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— Se me lembro bem, eu disse que não voltaria a te ajudar — relembra Eva, com o tom de voz ríspido

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— Se me lembro bem, eu disse que não voltaria a te ajudar — relembra Eva, com o tom de voz ríspido. 

Não me deixo abalar pela repreensão. Apesar de sempre bater na mesma tecla, tenho certeza que Eva nunca me deixaria na mão, por isso ela é a única pessoa em quem eu confio para fazer o serviço sujo. 

— Se me lembro bem, você disse isso todas as outras vezes — retruco, usando meu tom mais inocente. 

Ela me fuzila com o olhar. 

— Eu odeio esse seu sarcasmo, sabia? — E para me castigar, ela enfia a agulha entre a minha carne com mais força do que o necessário. 

— Ai! — protesto. 

— É bom mesmo que esteja doendo — diz ela. — Talvez assim você pare de ser irresponsável e me poupe de todo esse trabalho. 

Reviro os olhos, mas não discuto com ela, porque sei que sou o errado aqui. Eva já tinha dado um jeito no corte em minha testa, mas com a luta de ontem à noite, eu acabei arrebentando alguns pontos e cá estou eu para ela me remendar mais uma vez. 

— Joe está me rondando, sabia disso? — Ela suspira. — Ele desconfia que eu sei o que você está aprontando, e fica tentando arrancar algumas informações sutilmente. Não posso continuar mentindo pra ele, Travis. 

Uma onda de irritação me atinge. 

— Joe não é o meu pai, então não precisa agir como se fosse. 

Eva me lança um olhar duro. 

— Não, ele não é, mas se me lembro bem, ele foi a única pessoa a lhe estender a mão quando o mundo virou as costas para você. O mínimo que você pode fazer é mostrar um pouco de consideração. 

Eu me encolho com o arrependimento. 

— Eu sou grato por tudo o que ele fez por mim — murmuro. — Não sou mais aquele moleque que chegou aqui. 

— Não é — ela concorda. — Mas sempre dá pra ser melhor. 

— Não sou perfeito, Eva. 

— E ninguém espera que você seja — assegura ela. — Só… não magoe o Joe. Ele te deu uma segunda chance, e sinto como se você estivesse jogando essa oportunidade no lixo. Você lutou tanto para se tornar uma pessoa melhor, mas os demônios do seu passado ainda te consomem — ela recua apenas para olhar dentro dos meus olhos. — Não permita que eles puxem-no novamente para a escuridão. 

Odeio como ela sabe exatamente como tocar na minha ferida e faz isso sem nenhuma cerimônia. Desvio o olhar porque não quero que ela veja a vulnerabilidade neles, mas não posso esconder a verdade de mim mesmo: sou um fodido de merda, e estou constantemente magoando as pessoas que eu amo. É um ciclo vicioso e sem fim, e não faço a mínima ideia de como reverter isso. 

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