XVIII

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                        Boston, Massachusetts
















Effie Petit
      04|05  










Capítulo XVIII= Entre Sussurros e Socorros








Alguém me acuda!

    Desde uns dias para cá, a convivência com Eliott tem sido mais do que insuportável. Ele simplesmente não me deixa mais em paz, sempre no meu pé, me seguindo pela casa. O pior de tudo, é que a cada encontro, é um abraço ou toque diferente, mas sempre mantendo esse contato físico mais do que íntimo...

    Isso tudo está me incomodando de mais, pois além do fato de que ele literalmente está me assediando, me tocando mais do que deveria, ele é meu irmão... tipo, sangue do meu sangue... como irmãos podem fazer isso? Como em sã consciência que ele pode saber desse fato, e continuar com tudo isso? Continuar a me tocar e dizer aqueles tipos de coisa, dizendo "maninha", como se tudo isso fosse uma grande brincadeira, um deboche? ... como pude gostar dele quando era mais nova? Quando ele se tornou essa pessoa tão... tão... podre. Eu lembro de momentos parecidos com esse quando éramos crianças, mas... eu não entendia.. não gostava, porém não sabia o que estava fazendo... pelo fato de eu gostar dele, me sentir protegida com o mesmo, eu não conseguia o negar ou o afastar...

    Lembro de sentir uma sensação tão ruim a cada vez que ele me tocava... era como se no fundo eu soubesse que existia algo de errado.. algo de muito errado. Além de não poder reagir a tudo isso, pois se eu o fizesse, com certeza não estaria aqui para contar história. Ele é extremamente bipolar, num nível extremo! De uma hora para a outra, ele passa de um completo ""irmão amoroso"", para um cara totalmente louco e agressivo! Isso tudo sem motivo algum! As vezes eu simplesmente como qualquer jovem normal, quero ficar sozinha em "meu" quarto, que agora tenho a "felicidade" de dividir com ele, mas, o mesmo não parece entender, sempre dando um jeito de invadir meu espaço, e quando fico brava por isso, ele tem a audácia de ficar bravo e descontar em adivinha quem? Na trouxe aqui.

    Ligo o chuveiro na água morna e observo o céu noturno pelo vidro da pequena janela do banheiro, suspirando em alívio por mais um dia ter sobrevivido sem endoidar nessa casa vazia. "Nossa, como essa casa pode ser vazia?!" Vazia eu digo no sentido de que não importa o quanto essa gente tenha de riquezas ou bens materiais, elas não me proporcionam um "preenchimento do vazio". Com palavras mais simples, eu penso que não importa o quanto papai ou Heloise tentem me encaixar em seus padrões ou tentarem se enturmarem comigo, tudo ainda continua silencioso e vazio dentro de mim, pois eles não parecem gostar de mim... não sei.. pode ser paranoia minha, porém, não sinto que eles realmente tentem se enturmar comigo por que se importam e querem realmente criar laços comigo, mas sim por obrigação. Por que tem pena de mim.

    Me ensaboou toda com meu sabonete líquido e os pingos de água que caem sobre meu corpo limpam os resíduos, suspirando em alívio após terminar o banho. Estou cansada. Como não tenho nada para fazer nessa casa, gosto de organizar o quarto em que estou sendo obrigada a viver agora, no caso, o de Eliott, que por observação, é muito desorganizado. Simplesmente encontrei meias desse garoto até na varanda! Tipo, como ela chegou até ali? Sozinha que não foi! Pelo menos para que a convivência entre eu e Eliott ao menos exista, tenho que me sacrificar e manter essa quarto "limpo". Tive que organizar várias coisas hoje, por isso estou me sentindo tão cansada ao ponto de que se eu ao menos ver uma cama, eu já tô fechando os olhos para dormir.

    No banheiro mesmo, me seco com meu roupão e pego meu pijama no cabide, vestindo minha calça comprida fofa com facilidade. Termino de vestir minha blusa de mangas compridas e penteio meu cabelo, abrindo a porta do banheiro, desligando a luz.

Stalker à Solta Where stories live. Discover now