capítulo XXXI

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VALÉRIA

— Por que não fica aqui? — Tadeu me puxou novamente
para a cama, e eu ri, aceitando ser envolta por ele. — Não é muito
cedo?

— Já é de tarde, e eu preciso fazer uma coisa.

— Precisa mesmo... Precisa me beijar e ficar nessa cama
pelo resto do dia.

— Preciso acordar, Gael. — sussurrei, e então seus olhos
se abriram, como se ele lembrasse da existência do meu irmão.
— Que foi?

— Ele tentou me bater.

— O quê? — minha voz saiu num grito.

— Vai acordar ele. — falou estupefato, e eu o encarei
incrédula.

— Eu poderia tê-lo afastado facilmente, só... Só estava
surtando com você desmaiada.

— Desculpe por isso. — assumi, dando um beijo no topo
do seu nariz. — Vou comer nas horas certas.

— Não quero nunca mais passar pela sensação de
impotência de vê-la desacordada daquela maneira...

— Imagina seu pai no dia do parto, coisinha? — perguntei
para minha barriga, exposta devido a camiseta estar enrolada
abaixo dos meus seios. — Aposto você poder usar chupeta que ele desmaia. — senti um leve chute e ri sozinha, imaginando que
ele gostou da ideia.

— Eu vou estar medicado, pode ter certeza. — Tadeu
dramatizou, e senti sua mão em minha barriga, o que fez nossa
coisinha praticamente dançar lá dentro.

— Puxa-saco...

Tadeu riu, descendo pelo meu corpo, e logo senti seus
lábios contra a minha barriga.

— Sempre quis fazer isso. — admitiu, e eu tive que sorrir
da cena linda que se desenrolava bem ali.

Poderia guardar os dois em um porta-retratos. Senti mais
beijos por minha barriga, e nosso filho respondendo na mesma
intensidade. Se eu pudesse, ficaria ali, presa à cena, por horas.

— Quando disse que a amava... — levei minha mão ao seu
rosto, sobre a minha barriga. — Quando disse que amava a
nossa coisinha, aquele dia, que cantou pela primeira vez. Foi para
mim também, não foi?

— Sempre foi para você. — admitiu, e seu corpo pairou
sobre o meu. — Bastava querer olhar, amor.

— E eu achando que você poderia ser um homem melhor...
— suspirei fundo. — Como eu pude ser tão cega?

— Dizem que o amor é cego. — bati em seu braço, mas eu
adorava aquele lado debochado que apenas eu tinha dele. Era
como se eu pudesse acessar cada pedacinho exposto dele, e
torná-lo ainda mais meu. — Eu nunca imaginei que me amasse
também, mesmo que enxergasse a nossa atração.

— Duas pessoas burras numa relação só podia dar nisso...
— relaxei, levando a mão dele à minha barriga novamente. —
Que a nossa coisinha puxe a parte inteligente perdida.

— E tenha os seus cabelos, sua boca, seu nariz...

— Seus olhos. — falei, sem conseguir me conter. — A
parte que eu mais amo em você, depois do seu... — ri de lado,
imaginando outra conotação para a frase.

— Não acredito que está me resumindo a sexo. — rebateu,
fingindo-se de ofendido. — Sou muito mais que o meu...

— Coração? — cortei-o, e ele parou de segurar o riso. —
Sou péssima sendo fofa, mas sério... Eu quero essa cor na nossa
coisinha. — falei, e tracei levemente ao lado dos seus olhos. —
Minha cor favorita.

— Só queria não ter perdido tanto... — suspirou fundo,
assim como eu. — Mas temos todo o tempo do mundo para
recuperarmos, certo?

— Em todas as vidas que pudermos...

Seus lábios vieram para os meus, e os aceitei, perdida em
cada parte do seu toque, e como ele me fazia sentir. Batidas
fortes na porta, fizeram com que parássemos o beijo, e encarei-a
sem entender.

— Acho melhor estar sozinha nesse quarto trancado, tin
tin.

— Tin tin? — Tadeu indagou, olhando-me curioso. — Esse
é o seu apelido vergonhoso?

— Não vou admitir, até saber o seu... Aliás, to sendo
enrolada há dias. — ele sorriu, e beijou minha testa. Batidas
voltaram na porta, e eu revirei os olhos, levantando-me. — Salva
pelo meu irmão sendo um imbecil, mas ainda assim, vou
descobrir.

Tadeu apenas me deu aquele olhar de “você é a coisa mais
linda curiosa” e eu me derreti, indo até a porta e abrindo apenas
um pouco.

— O quê? Veio lutar pela honra da sua irmã grávida? —
perguntei, e Gael arregalou os olhos, claramente vendo que
estava fazendo um show sem motivo. — E antes que pergunte,
sim, estamos juntos. Sim, ele é o amor da minha vida e a gente
vai se casar, algum dia.

— Eu sou? — ouvi a pergunta de Tadeu, e seu corpo ao
meu redor. Suas mãos pairando na minha barriga. — A gente vai
casar? — sua pergunta veio como um sussurro, e eu revirei os
olhos.

— Melhor correr enquanto pode. — falei, enquanto meu
irmão nos encarava incrédulo. — Pode usar Gael de desculpa,
dizer que ele era contra essa relação e tal... — senti um leve beijo
em meus cabelos. — O que foi, ten ten?

— Desde quando estão realmente juntos? — indagou, e eu
ri.

— Bom, desde hoje, mas... Literalmente, igual o meme do
Titanic, estamos nessa parece que há 84 anos. — senti um leve
aperto em minha cintura, como se chamando minha atenção.

— Ele era o cara que você gostava aos quinze...

— Como sabe que eu gostava de alguém aos quinze? —
rebati.

— Você ficava suspirando e cantando Taylor Swift pela
casa, algo não tava batendo... — engoli em seco, pela exposição
na lata. — Eu só não esperava que demoraria treze anos para
finalmente estar com ele... — debochou, e eu queria voar em seu
pescoço.

Se ele soubesse da missa a metade.

Meu olhar encontrou o de Tadeu, e eu sabia que ele era a
única pessoa que de fato compreendia aquele tempo de espera, o
qual nos trouxe exatamente até ali. E eu sorri, porque apesar de
todos os pesares, eu estava em seus braços.

E única coisa que gostaria de tirar proveito daquele tempo
separados, era a dívida que ele tinha comigo. De um segredo que
não me pertencia e que era uma mentira. Mas ainda assim,
poderia ser transformado em algo nosso. Então, se um dia,
pudesse cobrar, seria para que ele permanecesse exatamente
assim, em meus braços.

Gravida Do Ceo Que Não Me Ama Onde histórias criam vida. Descubra agora