Capítulo 23 - OHM

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"I gave you the space so you could breathe; And I kept my distance so you would be free; And hoped that you'd find the missing piece; To bring you back to me!" 

Adele - Don't You Remember

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Chegamos à escola, um turbilhão de sentimentos e lembranças me invade. Esse é um dos lugares que jurei não voltar. Tenho tantas lembranças lindas que são muito preciosas pra mim, essas eu quero guardar. Porém, há tantas lembranças dolorosas, principalmente depois daquele dia e da porra do vídeo que espalharam.

Me sinto fraco, este está sendo um dia terrível. O maldito psicopata profanou o túmulo da minha mãe, eu estou louco de ódio por isso. Detesto esse sentimento, me faz parecer com a porra do velho.

- Ohm! – Droga, eu me assusto com ele falando bem do meu lado, não percebi que ele estava tão perto.

- Oi, Nanon?

- Tem certeza que quer fazer isso? Os últimos anos na escola não foram bons pra você e...

- Não vamos falar sobre isso agora, quando sairmos daqui vamos para o Palácio da PF verificar tudo sobre o que aconteceu hoje. Depois nós vamos pro meu apartamento e vamos conversar, vamos ser sinceros um com o outro e resolver essa porra de situação, antes do furacão Lilah invadir meu apartamento. Entendido?

- Você tem certeza que quer fazer isso hoje? Tanto eu como você descobrimos e passamos por coisas terríveis, não está sendo um bom dia. E se nós nos alterarmos por causa de todas essas emoções?

- Nunca será um dia bom pra mim pra falar sobre tudo o que aconteceu e o que não aconteceu conosco, Nanon! Se nos alterarmos, deixe que seja, se gritarmos, brigarmos, deixe que seja assim, o mais importante é resolver, do jeito que tá não dá pra trabalharmos juntos. Ou você quer continuar fugindo de tudo e fingindo que nada aconteceu?

- Merda, não é isso, Ohm, eu só não quero que as coisas fiquem piores.

- Piores, Nanon? Como podem ficar piores? Éramos melhores amigos, eu me declarei, te beijei, você surtou e nem falar comigo quis mais, nunca me deu a porra de uma chance nem pra tentarmos ser amigos novamente. Inferno, você acha que eu queria isso? Acha que queria perder meu melhor amigo? Se eu tivesse acreditado por um instante que você não sentia o mesmo, você acha que teria me declarado? Você acha que nunca percebi o seu olhar e como você sorria toda vez que me via?

- Ohm...

- Não, não venha chamando meu nome desse jeito doce, como fazia quando queria que eu fizesse o que você quer. Eu cansei de te dar espaço, cansei de te deixar mentir, tentar me enganar e enganar a si mesmo. Foda-se, Nanon, você e a sua maldita covardia. Foi a porra de um covarde naquele dia e passou os últimos 10 anos sendo. E eu também, por medo, por não querer te magoar, por achar que um dia você entenderia, você voltaria, eu te dei tempo e espaço demais, mas foda-se, eu cansei.

- Ohm...

- Chega, vamos conversar a noite, vamos entrar de uma vez, P'Amp já está nos aguardando.

Eu saio andando, não olho pra trás, não olho porque se eu fizer vou falar ainda mais, dizer tudo o que está engasgado, vou gritar tudo o que senti e ainda sinto sobre esse assunto e sobre ele. À noite, longe de qualquer um que possa nos ver, dentro das paredes à prova de som do meu apartamento, eu vou desentalar e dizer tudo! Agora vamos encontrar P'Amp e começar a dar andamento aos nossos planos pra pegar um monstro.

Quando passamos pelo pátio dos fundos, consigo ver a porra do labirinto, quem infernos coloca uma coisa dessas no jardim de uma escola? O tataravô de P'Amp, fundador da escola, achava legal, achava que desenvolvia o raciocínio dos alunos, eles precisariam pensar com calma para conseguir sair. Seria lindo se eles não colocassem a gente com uns 6,7 anos de idade para experimentar o labirinto pela primeira vez! Só quando P'Amp começou a ser diretora que essa "bela prática pedagógica" parou.

The Labyrinth of ShadowsWhere stories live. Discover now