Forty-three

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No primeiro instante, tudo parece muito confuso

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No primeiro instante, tudo parece muito confuso. Não sei onde estou, nem quem eu sou, mas estou ciente da dor. Ela está espalhada por todo o meu corpo como se algo pesado tivesse caído sobre mim, me impedindo de escapar, e essa sensação de desconforto é presente internamente também. É difícil respirar. Sinto uma dor ainda mais aguda quando tento. Minha mente é um vazio profundo, como se uma névoa de fumaça tivesse pairado sobre o meu cérebro. 

— Travis? 

Pisco diante de uma luz ofuscante. Um rosto surge no meu campo de visão, tampando a claridade, mas não consigo distinguir nem reconhecer aquelas feições. Está tudo muito confuso, distorcido, e sinto como se não tivesse controle dos meus próprios atos. 

— Travis? — a voz repete. Parece familiar, mas não consigo lembrar de onde a conheço. — Consegue me ouvir? 

Sim, estou ouvindo… mas não consigo dizer. Sinto como se algo estivesse tapando o meu rosto, ou metade dele. 

— Não. Não faça isso. Não ainda. 

Só então, depois de alguém segurar o meu pulso, eu percebo que tinha levado a mão ao rosto, tentando arrancar alguma coisa. Uma máscara, pelo que parece. Uma máscara de oxigênio. 

Ouço uma movimentação estranha ao meu redor, vozes desconhecidas, mãos me tocando… então fecho os olhos com força, quando alguém aponta uma lanterna para minhas pupilas, e viro o rosto na tentativa de escapar daquela avaliação meticulosa. 

— Ele parece consciente — diz uma voz grave, mas convicta. — Os sinais vitais estão bons. Dê um tempo para ele despertar completamente. 

Sinais vitais? 

Ah, sim… eu devo estar em um hospital. Mas por quê? Tento forçar a minha mente a se lembrar de alguma coisa, a me dar algum motivo, mas tudo ainda é vazio e desconhecido como um breu. 

Eu vou me acalmando aos poucos. Dou tempo para o meu corpo se recuperar da exaustão, para se acostumar com a dor, e finalmente a minha visão começa a entrar em foco. O rosto para o qual estou olhando se torna nítido, e percebo que Joe está aqui, com uma expressão dividida entre alívio e preocupação. Também reconheço outros pontos ao meu redor: as paredes muito brancas de um quarto de hospital, a cama na qual estou deitada, os aparelhos médicos, o uniforme de uma enfermeira, o jaleco de um médico… 

Sim, definitivamente estou em um hospital. 

Tento chamar por Joe, mas a máscara impede qualquer som de sair. Levo a mão ao rosto, e dessa vez ninguém me impede — o cara de jaleco me ajuda a afastar a máscara da boca, apesar da mesma permanecer presa por uma espécie de elástico ao redor do meu pescoço. 

— Travis? — o médico chama, com um olhar avaliativo. — Consegue me escutar? Consegue entender o que eu digo com clareza? 

Balanço a cabeça sutilmente, e espero que ele tenha entendido a minha confirmação. Sinto como se eu tivesse corrido uma maratona; estou exausto, até mesmo para os gestos mais insignificantes. 

Doce Redenção Where stories live. Discover now