Eu fui até uma praça que tinha um pequeno chafariz e me sentei em um banco verde que havia ali. Alguns minutos depois, percebi que alguém havia se sentado ao meu lado. Eu olhei para o lado e vi uma garota, ruiva com os fios finos e lisos, os olhos azuis bem claros e a pele branca, aparentava ter uns 10 anos.

-Oi, eu sou a Dalila, e você como se chama? -ela disse olhando para mim.

-Meu nome é Lucas. Então, o que está fazendo aqui sozinha Dalila? -eu perguntei e ela olhou para o chafariz.

-Gosto de vir aqui ver o chafariz. -ela disse, enquanto admirava o mesmo.- Quantos anos você tem Lucas?

-Tenho 18 anos, e você? -eu perguntei sorrindo.

-Tenho 09, mas vou fazer 10 em setembro. -ela disse e seus olhos brilhavam.

-Você mora aqui? -eu perguntei.

-Moro, mas meu pai voltou para a Alemanha. A gente morava lá, mas viemos para cá, porque a familia da minha mãe mora aqui. -ela disse.

-E sua mãe, onde está? -eu perguntei.

-Está na minha casa, fazendo o almoço. -ela disse. -Me ajuda a fazer bolhinhas de sabão?

-Claro. -eu disse e ela me deu um dos potinhos de bolinha de sabão.

Ela saiu correndo em volta do chafariz soprando o molde para que as bolinhas saíssem e ás vezes ela fazia bolinhas na minha direção, e eu desviava delas e soprava o meu molde, fazendo cada vez mais bolinhas se formarem. Ela era uma criança tão feliz e contente, e estar com ela me fez muito bem.

-Acho melhor você voltar para a sua casa. -eu disse e ela fez uma carinha triste.

-Vamos comigo? -ela perguntou. -Você pode almoçar com a gente! -ela ficou tão animada, que eu não pude resistir.

-Tudo bem, eu vou. -eu disse e ela me abraçou.

Nós seguimos o caminho até a casa dela, e fomos conversando sobre várias coisas, até que chegamos.

-Mamãe, vem conhecer meu amigo! -ela gritou animada e a mãe dela foi até a sala, e lhe deu um abraço.

-Oi filha! Esse é seu amigo? -ela perguntou e Dalila assentiu com a cabeça.

-Olá, eu sou o Lucas. -eu disse.

-Oi, venha, o almoço já está pronto! -ela disse sorrindo.

-Obrigado. -eu agradeço e a segui até a mesa.

-Filha, vai lá trocar essa roupa. -ela disse e Dalila foi até o quarto. -Fico feliz que ela tenha um amigo, não tem facilidade em se socializar com as outras crianças.

-Ela me contou que já morou na Alemanha, talvez esse seja o motivo. -eu disse e a mãe dela me olhou com os olhos cheios de água.

-Ela não te contou? -ela perguntou e eu neguei com a cabeça. -A Dalila tem Leucemia, e está em um estágio muito avançado, o pai dela teve que voltar para a Alemanha, pois não encontrou nenhum emprego bom por aqui, arrumou um emprego por lá e todo mês manda uma quantia em dinheiro para ajudar no tratamento.

-Ela parece tão feliz e saudável, isso é impossível. -eu disse e senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Eu conhecia a Dalila em apenas algumas horas, mas ela tinha me encantado, pois era uma menina tão alegre e otimista. Era impossível não se encantar por uma criança como ela.

-Tenho certeza que ela ficará bem. -eu disse, tentando esconder a tristeza.

-É o que todos esperamos. -ela disse. -Vamos nos servir então.

A mãe da Dalila me serviu, e todos nós conversamos muito durante a refeição. Já eram 13:40 e eu decidi ir embora.

-Muito obrigado, mas eu tenho que ir. -eu disse e a Dalila fez uma cara triste.

A Dalila me estendeu um pingente dourado, em formato de coração, que acabara de tirar do pescoço. Os olhos da mãe se encheram de lágrimas e eu o abri. Ali dentro, havia uma foto dela e um espaço vazio, para outra foto. Eu fiz um sinal negativo com a cabeça, mas ela ignorou minha ação.

-Promete que você volta? -ela perguntou.

-Eu vou viajar amanhã princesa, mas prometo que vou te mandar cartinhas e fotos, tá bom? -eu perguntei.

-Não é a mesma coisa... Mas tudo bem, promete mesmo? -ela disse e levantou o dedo menor na minha direção.

-Eu prometo. -eu disse e levantei o meu dedo menor na direção do dela, e os dedos se cruzaram, fazendo sinal de promessa.

-Obrigada Lucas, pode vir sempre que quiser. -a mãe dela disse e eu assenti.

Eu saí pela porta e fui me afastando da casa verde, onde na varanda, a Dalila balançava a mão, em sinal de "tchau". Eu balancei a minha mão no mesmo sentido e cruzei a esquina. Eu cheguei em casa, e coloquei o pingente dourado no pescoço, mas antes, preenchi o espaço vazio com uma foto da Ester e fiquei ali olhando para a foto daquelas duas meninas, que me faziam sentir tão bem, e que com certeza, eu nunca irei deixar de amar.

O Amor AconteceWhere stories live. Discover now