Capítulo 02 - NANON

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"Would we be better off by now; If I'd have let my walls come down?
Maybe, I guess we'll never know; You know, you know"
Lewis Capldi - Before You Go

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Ele não sabe que posso ouvi-lo, ele não sabe que estou aqui. Dói ouvir suas palavras, saber que ele não quer estar perto de mim rasga meu peito. 10 anos e eu ainda choro todos os dias por tê-lo rejeitado quando só queria amá-lo. Medo e vergonha era tudo o que eu podia sentir naquele momento. Não dele, mas de como minha família iria reagir se por acaso descobrisse que eu estava apaixonado pelo meu melhor amigo.

Saio da sala, não quero ouvir mais nada, não posso, corro até o banheiro mais próximo, eu vi que tinha um ao lado da sala que estava, quando cheguei com o Pond, Kwang, Mix e Earth. Me tranco e começo a chorar. Meu coração despedaça e sei que o único culpado sou eu. Parti meu próprio coração e o dele, naquele dia 21 de janeiro de 2013, o pior dia da minha vida.

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Flashback - Nanon aos 10 anos de idade

Cheguei na escola e corri pra sala de aula, meu primeiro dia e quase chego atrasado. Escola Achariya para Crianças Superinteligentes. Não sou de família rica, mas por ser inteligente muito além da média, acabei de ganhar uma bolsa de estudos para uma das escolas mais caras e de boa reputação no mundo. Não podia chegar atrasado logo no primeiro dia de aula, mas o ônibus custou muito a chegar.

Entro na sala que já tinha visitado no dia anterior com a minha mãe, Amy, e vejo que quase todos já estão em suas carteiras, terei que ficar quase no fundo da sala, ainda bem que meu pai conseguiu comprar óculos novos pra mim ou não conseguiria ver nada. Um garoto de pele dourada e olhos escuros, que consigo ver a alegria em seus olhos, mesmo por detrás dos óculos, sorri pra mim de forma tão amigável e feliz, que isso me dá esperanças de ter ao menos um amigo nessa nova escola.

Como estava enganado, aparentemente sou o único bolsista nesse ano letivo, então, os garotos mais ricos me querem como alvo de suas brincadeiras sem graça e até violentas. Desde o primeiro dia recebi olhares hostis e piadinhas de mau gosto por ser pobre, não liguei, estou aqui para estudar, esses pequenos babacas da minha turma não vão me fazer perder a paciência e partir para a violência.

Consigo ignorar todos eles, o que parece os deixar ainda mais furiosos, até que na terceira semana de aula eles conseguem me encurralar no banheiro, começam a me xingar e jogar coisas em mim. Quando um deles, vendo que eu estou sem reação, resolve partir pra cima de mim e me dar um soco no rosto, alguém entra na minha frente e segura o punho dele a milímetros do meu rosto. Era ele, Pawat Chittsawangdee, ou como ele mesmo tinha se apresentado, apenas Ohm. Ele vinha tentando ser meu amigo, mas os amigos dele estavam sempre a frente de todo o bullying que eu estava sofrendo. Eu não poderia confiar nele, poderia?

- O que eu já disse pra vocês sobre o bullying? Porque vocês estão agredindo um menino que não fez nada contra vocês? Querem que eu avise a direção da escola e seus pais sejam chamados?

- Quem você pensa que é, Pawat, pra falar com a gente desse jeito? Você já fez isso antes. – Esse era Perth, o melhor amigo dele e o queria me dar o soco.

- Fiz uma única vez e lembro da dor que causei, pedi perdão e sofri as consequências dos meus atos, tanto em casa quanto aqui na escola. E vou fazer todos vocês pagarem também se ousarem continuar com isso ou encostar em um fio de cabelo dele.

É impressionante, mas foi só ele falar que todos simplesmente foram embora, resmungando tão baixo que eu não conseguia entender, mas foram embora. Quem é esse garoto? Porque os outros obedecem a ele tão cegamente? Nesse momento não sei como agir, ele virou pra mim, sorriu tão lindamente e com um brilho nos seus olhos escuros, perguntou se agora poderíamos ser amigos. O que mais eu poderia responder? Ele me salvou de uma surra e ainda colocou aqueles moleques pra correr, eu tinha que ser seu amigo, então sorri de volta e disse que ele podia ser meu amigo.

Fim do Flashback

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Ainda chorando descontroladamente, eu me amaldiçoou, maldito dia em que me tornei seu amigo, eu fui a destruição de sua vida, se eu soubesse que anos depois eu tiraria aquele brilho dos seus olhos e que seus sorrisos se tornariam uma raridade, jamais aceitaria sua proposta.

Será que ele sabe que cada palavra de dor e de amor que eu escrevo e canto é pra ele? Será que ele sabe que nunca mais alguém entrou em meu coração como ele? Será que ele sabe que depois de tantos anos ele ainda é o meu mundo inteiro?

Não, ele não sabe, se soubesse não teria me dado as costas, ele teria lutado por mim, ele deve acreditar que eu nunca o amei, porque meu Ohm é um guerreiro, ele não desiste de algo que acredita, ele luta, ele é forte e determinado. Ele é o amor da minha vida!


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Mais capítulo pra vocês! Espero que estejam gostando! Qualquer erro, por favor me avise!

The Labyrinth of ShadowsWhere stories live. Discover now