.

Faz poucos minutos que ele saiu pela porta que estava em minha frente, mas suas palavras soavam tão vívidas em minha cabeça que poderia jurar que ele estava falando-as novamente em minha frente.

"Se não conseguirem você, vão atrás dos seus arredores, limpando tudo que estiver no caminho, e depois jogando o que usaram antes, no lixo."

"Eles vão te matar"

"Não adianta só matar, você tem que brincar com a presa até que ela queira morrer."

"Você é a presa."

"Isso é a sua realidade agora."

"Se não quiser acabar morta."

Uma hora vão chegar até mim, e eu não vou ter como escapar uma segunda vez.

Eles virão atrás de mim de novo, vão tentar me matar.

E mesmo que não consigam, vão voltar.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto, deslizavam cada vez mais devagar pela pele, fazendo com que minha visão ficasse meio embaçada.

A qualquer momento eles podem chegar, a qualquer lugar que eu for seus olhos irão me acompanhar.

Eles podem pegar Lukas e as meninas, tudo isso é minha culpa, tudo culpa minha. Eles estão em perigo porque fui egoísta.

Amanhã eu posso não estar mais respirando.

- Não, isso não pode ser verdade. - Falei comigo mesma antes de me levantar e começar a andar de um lado para o outro passando as mãos pelo cabelo embaraçado. -

O que tem de tão especial em mim assim? O que eles querem comigo? É realmente culpa minha? Ou do Tyller? O que eu fiz para eles? Por que minha cabeça dói tanto? O que está acontecendo? Como posso me livrar disso tudo?

Conforme as perguntas iam criando engarrafamentos em meu subconsciente, minhas mãos, agora formadas em punhos, socavam o meu próprio crânio.

- Não... - As palavras saiam sem rumo. Mal tinha voz para expressar o que se passava por dentro de mim. -

Acho que no final, tentar culpar os outros só piorou minha situação.

Eu deveria apenas chorar ou dar um fim nisso tudo de uma só vez?

Dentro da maleta de primeiros socorros tinha um pequeno bisturi, que brilhava diante a luz que refletia sobre ele mesmo.

Agora em minhas mãos, o toque do material era de fato bem gelado, provavelmente porque não teve contato com o calor humano. Até agora.

Sua ponta afiada parecia me puxar cada vez mais para aquele sentimento, aquela única solução plausível em minha mente.

Se eu fizesse aquilo, tudo iria acabar, não precisaria viver com medo ou com preocupações, tudo só iria sumir. E se fosse o contrário, não estaria mais viva para me arrepender ou sofrer as consequências.

Trust Or DieWhere stories live. Discover now