Stay

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CAPÍTULO 17

LYNN


We took the bones out from the road

Those endless nights that we traveled we stole

You let your clothes fall to the floor

And lit a fire while I waited for more

- Bleachers


''Hoje, não importa a hora'' Eu li em um sussurro alto. Meus olhos voaram para o relógio que ficava em cima da geladeira da cozinha. Nove e meia da noite de um domingo. Não me parecia um bom horário para sair, ainda mais levando em conta que amanhã Amélia teria que acordar cedíssimo para começar o dia.

Mas mesmo assim, eu cogitei. Meu estômago embrulhou com a dúvida. Algo parecia se amontoar dentro de mim. Talvez fosse alguma espécie de expectativa, a mesma que se ajunta no nosso centro conforme o carrinho de uma montanha russa sobe e sobe e sobe. Será que eu poderia ir mesmo? Será que não iria atrapalhar, será que... Oli limpa a garganta, me tirando das minhas dúvidas e me fazendo ter consciência do momento presente.

Eu estava parada no meio do corredor, usando meu pijama favorito. Eu segurava a carta com as duas mãos, e tremia um pouco, o celular equilibrado na mão esquerda, atrás da folha. Desviei o olhar do relógio para o sofá, onde Oli e Chloe me observavam com olhares atentos, quase que me estudando. O programa que passava na televisão - uma cena quente entre três pessoas em uma das séries colegiais da Netflix, dessas que o elenco tem tipo trinta anos e interpretam jovens de dezessete - ignorado.

Estranhei, mas minha cabeça girava por conta das palavras de Milly. Eu não conseguia me concentrar em qualquer outra coisa que não fosse isso, que não fosse ela, que não fosse a puta confissão que eu segurava nas mãos.

Lágrimas quentes começaram a se acumular nos meus olhos, ameaçando cair. Pisquei uma, duas vezes, para afastá-las.

''Sim?'' Perguntei às minhas amigas, ignorando a forma como minha voz saiu falha. Fingi uma tosse, só para disfarçar a avalanche de emoções que se formava dentro de mim. Dobrei a carta com certa relutância, e esperei por uma resposta delas.

''Tudo bem por aí?'' Oli perguntou, olhando enfaticamente de mim para a carta.

''Tudo ótimo'' Menti, e desviei o olhar para minhas próprias mãos.

Eu queria gritar. Eu queria sair correndo em disparada, ou quem sabe bater em alguma coisa. Me desceu um santo, um deus, uma vontade louca de fazer um absurdo. Talvez explodir copos de vidro contra uma parede só para ver como a luz se refletiria nos estilhaços, ou arregaçar um saco de farinha em cima de mim mesma, fazer a maior sujeira, só para ver qual a sensação de me ter coberta de trigo. Eu queria rir e rir e rir, e então chorar, e rir chorando, e apenas... Externar tudo. Botar toda essa energia para fora, pois além de tudo o que Amélia me escreveu, eu consegui ler o que ela quis dizer de verdade.

Amélia me escreveu a mesma coisa, escondida atrás de trocentas metáforas, e eu nunca pensei que fosse me sentir tão bem. Tão... Feliz.

''Acho que... Acho que eu tenho um lugar para ir?''

Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, ela escreveu. Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu queria anunciar.

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⏰ Last updated: Sep 28, 2023 ⏰

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Darling I'm Ready (to burst into flames for you)Where stories live. Discover now