— Você era diferente naquela época. Mais... Vivo, eu acho. — Taehyung continuou, desviando o olhar do amigo e levantando a cabeça, deixando-a pender para trás. — O trabalho era muito mais divertido quando estávamos juntos, brincávamos o tempo inteiro, e também brigávamos muito. — Taehyung não queria lembrar das coisas ruins, mas era quase inevitável. — Mas era bom... Principalmente quando você surtava quando me via fumando maconha no escritório, mas mesmo assim tentava me acobertar com o chefe.

— Você era um filho da puta. Nós dois quase fomos demitidos por causa disso. — Lembrou, recebendo uma risada gostosa de Taehyung.

— Verdade! Mas não fomos, é isso o que importa. — Taehyung, agora, foi quem recebeu um peteleco. — Mas o ponto é que você mudou muito desde então. Você tinha uma energia diferente e se expressava mais.

Park Jimin sabia do que o amigo estava falando, o período de sua vida em que simplesmente saía sem se importar com tanta coisa, a adolescência tardia, os excessos de bebida e sexo. De fato, tinha toda essa disposição por estar conhecendo coisas na época em que havia privado a si próprio na adolescência, estava se descobrindo, experimentando. Era uma criança ingênua aprisionada no corpo de um adulto e que não fazia ideia do que o mundo podia oferecer.

Até que se deparou com as coisas ruins, as relações abusivas dos diferentes ficantes e em como isso havia afetado tão negativamente o seu psicológico. E de repente descobriu que não gostava mais de nada daquilo, mas, pelo menos, era um lugar para onde poderia ir sempre que as responsabilidades do mundo real passavam a pesar demais em seus ombros.

Um lugar para esquecer de tudo.

Os olhos de Taehyung estavam em si, sabia disso mesmo que não estivesse o encarando diretamente. Esperava uma resposta que Park Jimin também procurava.

O que aconteceu?

— Não me leve a mal. Eu só me preocupo com você. — Foi o Kim quem quebrou o silêncio entre os dois, levando uma das mãos aos cabelos do amigo, afagando ali muito suavemente. — Sabe que estou aqui, não é?

Jimin fechou os olhos e balançou a cabeça positivamente. Kim Taehyung não sabia de muita coisa, e também não se importava em saber, desde que Park Jimin ficasse bem.

Este que suspirou pesadamente, sentindo uma fraca onda de determinação depois das palavras do amigo. Levantou e encarou as roupas na cama.

— Tudo bem, vou me trocar. — Decidiu, puxando o outro para que se levantasse e o empurrando para fora do quarto. — Se Jungkook me achar ridículo, eu juro que mato você!

[...]

O médico estava estacionado na frente da portaria do condomínio de Park Jimin, como de costume, trocando mensagens. Fora avisado da presença do amigo, o que para Jungkook não faria tanta diferença, visto que estaria com a razão de seu interesse dos últimos dias ao seu lado.

Havia posto sua playlist para tocar, sendo impactado instantaneamente por Take My Breath Away, de Berlin. Jeon Jungkook simplesmente não conseguia resistir às músicas antigas, até mesmo dançando contido no banco do motorista enquanto esperava, sentindo toda a vibe dos filmes de Top Gun que aquela música trazia.

Enquanto era envolvido pela música, usou o retrovisor para checar a própria aparência. Os cabelos estavam molhados do banho recente e preguiçosamente amassados, o que lhe daria um aspecto ondulado e bagunçado quando estivessem secos, principalmente na franja. Jeon Jungkook parecia um próprio garoto problema dos anos oitenta com os piercings lhe adornando a face e a roupa, como sempre, inteira preta - uma camisa de De Volta Para o Futuro, jaqueta de couro preto, jeans pretos e coturnos -, mas gostava muito daquilo.

Círculo Vicioso {jikook}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora