28. Correndo contra o tempo

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Nem mesmo quando a brisa noturna adentra pela janela da biblioteca e traz com ela o perfume relaxante de lavanda, característico do Reino da Luz, é capaz de se sobrepor completamente ao aroma de camélias, sândalo e canela que Louis deixou para trá...

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Nem mesmo quando a brisa noturna adentra pela janela da biblioteca e traz com ela o perfume relaxante de lavanda, característico do Reino da Luz, é capaz de se sobrepor completamente ao aroma de camélias, sândalo e canela que Louis deixou para trás quando saiu daqui, há uma hora.

Respiro satisfeito o cheiro que tanto gosto e que se mistura ao do esmalte perolado, com o qual estou pintando as unhas dos pés, enquanto ouço uma música clássica e vez ou outra bebo pequenos goles de vinho.

Distraído e me sentindo em paz, acabo sobressaltando quando a porta se abre e num rompante Zayn entra parecendo terrivelmente afobado. Seus olhos estão arregalados e ele gesticula as mãos de maneira exagerada, enquanto puxa o ar com força para recuperar o fôlego.

— Vem comigo, Harry – pede, com sua peculiar ansiedade de espalhar uma fofoca. — É o Louis, ele...

— Em que confusão o Louis se meteu agora? – Corto-o com um suspiro derrotado.

— É melhor que veja por si mesmo – aconselha, e a urgência em sua voz me faz, pela primeira vez desde que entrou, desconfiar que é algo um pouco mais grave do que uma das suas brincadeirinhas inofensivas. — Anda logo! – Chama impaciente, e eu me coloco em pé num pulo, esquecendo o esmalte e as unhas inacabadas.

— Onde ele está? – Pergunto, sentindo um nó desagradável no estômago.

— Naquela rua deserta, as margens do bosque, onde...

Sei exatamente a qual rua Zayn se refere, então, sem demora, me teletransporto pra lá.

Ao chegar quase engasgo com o caos que encontro. Pessoas andam de um lado para o outro, algumas chapadas ou bêbadas demais para se importarem com o que acontece no local, outras preocupadas, zangadas ou amedrontadas. Espalhadas pelo chão há garrafas vazias, bitucas de cigarro, e pelo ar se espalha um cheiro forte de maconha.

Na rua que foi usada como uma pista de corrida improvisada, há duas Mercedes e uma Ferrari, sendo que o dois primeiros carros colidiram um contra o outro e estão parcialmente destruídos. O terceiro, e mais grave, bateu contra uma árvore, numa pancada tão forte que se pode ver destroços da lataria e cacos de vidro por todo o lugar, e a fumaça que sai do motor é assustadora, se levar em consideração que os bombeiros retiram as pessoas de perto, alegando o risco de explosão.

A sirene da ambulância ainda está ligada, enquanto os paramédicos socorrem o motorista, que apesar de estar com um corte profundo na testa está consciente e reclamando sem parar de dor em uma das pernas.

Porém, em meio a todo esse alvoroço, o que realmente me perturba é ver Louis, que mantém um sombrio suspenso pela garganta e com os pés balançando há vários centímetros do chão. Breno, seu conselheiro, está com o rosto vermelho pela restrição de oxigênio, seus lábios estão inchados e sangrando, e pelo seu olhar parece que irá desmaiar de medo a qualquer instante.

ENTRE O PARAÍSO E O INFERNO | l.sWhere stories live. Discover now