XXVI

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Boston, Massachusetts
















Effie Petit
    25|05









Capítulo XXVI= Luz No Fim Do Túnel







Encaro o prato de sopa quente– agora fria–, de tomate, sem reação; não conseguindo ter vontade de comer nada, apenas com uma necessidade enorme de me deitar, e nunca mais acordar, mexendo com uma colher a refeição que me causa náuseas..

Não tenho mais vontade de comer a um tempo... nem fazer nada.. . Sinto um desconforto descomunal em todo o meu ser.. . Essa sensação horrível e angustiante está enraizada em minha pele.. em meu coração, mente e todos os tecidos que constituem meus órgãos!! Não estou mais aguentando.. sinto vontade de gritar, correr.. mas ao mesmo tempo, estou com vontade de ficar parada contra uma parede, ou dormir.. Mesmo não conseguindo mais.. . Parece que em algum momento em minha vida nesse curto tempo do mês, desenvolvi uma insônia brava e cruel. Os meus fantasmas, no caso, pesadelos, me assombram terrivelmente toda vez que mergulho minha cabeça num travesseiro por curtos segundos..

Não sei como me sentir, ou como deveria me sentir.. Afinal, o que sentir? É.. é tudo tão difícil... por que minha vida tem que ser tão difícil? Por que não podia simplesmente viver uma vida feliz, com mamãe em nosso apartamento, cuidando de mim, e ainda na aula de esgrima? Estou cansada.. Realmente cansada. Queria tanto ser feliz. Querer isso é tão difícil? É pedir de mais?

O que fiz para merecer Eliott em minha vida? Por que ele gosta de me fazer, me sentir desconfortável?

Por que não consigo mais me sentir desconfortável com seu toque?

Effei, você é uma idiota, uma verdadeira doente mental.

— Effie?

    Pulei no lugar derramando a sopa de tomates em minha roupa, pelo toque e voz mais do que familiar no pé de meu ouvido, me arrepiando por completo sem querer, não querendo me mexendo no lugar mesmo com minhas roupas completamente estragadas por sopa.
— Como você é desastrada...

Pulo no lugar, com meu coração lento batendo fortemente em meu peito, assim que pega um lenço, e por de baixo da toalha de mesa, começa a passar o tecido em minha saia, lentamente; descendo suas mãos pelas minhas coxas, enfiando a mao no meio delas, antes que eu perceba e fecha minhas pernas já bambas...

— E-Eliott...

    Trinco meu maxilar, sentindo um verdadeiro misto de sentimentos tanto ruins, como bons. Mesmo que não sejam do meu gosto, ao sentir seus dedos massagearem ali... . Desvio meu olhar para o mesmo que parece se divertir com minha reação, me sentindo cada vez mais nervosa pela situação constrangedora, e por ela estar acontecendo em frente a papai e Heloise...

— Você está bem, Effie? Deveria trocar de roupa..

    Heloise fala com um semblante calmo, sorrindo de leve para mim. Abro um sorriso forçado, com a maior força de vontade que tenho, afastando a cadeira e me levantando rapidamente, para sem rodeios, sair correndo em direção as escadas... .

    O que diabos eu faço para sair dessa situação... Eu não posso continuar a viver assim... Eu prefiro morrer... É frustrante! Essa culpa está corroendo minha alma!! Eu não acho correto gostar dos toques de Eliott, bem quando as mesmas mãos que me tocam, já foram usadas para me bater e abusar de mim! Então, qual a porra do meu problema? O que eu tenho de errado? Por que eu tenho que ser tão doente mental, por sentir necessidade e não conseguir odia-lo, mesmo depois de tudo o que ele fez pra mim?

    Soluço, reprimindo meu choro alto e lágrimas que já deixam meu nariz entupido e olhos inchados; adentrando em meu quarto que não é meu quarto, pois além de literalmente não ser meu, não me faz me sentir como se fosse meu quarto, para tirar minha saia manchada de sopa de tomates e a jogar com força no canto do quarto...

Caminho até o banheiro do quarto, abrindo o armário de baixo para vasculhar os frascos de remédios... . Pego um em mãos e o observo sem reação...

Isso... Isso resolveria meus problemas.. Certo? Se eu os tomasse, nunca mais precisaria me preocupar com Eliott, nem mamãe e ninguém.. É claro, eu estaria morta. Pensando por um lado... Fico extremamente triste por pensar que tudo isso teria de terminar assim... Mas... Uma grande parte de mim almeja isso.. Eu.. Não sei se quero continuar minha vida inteira, me culpando por coisas e ações terríveis de Eliott, que me fizeram o que eu sou hoje.. Um reflexo do passado tão presente. Tantas coisas acontecerem em minha vida sem eu ao menos pedir ou sequer pensar;

Uou! Eu vou passar por isso tudo?

Sei que as coisas da vida não pedem licença ou sequer são explicadas ou fazem sentido, mas nem por isso deve ser uma coisa aceitável mesmo que seja "inevitável". Eliott não é obrigado a me fazer passar por situações tão cruéis e mudar minha vida por total por nada, pelo destino!! É claro que não, aquele filho da puta fez tudo isso por que tem uma espécie de fixação em mim! Poxa.. Ele acabou com minha vida...

De algum jeito, se tudo isso acabasse... Tudo isso afetaria Eliott... Não é? Sei que de alguma forma, ele gosta de mim, ou pelo menos gosta de abusar de mim. De me fazer sofrer. Mas ainda sim, gosta, então, caso acontecesse algo comigo, ele ficaria talvez desolado por algumas semanas? Meses? Talvez até um ano..? Nunca saberia, afinal...

Sorriu angustiada, abrindo a pequena embalagem, colocando o máximo de comprimidos arredondados brancos que posso na palma de minha mão, para os jogar em minha boca e inclinar minha cabeça em direção a pia de torneira aberta; bebendo água para que tudo isso pelo menos consiga descer.

Caminho lentamente ate o quarto, suspirando suavemente enquanto posso; sentindo lágrimas grossas e quentes descerem por minhas bochechas como se não fossem nada.. . Eu queria ver mamãe.. Eu quero minha mãe.. . Eu queria sentir seu abraço antes de morrer... Mesmo ela sendo uma péssima mãe, nunca vou esquecer de seus abraços calorosos e gentis, que me minavam quando não conseguia dormir por ter pesadelos...

Suor frio se mistura com minhas lágrimas, a medida que sinto minhas pernas fraquejarem e caia direto na cama; de braços abertos e olhos entreabertos, ouço a porta sendo aberta bruscamente por alguém, que para de andar e por breve momento, recita meu nome carinhosamente como uma melodia, que logo se quebra e vira um grito rasgante de dor... Sendo sacudida e tendo o nome chamado diversas vezes...

Effie

Effie

EFFIE

Sorriu, deixando que a escuridão e tranquilidade me embalem como um verdadeiro bebê que nunca recebeu amor... Sentindo paz e plenitude mesmo ainda estando parcialmente acordada... Nunca me senti tão... Bem...

Se eu pudesse voltar no tempo, com certeza escolheria voltar para os braços de mamãe, e implorar para a mesma que nunca me abandone novamente...



















Autora:
... Não tenho nem o que dizer...
Me desculpem. Por favor, me desculpem!
Demorei tempo de mais, não é? Com certeza posso deixar que vocês fiquem com raiva, e com razão!!
  Não vou mentir, nunca pensei num final para essa história, por isso, vou agilizar as coisas agora, para que tudo termine como o início.

E não, não acabou ainda.

Capítulo pequeno, 1205 palavras!!

Bye!!!!

Stalker à Solta Where stories live. Discover now