capítulo III

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Tadeu

- Eu devo perguntar sobre sua mini perseguição a Valéria
no almoço? - Verônica perguntou, sua voz baixa e ritmada,
como sempre. Não tinha ninguém por perto e eu sabia que era
por aquilo que estava me indagando. - Algo do passado?

- Eu... - suspirei fundo e neguei com a cabeça. - Ela
era uma amiga

- Tem certeza de que é só isso? - perguntou, mas antes
que pudesse pensar em alguma resposta, ela apenas saiu
andando em direção ao carro.

Sabia que Verônica era de falar pouco, até menos que eu,
quando não era preciso. Ser a mais velha dos Reis, talvez
acarretasse tal coisa. Primeiro vinha ela, nossa irmã e
praticamente mãe e pai de todos. Verônica Reis era a mais
inexpressiva, misteriosa e intocável de nós. Apenas eu e meus
irmãos sabíamos que ela era muito mais do que aquela fachada,
mesmo que ainda soubéssemos muito pouco.

Eu era o de idade mais próxima, apenas seis anos mais
novo do que ela, mas ainda assim, sabia que ela guardava muito
mais do que a maioria poderia suportar. Que ela suportou muito
por cada um de nós. Talvez por aquilo, desde ela, passando por
mim, Murilo, Igor e Carolina, a frieza e falta de tato fora
diminuindo. Talvez porque o peso do nosso sobrenome fora
diminuindo no decorrer dos anos, e graças a ela.

Olhei de relance, e vi Carolina e Igor rindo alto com nossa
sobrinha, enquanto Murilo contava algo sobre estar voltando a
cavalgar. Era engraçada a diferença clara entre cada um de nós.
Desde as cores de cabelos, até os trejeitos.

- Ela já foi pra casa.

Virei-me de relance, e encontrei Elisa, a ex namorada de
Igor, ou talvez não mais ex. Ainda não entendia direito qual era a
relação deles. Mas sabia que era praticamente impossível
estarem longe nos últimos tempos, pela proximidade que os
Torres criaram com os Reis, e Elisa era claramente uma agregada
deles.

Olhei-a, sem entender. Ela apenas revirou os olhos, como


se impaciente.

- Valéria já foi pra casa dela. - pisquei assustado. -


Qual é? Eu vou fingir que não vi você saindo e indo até ela,


prometo.

De repente, eu deveria perguntar: por que está se


intrometendo nisso? Ou como fiquei tão óbvio para as pessoas?

- Apenas vá. - piscou um olho e saiu em direção oposta,


deixando-me sem qualquer entendimento.

Eu deveria? Deveria ir atrás dela? O que Elisa sabia sobre


nós? Na realidade, existia nós? De repente, era como se Valéria


me colocasse em uma espiral. Quando se tratava dela, eu nunca
era a mesma pessoa de sempre. Era como se fosse um


superpoder, que apenas ela conseguia ter sobre mim.

Gravida Do Ceo Que Não Me Ama Where stories live. Discover now