ten

2.8K 334 38
                                    

Encaro o meu reflexo no espelho depois de fechar a porta

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Encaro o meu reflexo no espelho depois de fechar a porta. Faço uma careta ao tentar examinar os hematomas espalhados pelo abdômen — estou todo quebrado. A luta de ontem foi… intensa. Não tem graça ganhar de primeira, mas também não gosto de apanhar tanto. O meu adversário foi um grandalhão que não curtia qualquer tipo de provocação, e se eu não tivesse conhecimento de táticas de lutas diferentes, tenho certeza que ele teria me mandado para o hospital. 

Engulo dois analgésicos. Trabalhar hoje, cheio de dores, foi difícil. Quase cedi à vontade de ficar na cama, mas eu não teria uma desculpa plausível para dar a Joe, e tudo o que menos quero é tê-lo pegando no meu pé — ainda mais. 

A boa notícia é que o corte que adquiri há algumas semanas, o mesmo responsável por ter me feito ir parar na porta de Max, completamente desnorteado e ensanguentado, está cicatrizando. Isso, claro, graças aos cuidados de Eva — enfermeira do Clube de Esportes Sterling — que, mesmo insistindo que não vai me ajudar, nunca me deixa na mão. Amo aquela mulher. 

Estou prestes a tirar a calça quando percebo que não peguei uma toalha e roupas limpas. Eu poderia sair pelado apenas para provocar a Wheeler, mas hoje não estou afim de ser mau com ela — ainda mais do que já fui. Ainda consigo lembrar claramente do jeito como a minha proximidade a deixou sem palavras, e a forma como a pele do seu pescoço se tingiu de um vermelho preocupante. Aliás, ela tem um belo pescoço. Daqueles que imploram para serem beijados e mordiscados. 

Pare de ser tão canalha, O'Brien. Você prometeu a si mesmo que deixaria Maxine fora do seu radar, e você é um homem de palavra. 

Balanço a cabeça para afastar esses pensamentos e volto para o quarto. Max, que ainda está próxima da minha estante de livros, toma um susto com minha aparição surpresa, o rosto tingindo-se de vermelho. Estou prestes a fazer uma piadinha quando vejo o que ela tem em mãos, e a expressão do meu rosto despenca. 

— O que está fazendo? — pergunto com rispidez. 

Ela lança um olhar nervoso para a foto polaroid e depois volta a olhar para mim. 

— Eu só… eu… estava folheando um dos livros e isso caiu. Eu… — ela não tem tempo de concluir qualquer que seja a sua desculpa, pois eu me aproximo em passos largos e tiro a foto da sua mão, com a raiva borbulhando nas veias. 

— Por que está mexendo nas minhas coisas? — vocifero. 

Ela abre a boca, e fecha logo em seguida. Parece completamente estupefata pela minha reação. 

— Desculpe, eu não queria… 

— Não quero que você mexa nas minhas coisas — digo, cheio de raiva. 

Max se encolhe. Estou cego pelo sentimento de amargura, e só me dou conta de que estou sendo duro demais quando vejo a expressão magoada em seu rosto. 

Solto um suspiro. 

Coloco a foto entre as folhas de um livro aberto, fechando-o com mais força do que é necessário, e o encaixo no meio de uma fileira de livros na estante. 

Doce Redenção Onde as histórias ganham vida. Descobre agora