Marotinhas - Livro 2

Capítulo 6 - Ember

Toda vez que eu olhava para Amelia agora, eu só conseguia me lembrar da história que ela nos contou. Sobre seus pais e sobre como ela ficou cega.

Eu ainda estou furiosa pelo fato de seus pais terem feito o que fizeram. E ainda não souberam lidar com as consequências. Talvez, se o caso for exposto, os pais dela teriam uma péssima imagem e perderiam o poder. Mas não, isso é pouco.

Quero mesmo é juntá-los à minha grande lista de vítimas.

Tento parar de pensar nisso, hoje é um dia legal, um dia de diversão e para eu distrair a minha cabeça. A festa estava ótima, os convidados estavam felizes e eu também.

Bem, Hunter não parecia tão feliz, mas a gente ignora isso.

Quando Scarlett contou o que aconteceu, eu fiquei incrédula. Como ele achou uma outra garota tão fácil? Eu lembro como se fosse ontem ele todo tímido indo falar com a Harper. E por uma falha de comunicação, eles estão mais que brigados.

Agora então, a situação piorou.

Acho completamente válido o que fizemos, na verdade. Mas ainda acho que eles deveriam conversar em algum momento. Eu sei que Harper ainda quer isso, mesmo estando com raiva e morrendo de ciúmes dessa tal garota misteriosa do Beco Diagonal. Mas ela ainda tem tempo enquanto Hunter não usar um anel no dedo.

Carina sumiu pela festa, Scarlett estava falando com Amelia, Emma sumiu e Harper estava conversando com Ginny. Até que estava tudo indo bem, nada de ruim aconteceu.

Isso é um milagre. Geralmente sempre aparece alguma coisa para nos atrapalhar ou algo assim.

Estava indo pegar meu casaco no meu quarto, já que eu estava com uma blusa de alça super fina e estava começando a ventar. Subo as escadas e abro a porta que dá para o meu quarto.

Fecho a porta e apoio meu copo de suco na minha mesa, e quando me viro, eu paraliso.

Não pode ser.

Era só o que me faltava.

Dylan Nott estava sentado na minha cama, lendo um dos meus livros de quadribol como se estivesse em sua própria casa.

Parece que eu comemorei cedo demais sobre algo dar errado.

Mas a primeira coisa que veio na minha mente foi a nossa última interação. Ou seja, o nosso beijo.

Tento desfazer a imagem da minha mente para que eu não surte de novo, mesmo sendo quase impossível.

— Não vai dizer nada? — ele pergunta sem tirar os olhos do livro — Perguntar como eu estou aqui? Como eu soube da festa? Como eu entrei na sua casa, ou melhor, no seu quarto, sem ninguém nem perceber?

Eu estava incrédula demais para dizer qualquer coisa.

— Você só pode estar de brincadeira — digo, me apoiando na mesa, porque definitivamente eu não conseguia me aguentar em pé.

— O que? Aliás, esse livro é muito bom. Me empresta?

Ele tá de sacanagem?

Vou até ele e arranco o livro da mão dele, colocando de volta na estante.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto com ódio na voz.

Mas ele ri.

— Vocês sequestraram a Amelia.

Franzo as sobrancelhas.

— Você não pode estar aqui por causa dela.

— Na verdade, estou sim. Não vou mentir, invadir sua festa é algo tentador, mas não estava realmente nos meus planos.