13. A Escolha Certa

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Com as mãos feridas e doloridas pelo o que fiz, continuei para o fim daquele túnel, ele era tomado por uma notável iluminação. E naquele mesmo percurso, solitário, refletia sobre o que havia acontecido. Como alguém faria algo tão idiota como ele fez? Uma dúvida um tanto quanto improvável de responder, pois mal o conhecia. Mesmo assim, aquilo não me deixava em paz, minha cabeça doía só em relembrar.

Finalmente, após cruzar um rochedo enorme repleto dos mesmos cristais presentes por toda a parede do túnel que acabara de sair, avistei um espaço amplo e muito inacreditável, pois aquilo não era só um grande refúgio subterrâneo, como ele havia me dito, mas um lugar completamente novo e cheio de vida bem debaixo da terra. Havia grama, flores, o brilho dos vagalumes contrastando com a escuridão do ambiente... Não pude resistir, acelerei meus passos afim de encontrar com o delicioso odor da vegetação. O resultado foi como esperado. É fascinante e ilógico como esse lugar consegue reproduzir até o mais peculiar dos detalhes do mundo real.

Deitado com o olhar fixo ao teto, fui aos poucos me aconchegando, queria sentir a tranquilidade dali, nem que fosse por alguns instantes. Mas, como se já fosse comum, algo me fez interromper aquele momento calmo, onde temia ser o único visando os últimos acontecimentos... Luzes estavam sendo acesas por todo o teto, eram como faróis intensos, onde quase se assemelhavam ao brilho natural da luz do Sol. Seriam vagalumes? Outras criaturas que não existiam na vida real? Ou talvez poderiam ser um aglomerado de pequenos sóis coletados pela resistência para imitar uma fonte de calor, já que eram obrigados a viverem por muito tempo debaixo da terra? Não dava pra saber.

Tudo já estava claro. Podia enxergar algumas partes em volta que antes não conseguia. Entre essas, notei uma área em frente a grama alta, ao longe dava pra identificar uma árvore verde solitária, repleta de frutas cor-de-rosa. Não contive meu estômago, ele roncou no mesmo instante. Depois que quase caí diversas vezes pelas vinhas, estava me aproximando do local onde estava a árvore. E durante aqueles mesmos passos tortos, ouvia um som de água corrente cada vez que me aproximava do meu destino. No ponto final, onde terminava aquele matagal irritante, finalmente me deparei com uma visão mais sólida do meu alvo, e não só ela, mas de um grande rio cristalino - o mesmo responsável por aquele som inconfundível que preenchia o ambiente. O rio era o único obstáculo que me impedia de alcançar a árvore.

Fiquei próximo a beira do rio, uma área raza que era cheia de elevações e pedras escuras de diversos tamanhos que me faziam deslizar. Alí, logo mais adiante, tinha um caminho feito daquelas mesmas pedras - em todo o rio, ele era o único que o atravessava e, talvez, o mais fácil que encontrei para cruzar para o outro lado. O único problema era o tamanho das pedras. Estava receoso de o utilizar e acabar rachando a cabeça no processo, e o pior, por uma simples vontade repentina de comer uma fruta daquela árvore tão cobiçada.

Meu dilema de ir ou não foi rapidamente interrompido depois que ouvi um barulho estranho, que na verdade não era tão estranho assim. Era lindo. Tratava-se de um canto, um canto que parecia uma bela sinfonia feita por anjos. Atordoado pelo som, fui levado rio abaixo. Meu caminho foi bruscamente interceptado por um amontoado de pedregulhos, o que não me impedia de esgueirar em suas pequenas brechas, e seguir adiante com aquela busca. Quando consegui sair daquele bloqueio, e finalmente encontrar a fonte responsável por aquela linda melodia, tive uma surpresa ainda maior.

O lugar em questão era uma espécie de gruta isolada, levemente iluminada por musgos fluorescentes. Mais a frente, a entrada de uma pequena caverna - ela era escura, quase não dava pra ver o que possuía no seu interior, no entanto, se eu forçasse mais a visão, dava pra perceber uma minúscula luz dourada - o único detalhe que me fez ficar curioso e extremamente atraído para desvendá-la.

Eu estava em uma distância considerável da caverna, mesmo estando praticamente no centro da gruta. O cheiro da água era o mesmo que me lembrava, mas com um certo aroma doce que me fazia recordar do perfume da minha mãe. Sentir aquilo em torno de mim era revigorante, e, de certa forma, me fazia ter a sensação de estar em casa, num domingo qualquer. Quando notei uma garota aparecer de repente na entrada da caverna, por instinto, mergulhei depressa para o fundo da água.

SPAM-FANTASY - Livro I (Capítulos Finais)Where stories live. Discover now