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𝗛𝗮𝗿𝗲 𝗕𝗮𝗸𝘂𝗴𝗼𝘂
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𝗖𝗵𝗲𝗴𝘂𝗲𝗶 ao aeroporto sentindo o ar entrar em meus pulmões, estava de volta, finalmente... Vivi tantas coisas nos últimos quatro anos que será difícil esquecer tão facilmente, mesmo assim, é reconfortante saber que sempre tive um lugar para voltar, independente dele ser menos conturbado ou não.

Olhei de longe a silhueta de Mitsuki, minha mãe, vindo em minha direção, meu pai ao seu lado, ambos sorrindo.

— Estávamos com saudades. — meu pai me abraçou, retribui rapidamente.

Encarei minha mãe com um sorriso, ela também parecia contente em me ver, me abraçou me agarrando fortemente.

— Estávamos mesmo, não passe mais tanto tempo longe mocinha! — me advertiu, era estranho vê-la realmente dando importância para minha presença, mas saber que fiz pelo menos um pouco de falta já me tranquiliza.

— Katsuki ainda está no teste da UA? — perguntei para meu pai que assentiu.

Katsuki, meu irmão mais novo, finalmente começou a realização de seu sonho, de se tornar um herói e o número um. Estava com tantas saudades que poderia ir até lá agora mesmo só para abraçá-lo e depois deixar com que termine o teste, mas não farei isso, segurarei meus ânimos.

Enquanto estávamos indo para casa, deixei que minha mente divagava enquanto os postes de luz passavam um por vez. Encostei a cabeça na janela e permiti que meus pensamentos me levassem ao meu tempo na UA, e como tantas coisas tinham mudado desde então. Foi uma verdadeira montanha-russa até eu ser quem sou hoje. Tanto o treinamento com Endeavor quanto as assistências a Recovery no tempo de escola me renderam experiências suficientes para ser uma boa heroína em campo e fora dele.

Mas se o diretor Nezu não tivesse feito uma proposta para dar aulas na UA eu não sei se realmente voltaria. Minha vida estava estável, meu trabalho corria bem, tinha amigos e tinha Tommas, um apartamento legal e a certeza de que não teria que estar com a guarda alta o tempo todo, que poderia ser apenas eu, mesmo que as vezes me questionasse quem realmente sou.

Além da proposta de emprego, também tinha Katsuki, eu sabia que seu temperamento tinha piorado e me sentia culpada por tê-lo abandonado quando mais precisou de mim, haviam tantas coisas entaladas sobre isso que começar a pensar me dava dor de cabeça.

— Chegamos. — meu pai anunciou, desligando o carro.

Nem havia percebido, a casa estava da mesma forma que lembrava, me lembrei brevemente que ficaria aqui por um tempo, pelo menos até me organizar com os horários.

— Mãe... Vou ficar em qual quarto? — perguntei, estava com minhas malas em mão.

— Ficará no antigo de Katsuki, ele se mudou para o seu porque era maior... — disse, sem muitos devaneios.

— Claro, vou organizar minhas coisas então.

Subi pelas escadas, passei pela primeira porta, onde era meu quarto antes de viajar, fiquei curiosa para saber dos novos gostos de Katsuki, já que agora era um adolescente e certamente seu lance não era mais Ben-10 e Scooby-Doo, por mais que ambos os desenhos fossem maravilhosos, devo ressaltar.

Da mesma forma que a curiosidade matou o gato eu não deixaria a minha me corromper, teria tempo suficiente para conversar com ele sobre seus gostos e entrar em seu quarto quando ele estiver aqui e consequentemente quando me permitir fazer isso. Respeito ao espaço pessoal, é isso aí.

Entrei no menor quarto, ambos lado a lado, ele tinha uma estante de livros vazia, minha antiga cama de solteiro, um hack, uma escrivaninha e um armário. Era o suficiente para passar um tempo, era mais do que eu precisava no momento.

Já tenho 27 anos então morar com os pais, na minha visão pelo menos, não é algo que eu realmente quero a longo prazo, por mais que queira muito acompanhar Katsuki de perto, posso muito bem alugar um apartamento com dois quartos, sequestra-lo na sexta-feira e devolver apenas no domingo a noite. Eu acho um plano excelente. Depois de organizar minhas roupas e alguns dos livros que tinha trazido comigo, decidi tomar um banho para liberar a tensão do meu corpo. Odeio viajar de avião, seria uma das piores coisas do mundo depois de hospitais e o escritório do meu otorrinolaringologista. Top 3 medos fúteis: Aqui vou eu!

Com a água caindo pelo meu corpo e encharcando meu cabelo, pude ter um pequeno deslumbre de quantas coisas eu posso ter perdido em todo esse tempo, reencontrar Nezu, ele deve estar ciente de tudo, afinal... Todos estão cientes do que aconteceu, nem todos sabem os detalhes completos, mas imagino que o diretor seja alguém que precisasse ficar a par de tudo o que acontecia debaixo do próprio nariz.

Fechei os olhos com força, imaginando que tudo estava no passado, mesmo que as memórias ainda estejam cravadas dentro da minha cabeça como alfinetes em um quadro de pano. Tudo ainda é tão vívido que não consigo passar um dia sem me lembrar de todos os demônios que me cercaram e ainda me cercam. Chega! Falei para mim mesma, hoje deveria ser o dia que voltaria para casa e finalmente reveria meu irmão, que provavelmente está mais alto que eu e com a cabeça igualmente fudida, mas daremos um jeito nisso em breve... De qualquer jeito, dia feliz=pensamentos felizes.

Já estava entardecendo, estava separando alguns itens extras de dentro das malas menores quando minha porta foi gentilmente — leia-se brutalmente — aberta com tudo.

— Você voltou mesmo... — o loiro parecia aéreo.

— Voltei. — fiquei em pé, ele endireitou a postura, então tive que levantar a cabeça para encará-lo. — E você cresceu.

— É o que acontece quando se entra na adolescência, você que parou no tempo. — provocou, eu ri e fui em sua direção, o abraçando em seguida, um abraço forte.

— Senti saudades, muita mesmo. — ele apertou os braços em volta de mim.

— Eu também.

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Obrigada pela leitura

979 Palavras
(corrigido)

╏⁠ Meu refúgio ↝ Shōta AizawaWhere stories live. Discover now