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AS coisas no mundo bruxo estavam complicadas, para dizer menos. Fudge tinha saído do Ministério e agora tínhamos um novo ministro, um tal de Pio Thicknesse. Eu e Remus estávamos ficando na mansão Black, completamente minha agora, com o resto dos Weasley e alguns membros da Ordem. Tínhamos que tomar muito cuidado agora que tinham tantos comensais a solta.

Estou mexendo no baú de pertences do antigo dono do meu quarto, vendo o que tinha lá. Quando Sirius era vivo ele me proibira de abrir esse baú, alegando que era muito perigoso, mas depois que ele morreu Monstro veio até mim e me entregou a chave do baú, falando que eu adoraria saber sobre os antigos pertences de Regulus.
Dentro do baú havia principalmente roupas de alta qualidade, algumas joias com o brasão da família Black e algumas cartas, além de um caderno de couro com capa verde, mais parecido com um diário.
Pego as cartas e dou uma olhada rápida, a maioria delas tinha o remetente de Sirius, decido que as leria depois e abro o diário. Me surpreendo ao ver suas páginas em branco, mas logo penso que era burrice do dono deixá-lo moscando por aí sem um feitiço de proteção.

- Aperto Revelo Quotidianum. - pronuncio.

As palavras começam a surgir no caderno, tudo estava escrito em francês e ver a língua depois de tanto tempo fez minha mão tremer.

" 03 de Agosto, 1976.
Acho que estou ficando maluco de começar a escrever esse diário, mas aqui vai. Não sei se um dia alguém vai ler isso e eu realmente não me importo.
Sirius fugiu de casa na última noite, ele saiu de madrugada e ninguém o viu, a maioria de suas roupas ficaram aqui, ele só levou o essencial. Acho que isso não me incluía.
Mamãe acha que ele vai voltar antes do escurecer, que isso foi só uma cena dramática que ele adorava fazer, e deixou o quarto dele intacto. Papai... Bom, ele nunca está em casa, suponho que ele nem saiba da fuga de seu filho primogênito, ocupado demais na casa de uma de suas amantes fazendo um bastardo.
Eu sei melhor. Assim que acordei vi uma carta em cima da minha mesa e soube que ele não voltaria, mesmo prometendo a mim mesmo que nunca leria mais nenhuma carta dele, e eu cumpriria essa promessa. Eu não entendi muito bem o que aconteceu. Ele e mamãe discutiram ontem a noite, claro, mas isso era normal, nada diferente tinha acontecido.
Rebelde estúpido. Tinha certeza que ele estava na casa de Potter essas horas e que eles estavam se divertindo horrores com o amiguinho lobisomem deles e aquele gordo esquisito, se bem que Sirius e o lobisomem eram mais que amiguinhos, pelo que eu percebera.
Não era como se eu não soubesse que isso eventualmente aconteceria, só achei que seriam sob circunstâncias diferentes, como mamãe forçando ele a se casar com Bella ou a se tornar um comensal. Eu também não esperava que ele me chamasse para ir com ele, Sirius era o corajoso, Sirius era o rebelde, não eu.
Mesmo assim, algo no findo de mim ainda tinha esperança, esperança dele me chamar."

Engulo em seco.
Pego as cartas e as coloco dentro do diário, deixando-o cheio, então fecho tudo junto e desço para a cozinha.

Estava tomando café com os Weasley com Gato, meu furanzão que tinha ganhado de Remus, no meu colo, quando uma coruja passa pela mesa, deixando uma carta no meu colo. Em primeiro momento eu achei que fosse de Harry, mas logo descartei a ideia já que Edwiges era branca como a neve.

"Cara Ella,
Se for conveniente para você, faremos uma visita à rua dos Alfeneiros, número 4, na proxima sexta-feira, à noite, para buscar Harry e acompanhá-lo até o Largo.
Se concordar, eu gostaria também de poder contar com sua ajuda em um assunto que espero tratar a caminho d'O Largo. Explicarei melhor quando nos virmos.
Por favor, mande sua resposta pela mesma coruja. Espero vê-lo na sexta-feira.
Muito atenciosamente,
Albus Dumbledore."

FRIENDS [Harry J. Potter]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora