— Você tá bem? — Ela pergunta encostada na parede me olhando.

— Sim, por quê?

— Você saiu tão rápido de lá, fiquei preocupada.

— Não foi nada, só tava apertada. — Minto na cara dura.

— Não tava não. — Olho para ela sem entender. — Você não deu descarga e eu te conheço para saber que se não fez isso não foi ao banheiro.

— Você é fiscal de xixi agora? — Ela ri.

— Só quero que saiba que eu me preocupo, se quiser conversar pode me procurar.

— Você também. Pode me falar se precisar. — Digo e ficamos em silêncio nos olhando. — Não vai falar nada?

— Não tenho nada o que dizer.

— Não foi isso que fiquei sabendo.

— Stella já foi abrir a boca, né? Sabia que ela não ia aguentar. — Ela desvia o olhar do meu sem conseguir me encarar.

— Por que não me procurou? — Essa é a parte que não consigo entender. Se ela tivesse vindo falar comigo, com certeza teríamos voltado.

— Não queria que ficasse comigo por pena.

— Você é maluca? — Ela me olha confusa. — Eu te amo. Te amo desde que a gente se viu pela primeira vez. Acho que isso nunca vai passar e por mais que tenhamos... — Sinto minhas palavras se perderem assim que ela encosta nossas bocas. É um beijo calmo, que representa saudade. Nossa, como senti falta disso.

— Desculpa, não ter te procurado. Eu fui a errada, eu tinha que ter ido atrás de você. — Ela diz assim que nos separamos, mas continua bem perto de mim.

— Não importa. Na verdade importa muito, mas só de você saber que errou já me dá um alívio. — Ela ri e fica me olhando.

— Você sempre gostou de estar certa.

— Quem não gosta né?

— Sempre que penso nisso lembro daquela frase que amar é melhor do que ter razão.

— Eu sei. É uma boa frase. — Ficamos em silêncio e depois de um tempo me olhando ela sorri. — O que foi?

— Senti falta de te olhar. Você é muito linda. — Sorrio e é minha vez de beijá-la.

Nos beijamos por um tempo até que escuto a porta abrir. Olhamos rapidamente em direção a ela e vejo que é a Bia.

— Meu Deus! Me desculpa. — Ela parece tão envergonhada e sai tão rápido quanto entrou, nem consigo dizer nada.

— Acho melhor irmos. — Ayla diz.

— Sério? — Digo em um tom irônico e ela me beija novamente antes de sairmos. Vejo Bia encostada na parede do corredor e decido falar com ela. — Vai indo que eu já vou. — Ayla concorda e segue. — Oi. — Digo me aproximando devagar e ela me olha tímida.

— Foi mal, não sabia que vocês tavam lá.

— Não tem problema. Você nem tinha como saber. — Ela assente e o silêncio permanece. — Vim conversar pra saber se não ia ficar um clima estranho entre a gente, mas pelo visto já tá. — Ela ri.

— Não queria que ficasse estranho também, só que eu já tava tendo um dia ruim, fui para o banheiro tentar respirar e vejo vocês se pegando.

— Você quer conversar sobre seu dia ruim? — Pergunto pois não custa nada tentar ajudá-la.

— Sem ofensas, mas você seria uma das últimas pessoas que eu poderia falar. Você é legal e tal, mas é muito próxima do meu problema. — Penso um pouco e me toco que o problema talvez seja Sofia.

— Se for sobre Sofia, não ligo. Minha vó que é puxa saco dela. — Ela ri.

— Ela não gosta de mim. — Ela diz mas parece não se importar muito. — Geralmente quem gosta da Sofia, não gosta de mim. Não sei o que ela diz para as pessoas.

— Para mim ela nunca disse nada. — Ela disse poucas coisas sobre seu relacionamento com Bia.

— Talvez isso seja coisa da minha cabeça só, e as pessoas realmente não gostem de mim sem influência dela.

— Não fala isso. Vai ver você é muito pra essa cidade, muito pra essas pessoas, grande demais para tudo isso. — Não sei da onde isso surgiu, mas acho que foi a coisa certa a se dizer pois ela me abraça e parece emocionada.

— Obrigada Yas. Eu tenho que ir agora. Muito obrigada. — Ela grita já saindo do lugar e me deixando sem entender nada. Mas ela parece feliz, acho que é isso que importa. 

 Voltei para o lado de fora e ficamos conversando até tarde, quando decidimos ir para casa. 

Longe da cidadeWhere stories live. Discover now