15. Bolinhos da Dayeon

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HWANG YEJI

Você precisa aceitar que errou também, Yeji. Pronto, não tem o que fazer. A não ser que você queira tomar algum partido em relação a isso e se posicionar para Ryujin. —Lia disse se ajeitando ao meu lado no grande gramado verde. —Essa história não tem certo e errado, então... tente corrigir seu erro.

—E como eu faria isso se eu nem sei exatamente como magoei ela? Eu sei que não foi apenas o de ontem à noite. —Murmurei. —Eu me sinto mal.

Era um domingo calmo, o verão realmente parecia estar chegando, mas ainda sentíamos uma brisa agradável e um Sol não tão quente assim.

—Não vou te defender, você deveria ter questionado o por que do atraso. —Bebeu um gole da sua água. —Sabemos que ela é tudo, menos irresponsável.

—Sim, eu sei. Disse aquilo no calor do momento. —Cocei a cabeça. —Eu nem sei por onde começar... Quero me resolver com ela.

—Pelo inicio, Jiji. —Concluiu. —Ryujin está com Karina e Yuna num karaokê aqui perto, acho que só a noite veremos elas.

—Você acha que eu deveria? —Lia sabia exatamente o que eu estava pensando.

—É exatamente o que deve fazer.

—x—

Eu dei um beijo em mamãe e papai, apenas resumi o que havia acontecido e o porque de eu estar ali na vizinhança. Eles assentiram e disseram para eu voltar outro dia com mais calma.

Agora eu andava calmamente até a casa ao lado, a casa dos Shin. Ali seria um dos únicos lugares que Ryujin me encontraria hoje, e eu não esperava demorar muito, também.

Cheirava a infância, a Tia Shin ainda usava o mesmo aromatizador, eu sentia isso em frente a porta de sua casa.

Respirei profundamente umas quatro vezes antes de tocar a campainha, que fazia um barulhinho melódico bem conhecido por mim.

—Boa tard... Yeji! Querida, quanto tempo! —Agora a mulher mais velha estava em minha frente, Ryujin era realmente uma cópia dela.

Ela me arrastou para dentro da enorme casa, eu senti o cheiro de seus bolinhos caseiros e me arrepiei, quando criança comia aquilo igual se bebe água.

—Como você anda, Dayeon? —Questionei soltando um sorriso vendo que ela não tinha mágoas como Ryu.

—Bem melhor que uns tempos atrás, poxa Yeji, suas risadas fazem falta aqui. —Ela se sentou na mesa da cozinha e logo me convidou para fazer o mesmo. —O que veio fazer aqui?

—Precisava conversar com você, preciso de ajuda. —Eu disse.

—Diga-me, o que houve? —Ela parecia atenta.

—A senhora sabe que eu e Ryujin nos afastamos muito durante esses anos, eu só queria saber o que realmente aconteceu com ela... Nesse tempo.

—Eu tenho um carinho enorme por você, Hwangzinha. Sabe disso, mas não nego que minha filha não ficou nos melhores dias naquela época. —Contou com os dedos. —A uns 4 anos atrás.

—Ela chegou a falar sobre mim?

—Ela passou por muitos momentos difíceis... assim como eu. Mas eu consegui enfrentar melhor do que ela. —Foi checar os bolinhos mas não deixou de falar. —Meu marido faleceu, você deve saber disso.

Assenti em silêncio, sabia que agora eu receberia muitas informações.

—Não foi nada fácil, nem para mim, nem para Ryujin, nem para Sohee. Você se lembra da Hee não é? —Sohee era a irmã mais velha de Ryujin, fazia um bom tempo que eu não a via.

—Sim, me lembro. Faz muito tempo que eu não vejo ela por aí.

—Ela se mudou pra França três meses depois do falecimento, queria se superar, ela queria mostrar ao pai dela que tinha conseguido. E ela conseguiu, superou melhor que eu e Ryujin. —Ela pegou a bandeja com os bolinhos e levou até a bancada da cozinha, ali os colocando num pote e levando novamente a mesa. —Você aceita?

—É claro! —Soltei um sorriso. —Comi tantos desse quando criança, sinto falta.

Ela me lançou um sorriso generoso e voltou a se sentar na mesa.

—Bom, voltando. Ryujin se sentiu inferior, por mais que ela negue isso até a morte, ela estava com inveja de Sohee ter seguido em frente tão rápido. Mas eu disse a ela que cada pessoa tem o seu tempo. Ela forçou-se a acreditar que tudo estava bem por muito tempo. —Começou a quebrar um bolinho, colocando pequenos pedaços na boca. —Acho que foi quando você e ela caíram em salas diferentes no ensino médio, ela sentia falta de você ao lado dela. Ela disse que você estava focada demais nos estudos para dar atenção a ela, você conseguiu a bolsa no fim?

—Consegui. —Eu disse baixinho como se fosse uma brecha para que ela continuasse.

—Você nunca notou que ela estava mal? —Me encarou por um instante e eu entrei em estado de choque. —Lembro de dias que ela chegava triste em casa por que tinha te convidado para vir aqui em casa, ela dizia que você poderia estudar aqui em casa também, e você negava, Yeji.

—Ela precisava de apoio... —Murmurei.

—Ela só tinha você e Sohee, quando So foi para Paris... Você se tornou tudo, Yeji. Eu sou a mãe dela, ela sabe que pode confiar em mim para tudo, mas não é a mesma coisa.

—Por que ela nunca me falou nada? Sobre o que estava passando.

—Como eu disse antes, ela fingia que tudo estava bem o tempo todo. E segundo ela: você era ocupada demais com os estudos. —Foi até a geladeira e pegou uma caixa de suco de pêssego. —Ryujin sempre foi muito insegura, ela mudou seu comportamento com o tempo. Queria mostrar para todo mundo que ela estava bem, super bem.

—Acho que a Ryujin daquela época só queria que você notasse que tudo estava errado. Ela não queria ter que te falar, Yeji. Quando ela notou que você apenas falava sobre si mesma e o quanto deveria orgulhar seus pais, ela mudou. —Pegou dois copos no armário e distribuiu igualmente o suco. —Parece loucura da cabeça dela, mas ela não sentia mais que você se preocupava com ela...

—Eu realmente me coloquei dentro de uma bolha por causa dos estudos... e sim, eu me lembro de recusar os convites dela. —Peguei o copo que a Senhora me entregou. —Talvez eu tivesse notado se não estivesse tão focada em mim mesma.

—Isso tudo que eu te disse são coisas que ela conversava comigo na hora das refeições. —Tomou uns quatro goles do suco, voltando a se sentar. —Ela ainda é bem apegada a você, sei disso. Sei que com a ida de Sohee você conquistou um lugar trancado a sete chaves no coração dela.

Fiquei em silêncio por um momento, tentando absorver aquele monte de informação. Muitas coisas haviam acontecido na vida dela, e acredito que em sua cabeça também. Ela não queria demonstrar fraqueza para a mãe enquanto a irmã estava super bem em Paris, queria dar orgulho para ela também. Eu deveria ter notado, seus pedidos para ir ao parque comigo não eram como os "rolês" que eu achava que eram e sim um momento de escape da sua mente.

Tudo o que a garota disse a mim naquele dia no telhado finalmente fez sentido.

Eu nunca realmente havia perguntado a garota se estava tudo bem ou como havia sido o dia dela. Eu passava a maior parte do tempo falando sobre mim mesma.

Ryujin não conseguiu desapegar de mim, mas a forma como ela tinha de conseguir minha atenção era me irritando. Talvez realmente a única forma.

Eu fui uma grande egoísta. Mas estava mais do que disposta a mudar isso.

— x —

Oie!

Espero que as coisas estejam sendo esclarecidas por aqui! Diferente da outra vez que eu escrevi essa fanfic, até agora não veio ninguém apedrejar nenhuma das duas, e isso me deixa feliz! Toda história tem dois lados, se lembrem disso!

Até o próximo <3

daily attention | ryejiWhere stories live. Discover now