Capítulo 5

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Nunca me senti tão em pânico como naquela tarde enquanto Joker engolia lâminas afiadas, mesmo que eu sentisse uma profunda aversão às suas piadas sujas, não estava pronta para ver um homem se engasgar até a morte com uma mistura de ferro e sangue

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Nunca me senti tão em pânico como naquela tarde enquanto Joker engolia lâminas afiadas, mesmo que eu sentisse uma profunda aversão às suas piadas sujas, não estava pronta para ver um homem se engasgar até a morte com uma mistura de ferro e sangue.

— Eu considerei revigorante — Henry revelou sua falta de bom senso — mas admito que não foram comentários a se fazer diante das damas e donzelas.

— E o meu pai ao invés de julgá-lo, deixou que fizesse um espetáculo.

— Preferia que ele fosse mandado à força?

— Claro que não, mas… — eu perdi as palavras, porque realmente não queria ver aquele homem sendo arrastado de volta às masmorras.

Ainda que eu desaprovasse tudo o que ele fez, meu peito se encheu de curiosidade. Primeiro por se deixar ser pego, depois pelo que fez com as espadas e a provocação à corte. Como se ele gostasse de se colocar em perigo o tempo todo.

Henry me levou até o corredor das damas, mas não deu um passo dentro dele, apenas esperou que eu me afastasse. Quando abri a porta do quarto percebi que ele continuava ali, eu acenei para ele, embora pensasse em outra pessoa.

Joker ocupou todos os meus pensamentos até o anoitecer, ele me intrigava e preocupava na mesma medida. A forma como ele se curvou para meu pai, com a boca ensanguentada e ódio no olhar, quase como se a reverência fosse ainda pior que a morte. Mas se ele odiava tanto a corte, por que aceitou ser bobo da corte? Por que se sujeitar a isso?

Talvez pelo mesmo motivo que levou um tiro no ombro, mesmo motivo pelo qual deixou que os guardas o prendessem.

Autodestruição.

O pensamento percorreu minha pele arrepiando todos os meus poros, então me lembrei de todo aquele sangue no meu vestido sob a cama e que ele não foi tratado do ferimento, alguém tinha que ver isso.

Não era problema meu, existiam médicos no castelo. Até minha própria ama poderia fazer um curativo.

— Droga.

Eu me levantei e vesti a capa escura por cima da chemise, prendendo os ganchos até embaixo.  Peguei minha vela e sai para o corredor, seguindo a luz fraca do salão principal onde eu a acendi, o resto do caminho foi tranquilo, o bobo da corte não ficava com os outros criados, ele tinha um lugar privilegiado no corredor dos hóspedes, bem perto de Henry.

Na verdade, eu não sabia o que estava fazendo, como ia saber em que porta bater, eu poderia ser castigada por simplesmente estar ali e como pecadora, só tinha uma coisa a se fazer.

Desci correndo as escadas, bem, o máximo que pude sem apagar a vela.

Atravessei o grande salão e empurrei com força a porta da capela, eu acendi várias velas e me ajoelhei, mas minha mente me traiu, levando meu pensamento para Joker outra vez.

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