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⊹ Narração ON

Após o banho, hare escutou seu pai chamando-a no andar de baixo, enquanto descia as escadas, sentia o cheiro de macarrão adentrando suas narinas. Ela adorava quando seu pai fazia. Se sentou à mesa, Mitsuki e Katsuki já estavam sentados também. Observou seu pai pegar a travessa quente e colocar no meio da mesa com cuidado.

Ela gostava desses momentos em família, mas para falar a verdade, às vezes se sentia um pouco deslocada. Mitsuki, sua mãe, tinha uma personalidade muito forte, um temperamento hostil, durante sua adolescência, ela foi muito criticada e de certa forma excluída pela mãe, então às vezes sentia a necessidade de acolhimento.

Hare tinha medo que o mesmo pudesse acontecer com o irmão, e sentia receio do comportamento atual dele ser reflexo das influências da mais velha. Mas não sabia exatamente como conversar com ele sobre isso.

Já sei pai, era seu porto seguro, se pareciam muito, eram calmos, amorosos, simpáticos, a única diferença era que hare é muito extrovertida, já Masaru era introvertido. Por muitas vezes, a garota se perguntava como que seu pai se submetia a sua mãe.

De qualquer jeito, o jantar estava ótimo, a loira se esqueceu de seus pensamentos ruins assim que colocou a primeira garfada na boca.

- Então... Como foi seu dia no trabalho, filha? - Masaru perguntou, Hare levantou os olhos para o pai, e após tomar um gole de água, respondeu:

- Foi bom, poderia ter sido melhor. Mas foi bom.

- Sempre pode ser melhor com você, Hare, nunca está satisfeita. - Mitsuki disse, a garota levantou as sobrancelhas em sinal de confusão.

- Não vamos começar, mãe. As coisas estão calmas.

- Mas é verdade, talvez se você aceitasse sua própria condição e seus próprios limites, não precisaria ter ido para Itália, ou não teria sido desesperada o suficiente para namorar um cara que bem dizer não conhecia. - A loira mais velha disse. Hare assentiu com a cabeça. Mesmo depois de adulta, ainda não sabia reagir a essas coisas.

- Mitsuki... Não diga essas coisas, estamos comendo. - Pai de hare disse.

Katsuki observava tudo, no fundo, estava desesperado, pois sabia como terminaria, sabia que isso era um assunto sensível para a irmã, que mesmo sendo mais velha que ele, ainda sentia necessidade de proteger.

- É verdade, ela foi fraca. Não me diga o que falar e nem a hora em que falar. - Hare se levantou da mesa, pegou seu prato e levou até a pia, lavando-o em seguida.

De longe, podia escutar a briga que se estendeu. Entre agora, seu pai e sua mãe. Katsuki também se levantou da mesa e foi lavar sua louça.

Os dois subiram juntos para seus respectivos quartos, sem dizer nada um para o outro. Mas quando Katsuki fechou a porta de seu quarto, conseguiu ouvir o choro baixinho de sua irmã, o deixando aflito.

⊹ Hare's POV

Eu já ouvi várias coisas relacionadas ao que aconteceu antigamente. Ouvi que era jovem demais para saber amar, ouvi que fui tola por acreditar em alguém de olhos fechados, também ouvi que deveria ter dado um ponto final na vida de kentin quando tive a chance. As três, de minha querida mãe. Ela nunca poupou esforços para deixar bem claro o que pensava sobre meu antigo relacionamento, e eu não a culpava por pensar dessa forma, mas as vezes gostaria de ter recebido um colo materno para chorar.

Em vez disso, literalmente me derramei em lágrimas em cima de Aizawa, o coitado nem sabia o que fazer. Esse tipo de coisa me faz pensar no que a falta de apoio materno me transformou hoje em dia. De qualquer jeito, são coisas que preciso superar.

Ouvi batidas na porta, enxuguei rapidamente as lágrimas e abri. Era Katsuki, que mantinha um olhar de preocupação.

- Não sou bom com as palavras como você é, mas posso oferecer um abraço. - Ele disse para mim, voltei a chorar feito um bebê.

- Obrigada. Apenas obrigada. E me desculpe por te deixar sozinho no meio disso. - o abracei com força.

- Não foi tão ruim assim, eu juro. Não se desculpe.

- Está sendo mais adulto que eu no momento. - Ri e ele me acompanhou, parei de chorar e limpei o rosto com a mão. - Não posso chorar! O dia foi ótimo, preciso me lembrar disso.

- Foi ótimo, é? Não tinha dito que não era um encontro? - Katsuki ergueu apenas uma sobrancelha.

- Olha só garoto... Chega! Não foi só isso que fiz durante o dia! Não vai esquecer que sai com Aizawa nunca?

- Então saiu com ele? - Ele claramente estava tirando uma com a minha cara. - Estou te zoando. Pelo menos parou de chorar.

- Tem táticas duvidáveis. - respondi e ele riu.

- Pode criticar meus métodos, mas nunca meus resultados!

- Filosófico, realmente. - Coloquei a mão em meu peito dramaticamente. - Vai dormir, amanhã levantamos cedo. Obrigada por ter vindo.

- De nada... Estou aqui para isso. - Katsuki saiu e fechou a porta do quarto.

Me preparei para dormir, mas não consegui pregar os olhos. Primeiro, chorei mais um pouco pelo que foi dito no jantar, depois, comecei a pensar no lance da cafeteria. Tinha gostado de passar esse tempo com Aizawa. Ele geralmente não falava muito, mas conversou bem e até deu opiniões. Era bom ver seu lado escondido, quem diria que por trás do saco de dormir amarelo havia um homem que come açúcar quando tem um dia péssimo? Eu particularmente não diria.

Depois de mais algum tempo me revirando na cama, peguei no sono.

。゚

- Eu... eu fui tola, fui estúpida no momento que acreditei em você!

- Eu te amo! Meus sentimentos sempre foram verdadeiros, precisa acreditar em mim! - Kentin dizia em lágrimas, Aizawa tinha prendido ele com suas fitas, e agora eu estava conversando com ele, tentando arrancar pelo menos alguma informação.

Eu precisava manipula-lo, estava usando seu próprio jogo conta ele. E estava dando certo.

- Então por quê? Por que fez tudo isso?! Estávamos felizes, estávamos bem, e você me trocou por isso... - Começei a chorar, infelizmente não eram lágrimas falsas.

- Eu precisava, o All for one promete.... - Ele percebeu que começou a falar demais, eu o encarei e disse:

- Diga... Diga o que esse all for one prometeu a você, que é mais valioso do que eu?!

- Ele me prometeu felicidade verdadeira, um mundo realmente justo! - Ele disse me olhando sério, me encarou nos olhos e disse - Isso você nunca, nem que tentasse a vida toda, conseguiria me dar.

゚。⁠

Acordei ofegante, me debati na cama. Sempre isso... Sempre o mesmo sonho. Quando penso demais no passado, quando relembro aquela noite, as memórias voltam, e eu revivo esse diálogo como se estivesse acontecendo nesse mesmo instante.

"And there's no remedy for memory, your face is like a melody
It won't leave my head"

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Obrigada pela leitura

1151 Palavras

╏⁠ Meu refúgio ↝ Shōta AizawaWhere stories live. Discover now