capítulo 14

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Lorena

Passei quase um dia inteiro observando atentamente Vitor vendo que seu futuro não parecia se alterar de jeito nenhum, de vez enquando eu lançava olhares furtivos para o sonserino vendo que seu futuro assim como o de Vítor não havia mudado.
Me sentei em uma das mesas distribuídas na biblioteca na manhã seguinte desejando que tudo não passasse de um sonho, meu plano inicial para impedir que o futuro se concretizasse era dar uma das jóias que eu havia confeccionado para Tom porém o medo me impediu, eu não queria que ele descobrisse o poder delas e nem que tentasse usar isso para me manipular.

" parece que alguém está suspirando muito mesmo sendo a melhor em criar textos"

A voz sarcástica atrás de mim denunciou o sonserino, me virei para encara-lo encontrando seus olhos azuis que repousavam sobre as páginas de um livro de capa preta, ele estava apoiando o corpo em uma prateleira, e a manga de sua camisa estava dobrada me dando total visão de seus ante braços que pareciam bem definidos, vê-lo naquela pose tão naturalmente era um deleite para os olhos, merda porque ele tinha que ser tão perigosamente lindo?
Desviei o olhar sem perceber que não havia respondido a sua provocação.

" meus suspiros não são por causa do ensaio então não fique tão animadinho"

Respondi tentando pensar em outra coisa que não fosse em seus braços definidos.

" então talvez seja pelo meu futuro e o do senhor William?"

Tirei meus olhos das páginas vendo seus olhos presunçosos, não fiquei surpresa por ele ter sentado de frente para mim.

" talvez "

Respondi tentando não demonstrar minha inquietação.

" porque não me conta suas preocupações senhorita Bler? Quem sabe eu posso te ajudar"

Soltei uma risada de escarneo e vi sua mandíbula se contrair

"Sejamos sinceros, senhor Ridlle, você não está preocupado com meus problemas, você está apenas tentando saber sobre o seu futuro "

Ouvindo minha resposta ele suavizou seu semblante e recostou o tronco na cadeira.

" é você tem razão, eu estou tentando saber sobre meu futuro, e que mal há nisso?"

Mal nenhum a não ser que você esteja envolvido comigo no futuro e por algum motivo ficou obcescado, pensei mentalmente quase falando em voz alta.

"Mal nenhum Ridlle, vou lhe dar um conselho que espero que leve a sério, não provoque as pessoas, as vezes você subestima as pessoas, você sabe que não é especial não é? E nesse exato momento pode ter alguém que também está fingindo ser bonzinho?"

Olhei atentamente suas feições em busca de confirmação mas para minha surpresa seus olhos  brilharam com uma cor avermelhada.

" isso foi uma ameaça Bler?"

Sua voz profunda parecia quase um rosnado, o imaginei como um animal ferido prestes a atacar.

" acho que você entendeu errado, não estou falando de mim... isso pode até soar como uma desculpa porém não tenho a intenção de me envolver em nada que tenha a ver com sua pessoa"

Ele continuou com a postura hostil se negando a acreditar em mim.

" pense o que quiser senhor Ridlle, se quiser acreditar acredite se não... não acredite e continue por sua conta e risco"

Me levantei pronta para devolver o livro a prateleira e me afastar dele o mais rápido possível, porém ele segurou meu braço me fazendo olhar em seus olhos.

"Bler eu sugiro que se tiver algo Ruim em meu futuro é melhor você me dizer agora ou se não..."

" se não o que ? "

O interrompi sentido seu aperto em meu pulso se intensificar.

" não brinque comigo Bler você pode até pensar que eu não sou capaz de te machucar mas acredite eu tenho outros métodos pra fazer você se arrepender"

Sua ameaça me deixou desnorteada, sua voz denunciava que ele sabia de algo... era tão frustrante ter de lidar com um futuro bruxo das trevas, e com um amigo louco que quer ataca-lo, não me contive e tentei me libertar de seu aperto, alguma coisa quente encostou em minha mão, percebi um pouco tarde que minha visão estava borrada pelas lágrimas.
    Não consegui ver o rosto do sonserino, seu aperto havia sumido e ouvi um suspiro alto.

" não é pra tanto Bler, pare de chorar se não todos vão pensar que eu te intimidei"

" e não intimidou? Que porcaria Ridlle, porque você tem que sempre ficar me pressionando? eu só queria ter um ano letivo normal pra variar, porque a gente não pode se dar bem?"

Meu questionamento pareceu deixá-lo desconfortável, ele continuou parado me encarando enquanto eu limpava as lágrimas com as costas das mãos.

" é isso que você quer? se dar bem comigo? Porque não é isso que pareceu dês do início "

Sua voz tinha um tom acusatório, ele tinha razão, eu sempre fugia dele quando tinha oportunidade, mas isso não quer dizer que eu o odeio.

" que culpa eu tenho? você parece um vilão e me assusta toda vez que eu estou perto de você, sempre parece que eu estou pisando em ovos "

Tampei a boca ao notar que fui sincera até demais em minha declaração.

"Então não pise, não foi você mesma quem me pediu pra lhe jogar um Crucio? cadê sua coragem quando se trata de assumir a responsabilidade?"

"Que responsabilidade?"

Perguntei deixando minha cabeça pender um pouco para o lado, ele se aproximou de mim ficando perto o suficiente para o seu cheiro de colônia misturado ao cheiro de livros novos chegar até mim.

" a responsabilidade de atrair a minha curiosidade"

Seu sorriso de canto foi o toque final para fazer meu coração quase sair do peito.

"I..isso quer dizer que podemos ser amigos ? Sem você me ameaçar ou me intimidar?"

Ele pareceu ponderar por alguns segundos, ele abriu a boca para responder porém eu fui mais rápida

" você também tem que assumir a responsabilidade por fazer eu me preocupar em te ajudar então sugiro que sejamos amigos para assumirmos nossas responsabilidades "

Ele riu, uma risada de verdade, o som fez cócegas em meu ouvido quase ri junto porém minha boca só conseguiu formar um sorriso satisfeito.

"Está bem, podemos ser amigos, se você me deixar chamala de lolo"

Quase dei um tapa em seu braço pela ousadia, mas me lembrei que fazer amizade com ele era mais difícil do que convencer um rato a dar uma cambalhota.

" tá bom desde que você me deixe chamá-lo de engomadinho"

Ele observou o livro em sua mão que parecia ter um feitiço para não revelar a verdadeira capa.

" podemos ser amigos Lorena dês de que não usemos esses apelidos ridículos"

Sorri para ele concordando com seu julgamento, o que nenhum de nós sabia naquele dia era que todo o futuro envolvendo nós dois estaria confuso e bagunçado, e que William estava na biblioteca naquele dia escutando escondido nossa conversa.






como mudar a vida e desejos de um vilão Where stories live. Discover now