Dias de Ouro [Days of Gold]

Part I

Do caos , fez-se o amor
onde ja havia organização.
E agora eu me perco
me perco pois há tempos não amava.

Amar, entretanto, não é como andar de bicicleta.
Mas um procurar estrelas diante de
um semáforo, cujo desconforto é continuo
inseparável do corpo, que não para.

A mesma busca que descrevem
as borboletas no estômago
mas que mais parece
um assalto a mão armada
pois, tarde demais, se percebe que
não ha luz la fora.

Estamos nus diante de um estranho
que desejamos com a força e a loucura
de tempos tão antigos e remotos
que desaprendemos, com esforço,
a falar, a pensar, a raciocinar,
e voltamos às cavernas.

Estáticos enquanto vulneráveis,
a uma arma no vidro do carro,
a uma colisão fatal por outro automóvel,
a um destino igualmente cruel, porém,
mais instantâneo do que o amor.

Estamos fixos, paralisados, chocados com
a forma das sensações que temos
não diante de nós, mas dentro do túnel estranho de uma rodovia escura, que se encontra
o coração: sentimos todo o corpo,
mas destruímos anormalizados às defesas
e ao painel de controle
esquecemos, por fim, o eu,
parado de joelhos , em êxtase, dentro de nós.

O amor nos arranca de nos
e lembra que um dia não fomos
civilizações e nem civilizados
que a vida e as regras sociais se regiam
pelo afeto e pelas emoções transformadoras.

Estamos diante de um agente de metamorfose,
um espirito causado por algo que nos faz provavelmente mudar desde o primeiro choro do nascimento ate o ultimo sopro na poltrona de um hospital.

Por que nos perdemos quando encontramos exatamente o que não está em nos?
instinto ? sobrevivência?
Nos tempos em que com um celular nas mãos
sonhamos com um futuro fora do corpo
da solo fértil que é a Terra.
Acordados , deixamos ela no parágrafo anterior
de joelhos e em êxtase, dentro da caverna,
do túnel, da tumba que escavamos para ele.

Hoje, observo o semáforo quebrado
da janela do apartamento — no tempo de ouro.