10- Uma Madrugada Sem Descanço

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Desde que eu havia voltado da escola o Chucky estava dormindo, eu já tinha percebido que essa noite ele não ia dormir nada e ia me encher muito o saco por conta das sonequinhas que ele teve durante o dia, mas nunca pensei que fosse daquele jeito, depois que eu cheguei na escola, conversei um pouco com a Mérida e paguei o dia dela como babá, ela me contou muitas coisas que aconteceram enquanto eu estava fora, inclusive algumas que eu cheguei a ver nas câmeras de segurança da casa, como o Chucky assistindo desenho e dormindo depois de um tempo ou o almoço dele, nunca tive tantos surtos internos assistindo alguma coisa. Mérida me contou do fato de Chucky não "odiar" a "pepeta" dele como ele costumava falar, muito pelo contrário, pelo visto ele só tinha vergonha de chupar a chupeta na minha frente, algo bem fofo para falar a verdade, ela também me falou que ele ficou assistindo desenhos na sala, deitado no seu colo e chupando sua chupetinha, isso foi uma das coisas que eu o vi fazendo através das câmeras de segurança da casa quando eu estava na escola, os vídeos estavam todos na minha galeria do celular pois eu não me aguentei, eram fofos demais para eu perde-los na bobeira.
Depois disso eu comi um café da tarde, tomei um banho quente, fiz a tarefa que a professora passou para fazer em casa, fiz a leitura de alguns livros e escrevi tudo o que havia acontecido no dia atual e no dia anterior com os maiores detalhes possiveis, para poder me lembrar sempre de cada coisa que aconteceu e o que eu senti em cada situação, também chequei o Chucky no berço algumas vezes, umas 19:00 ele chegou a acordar, eu estava mexendo no celular até decidir olhar a câmera da babá eletronica, abri a filmagem e vi Chucky sentado no berço com sua chupeta na boca e esfregando seus olhos de sono, fui até o quarto e perguntei o que tinha de errado mas ele estava com tanto sono que trocou duas ou três palavras comigo e voltou a dormir tranquilamente.
Já eram umas 01:23 da manhã e eu estava mexendo no celular, com toda a calma e tranquilidade, comecei a ficar com sono e decidi ir dormir, mas antes eu iria ver a câmera da babá eletrônica uma última vez para ver como o Chucky estava, antes que eu pudesse ver a câmera, eu ouvi um grito alto e desesperado que se parecia muito com sua voz, em seguida várias vezes ele gritando o meu nome com uma voz chorona e assustada, me levantei rápido da cama e corri pelo corredor até o quarto do Chucky, durante a corrida eu podia ouvir os gritos do meu nome seguidos de soluços e algo que me parecia um choro.
Abri a porta o mais rápido que pude e vi o Chucky se segurando nas barras do berço com muita dificuldade, nas pontas de seus pés e me gritando em meio a soluços.

-Chucky? Calma, calma o que aconteceu?

Eu perguntava me aproximando mais do berço e do Chucky, suas pernas e braços estavam tremendo, suas intimidades e suas pernas estavam molhadas assim como o colchão do berço e eu sentia um forte cheiro de urina, Chucky olhou para mim por um segundo com o rosto fortemente corado e encharcado com lágrimas, seus olhos expulsando cada vez mais lágrimas, eu podia ver em seu olhar o mais sincero medo e desespero, ele estendeu seus braços em minha direção e a primeira coisa que eu pude pensar em fazer foi pegar ele no colo.

-O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Eu continei a perguntar, mas o Chucky não conseguia fazer nada a não ser chorar e soluçar, seu choro era alto e intenso o que me fazia um pouco desesperado e extremamente procupado, olhei para o berço de novo e vi a chupeta dele não muito distante do travesseiro, peguei ela e a coloquei na boca de Chucky, parando um pouco para pensar.

-Chucky, esse molhado é xixi?

Chucky balançou sua cabeça para cima e para baixo desesperadamente.

Chucky: M-ME DESCULPA!

Ele gritou em meio a soluços e me deu o abraço mais apertado que eu já senti.

-Calminha Charles, tá tudo bem, tá tudo bem, eu vou te ajudar a se limpar, relaxa.

Eu falei abraçando ele e fazendo um cafuné em seus cabelos enquanto ele continuava a chorar sem pausas, andando até o closet com passos rápidos, abri a porta do closet e liguei a luz, ando direto para o trocador e coloco o Chucky em pé logo em cima dele, tentei deita-lo de várias formas mas o Chucky não desgrudava de mim, ele continuava a me abraçar forte e a soluçar, então eu o mantive em pé e comecei a tirar o seu macacão e seu sueter, o corpo inteiro dele tremia muito e ele estava suando de nervosismo, mesmo no clima frio, com alguns lencinhos eu enxuguei as suas pernas e suas partes baixas, abri a gaveta do trocador e tirei o pote de talco e uma fralda.

Chucky: E-EU NÃO QU-QUERO USAR!

Chucky falou com lagrimas escorrendo pelo rosto e seu tom ainda alto e desesperado, eu sabia que por algum motivo ele estava tão atormentado que não tinha controlhe algum sobre o tom da sua voz.

-É temporário, não se preocupa, depois eu vou tirar.

Coloquei a fralda entre as suas pernas e joguei um pouco de talco, depois a fechando e pegando o Chucky no colo, eu abraço Chucky um pouco mais forte e tento o proteger de ficar com frio, saio do closet e passo pelo quarto, andando pelo corredor e entrando de volta em meu quarto, eu abro meu armário e pego uma camisa preta em meio as outras minhas, ela era de um material mais quentinho e macio do que as roupinhas de Johnny que eram de verão, coloco Chucky em pé acima de minha cama e começo a vesti-lo com a camisa, foi um pouco difícil o vestir enquanto ele estava abraçado comigo, mas eu consegui.

-Pronto, já está melhor não é?

Ele moveu sua cabeça para cima e para baixo algumas vezes e se encostou no meu peito, seu choro agora estava menos pertubador e em tom mais baixo, eu o peguei no colo e o abracei com seu corpo grudado ao meu, eu podia sentir seu coraçãozinho acelerado e sua respiração ofegante, aquilo me fazia sentir mal por ele.

-Você quer um tetê quentinho para melhorar?

Não obtive respostas, apenas o seu choro baixinho, seus gemidos quase inaudíveis e os ruídos que ele fazia chupando a chupeta de modo bem rápido, andei pelo quarto, indo para o corredor e descendo as escadas, cheguei na cozinha e comecei a colocar o Chucky no cadeirão.

-Pode me esperar aqui?
Chucky: N-NÃO! NÃO, NÃO, EU QUERO F-FICAR COM VOCÊ!

Chucky disse com seus braços esticados para mim, seus olhos voltaram a se encher de lágrimas e suas bochechas se tornaram maiores, seu choro de uma vez voltou a ser alto e angustiado, não aguentei e acabei o pegando de volta.

-Desculpa, desculpa, eu vou ficar com você.

Ele voltou a me abraçar e começou a limpar as lágrimas dos olhos, era a primeira vez que eu via ele chorando assim, principalmente grudento daquele jeito, mas acho que seria melhor aproveitar o tempo que ele estava gostando da minha presença já que a qualquer momento ele podia voltar a me odiar, porém esse momento com certeza não era agora em que ele estava desesperado por abraços e colo.
Fui para a cozinha com o Chucky no meu colo, encostado no meu peito e aparentemente um pouco melhor, ele estava com o nariz e as bochechas bem avermelhadas e estava com os olhos marejados, mas nenhuma lágrima escorria pelo seu rosto agora, eu fazia cafuné em sua cabeça, o balançava em meu colo e dava voltas na cozinha com passos lentos enquanto esperava o leite ferver no fogão, o que parecia ajuda-lo a se acalmar aos poucos, o que é que tinha acontecido para causar tanto nervosismo nele? Pelo que eu o conheça, isso seria extremamente difícil de acontecer com ele, 0,001% de chance no máximo.

-O que foi que aconteceu? Por que você acordou assim?

Te Adoto Como Meu BonecoOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz