capítulo XXIII

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VALÉRIA

— Não. — ri, voltando o vídeo, e imitando o passo, que na
minha cabeça, era perfeito. Apenas nela. — Você solta a frase e complementa com ddaeng!

Tadeu me encarou como se eu tivesse duas cabeças,
ainda sentado no sofá, e claramente não entendendo minha
empolgação. Mas a realidade era que aquela música poderia ser
minha dose de endorfina diária.

— “Hip hop? Ddaeng! Rap style? Ddaeng! gyang raep-peo,
ddaeng! Bangtan, ddaeng!” — cantei alto, e comi outra pipoca,
enquanto Tadeu ainda tentava fazer a minha assinatura no Viki[40]
voltar a funcionar. Não sabia o que tinha acontecido, mas de
repente, ela simplesmente, parara de funcionar. E mesmo
sabendo que ele não tinha nenhuma formação na área, era a
pessoa mais próxima a quem poderia recorrer.

A realidade era que ultimamente, muitos os pequenos
problemas ou momentos do dia a dia, a gente estava dividindo.
Construir uma amizade assim, tornava tudo mais fácil, não era?

— Acho que o problema era a localização. — falou,
enquanto eu focava na minha parte favorita da música. —
Valéria?

— “Escória, só façam as suas coisas

Olhe para mim, eu sou todas as suas coisas

Você arrasa? É tão legal? Estou sem palavras

Mesmo que eu não ga-ga-ga-gagueje por estar perplexo

Me pe-perdoe, minha habilidade com a f-fala não é boa

M-mesmo assim eu estou t-t-tentando falar devidamente

Mas minha boca fica torta

Eu g-g-gosto muito de você, eu g-g-gosto muito de
você...”

— Essa música é daquele grupo que eu comprei o body,
não é? — perguntou, e parei a minha performance, para encará-
lo. — O quê?

— Procurou mais sobre o BTS? — indaguei, sentando-me
ao seu lado no sofá, e ele assentiu. — E SKZ[42]? E Blackpink[43]?
E Mamamoo[44]? Quer dizer, algum outro?

— Tenho tido um longo momento conhecendo quase todos,
pelas músicas que agora estão na playlist que oficializou no meu
carro. — rebateu, e eu ri de lado, não podendo negar.

— Ainda na minha função de converter todo mundo para
gostar das lendas, assim como, dos doramas. — ele levou uma das mãos ao rosto, e me encarou sério. — O quê?

— É bom te ver empolgada assim com o que gosta.

— Não sei gostar pela metade. — admiti. — Quando gosto
de algo, me jogo de cabeça. E quando vejo, já to afundada, e
querendo levar quem puder junto.

— Isso vale além do gosto musical e para séries? —
perguntou, e me encostei melhor no sofá, ajeitando minhas
pernas. A cada dia, ficavam mais engraçadas as poses estranhas
que eu ficava, mesmo com a barriga ainda não muito grande.
Felizmente, Tadeu não comentava a respeito.

— Eu acho que para tudo. — suspirei fundo. — Sabe, eu já
gostei de um cara... — comecei a falar, e limpei a garganta. — E
mesmo nunca acontecendo nada... — ao menos, não naquela
época. — Me marcou profundamente. Acho que se pensar assim,
para o amor... — olhei-o, e soube que era um erro. Falar
exatamente daquele assunto, com o cara que eu não esqueci e
que agora, gostava tão facilmente por apenas ser ele – era um
erro. Mas não conseguia me controlar. — Nunca mais amei
alguém, então não sei. — admiti, e fugi de sua análise.

Felizmente, a música ainda não tinha terminado, o que
diminuía o peso do silêncio em que caímos. Queria perguntar a
ele, sobre como se sentia a respeito daquilo, mas o medo de
saber que seus sentimentos por Bianca permaneciam, me
assustavam, a ponto que era melhor viver ignorante a respeito.
Ao menos, não sabendo diretamente.

Era o melhor.

Eu tinha que aceitar.

— Acho que pode encontrar isso ainda. — falou, me
fazendo virar para encará-lo. — Como nos seus doramas... —
estendeu-me o celular, e abri um sorriso fraco, tentando disfarçar
a minha confusão. — Depois do que aconteceu com Murilo, eu
acredito em muita coisa.

— A novela perfeita, não é? — indaguei sonhadora. — Só
fico triste pelo fato de ficarem tanto tempo separados, sendo que
se amavam...

Então, seu olhar parou profundamente no meu, e me vi
duvidando até mesmo de tudo o que sabia até ali.

E se...

E se...

Era tudo o que se passava por minha mente.

O barulho da televisão me fez dar um pulo, já que do nada,
começara um outro vídeo na playlist aleatória, e era muito mais
alto. Nunca agradeci tanto aos meus sete coreanos favoritos por
me salvarem dos “e se” em minha mente.

— Por que a gente não come algo?

E aquela foi a pergunta menos perigosa de toda aquela
noite. Ou a minha mente estava se perdendo um pouquinho mais,
a cada dia mais perto dele.

Gravida Do Ceo Que Não Me Ama Where stories live. Discover now