❦ 02 | Novos Ares

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Dois dias depois, Park Jimin já tinha se despedido dos seus pais adotivos e pedido demissão de seu emprego.

Foi um evento louvável entregar a bendita carta de demissão ao gerente e sair pela porta da frente de cabeça erguida e novos planos para o seu futuro. E foi muito bom não ter encontrado Hwang em seu caminho.

Mas se despedir dos seus pais foi uma tarefa bem… molhada e barulhenta.

Lee Somi, a mulher que o criou como se fosse seu próprio filho, chorou de orgulho e tristeza pelo seu pequeno. Desde que sua irmã lhe trouxe o garotinho franzino e magricela, seu coração materno o acolheu com todo o seu amor.

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Era uma manhã nublada, os ventos gelados eram impiedosos, os dentes facilmente batiam um no outro, a lareira quase não dava conta de esquentar a sala de estar.

Não parecia ser verão, mas o tempo atipicamente frio, combinava com a situação que acabara de se desenrolar.

Somi ofegou surpresa em ver a sua irmã na frente de sua porta. Visitas de Yubi não eram frequentes, o que era sim, bem surpreendente.

Yubi arrastou a mais velha para a cozinha, onde poderiam conversar sem que o garotinho as ouvisse, mas também poderia manter ele sobre seu olhar.

— Você pode ficar com ele? — fora a primeira coisa que disse Yubi ao fazer o garotinho sentar em uma poltrona, os cumprimentos saudosos foram deixados de lado, como sempre.

Somi não pôde se impedir de analisar o pequeno garotinho. Ele era magrelo. Sua pele, além de ser quase pálida, aparentava ser macia e quentinha, os arranhões em seu rosto, braços e pernas não o deixavam feio. Seus cabelos eram castanhos e havia uma mecha loira próxima a sua orelha, curioso, mas adorável. E estava terrivelmente assustado.

De certo, era angustiante vê-lo encolhido no estofado e analisando todo o lugar, como se procurasse por uma oportunidade para fugir.

Em seus olhos cor de mel, transparecia o medo e exaustão.

Somi se perguntava o quanto o garotinho havia sofrido até estar ali.

— Ficar com ele? — perguntou ela.

Não era novidade para a família Lee que Somi não podia ter filhos. Mas ficar com um garotinho encontrado em condições deploráveis e que certamente deveria ter pai e mãe, não parecia ser nada justo.

Somi não podia ter um bebê, e ela não queria tirar o bebê de outros pais.

— Hawke o encontrou em condições horríveis na floresta — Yubi suspirou, como se falar sobre aquilo lhe tirasse o fôlego. — Aparentemente, ele foi abandonado na floresta para morrer, mas como é uma criança, certamente estava a procura de seus pais. Nós fizemos perguntas ao garotinho mas ele não falou uma palavra desde que o resgatamos, e até mesmo procuramos por quem poderia ser seu pai ou mãe, mas não encontramos nada.

— Mas o que diabos vocês estavam fazendo na floresta? — perguntou Somi.

Yubi suspirou:

— É sério que de tudo que eu disse, você só prestou atenção nisso?

— Vocês estavam mexendo com os lobos, não é? — existia uma espécie de exaustão e decepção em sua pergunta. — Eu já te disse para deixá-los em paz. Esses lobos não vêm até nós, por tanto, não devemos ir até eles. E esse garotinho poderia muito bem ser filho de algum lobo.

Yubi fechou as mãos em punhos, ela estava cansada de todas as repreensões que recebia da mais velha.

— Eu duvido muito que ele seja, pois se fosse, nós veríamos algum tipo de sinal, talvez mudança na cor das íris, rosnados ou até mesmo sua forma animal; mas não vimos nada! Tenho certeza de que ele foi abandonado, e você sabe que o trabalho da nossa família vem desses lobos, recebemos tão bem do governador por capturarmos essas aberrações.

Projeto Syrius | JIKOOK (4169)Where stories live. Discover now