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— O seu pai...

— Sérgio Johnson, o pai do Charles. 

Ariel ficou em silêncio. 

— Eu não entendia o porquê da minha mãe agir daquela forma, eu demonstrava o meu amor por ela, mas não recebia nada em troca, era apenas um olhar vazio e sem vida. 

— Não deve ter sido fácil para você. 

— Não foi eu senti raiva dela, mas aí a Hilda, a vizinha que passou a cuidar dela me explicou que a minha mãe não estava fazendo isso por maldade, que ela ainda me amava, mas estava muito doente e lembro de ter perguntado o que eu poderia fazer para ajudar ela porque eu sentia falta da minha mãe.

Nesse momento Frederico chorou, Ariel não sabia o que fazer e estava paralisada com a reação que ele estava tendo bem na sua frente. 

— Me sentia sozinho sem amigos que me entendiam. 

— Você não tinha amigos? 

— Eu não era assim Ariel — Frederico a olha. — Sabe, eu já fui um bom garoto e tinha amigos, mas nenhum deles entendia o que eu estava passando, apenas o Marcelo. 

— Marcelo? 

— Um padre eu estudava em um colégio de elite de orientação católica e de ensino integral e ele me dava conselhos e se tornou meu amigo. 

— Sabe o mais absurdo disso tudo?

Ariel perguntou e Frederico a olha. 

— É você ter sofrido ao ponto de se sentir mal, ter sido uma criança amável e inocente, e ter se perdido tanto assim ao ponto de se tornar um monstro. 

— É — acenou ele. — Eu fui assim até os meus quinze anos.

— Depois disso você se tornou essa pessoa desprezível que é hoje? 

Ariel perguntou e Frederico limpou as lágrimas virando a taça na boca. 

— O Cláudio ficou ao lado da minha mãe até ela morrer, eles dormiam em quartos separados e a Hilda tinha o dia de folga dela no sábado e no domingo e eu cuidava da Caroline até na segunda quando Hilda voltava. 

Frederico pegou mais vinho. 

— Lembro que eu havia dado o remédio da Caroline e fui para o meu quarto e o Cláudio chegou me chamando para ir assistir ao filme com ele, ao chegar na sala tinha pizza. 
 
Ariel olhou para a pizza intacta em cima da mesa. 

— Vinho e filme para maiores de dezoito com tanta violência e…  

Os olhos de Ariel voltaram para Frederico. 

— E cenas pornográficas, o Cláudio me disse que não havia problema nenhum em assistir ou beber vinho porque se eu não dissesse nada ninguém saberia e eu tinha ele como meu pai.

Frederico sorriu ao levar a taça na boca. 

— Ao terminar o filme eu estava tonto feito um idiota rindo de tudo e o Cláudio, o homem que eu tinha como pai, aproveitou a situação e começou a passar a mão em mim. 

— Você. . .

— Ele disse que estava excitado com a situação e aí. . . 

Ele começou a rir. 

— Eu tive a minha não diria inocência roubada porque eu sabia muito bem o que havia acontecido no filme, eu era um adolescente e assim como qualquer um tinha minhas curiosidades, mas foi arrancada de mim a ideia de que eu podia ter um pai e que ele se importava com os meus sentimentos. 

Amores Doentios |+18| |Concluída|Where stories live. Discover now