Oh so sweet

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CAPÍTULO 11

DIA UM

Amélia


Just you and I

Getting lost in open spaces

And when you wake

I'll be right there, baby

And when you shake

I'll be shaking with you hun

- John Vincent III


Madrugada

Passamos em casa para eu fazer a mala. Entrei no meu quarto meio esbaforida, mesmo que não estivesse com pressa. O ar parecia estagnado, como se eu estivesse entrando em uma foto: puro movimento contra um mundo em pausa.

Observei em volta, minha mente já processando o que eu precisaria levar, procurando por coisas necessárias.

Nem me incomodei em acender as luzes. Abri o armário e fiquei nas pontas dos pés para pegar a mala de viagem que guardava lá no alto.

Era tarde da noite de uma sexta-feira incomum. Fazia uma semana que eu e Lynn fomos para São Bernardo visitar minha avó. Uma semana que passamos trocando mensagens o tempo inteiro, uma semana que ela aparecia na cafeteria no fim do meu expediente e me dava uma carona para casa. Uma semana, e eu sabia que, se Lynn saísse da minha vida, ela faria falta. Dessas faltas que devoram a gente de dentro pra fora.

Hoje mais cedo eu, Lynn, Bo, Skye, Chloe e Oli saímos para comer depois que fechei a Sweet Blue. Foi como um grande encontro de amigos, onde todo mundo conheceu todo mundo. A própria receita para o caos, mas também uma coisa que eu e Lynn planejamos direitinho para que desse certo.

E deu.

Descobri que Bo e Lynn já se conheciam, o que me deixou meio bugada das ideias. Quando ambos se cumprimentaram feito velhos amigos, deslizei um olhar semicerrado para Bartolomeu, que apenas sorriu de nervosismo. Se a vida como psicólogo desse errado, ele com certeza teria uma carreira garantida como ator na Globo.

As amigas de Lynn, Chloe e Olivia, eram uns amores. Todo mundo se deu muito bem, com exceção de Lynn e Skye. Acho que elas se odeiam secretamente. Motivo? Não identificado. Apenas notei que Skye não foi com a cara de Lynn, e Lynn normalmente não vai com a cara de ninguém, então não tinha como forçar uma interação minimamente amigável entre elas. Procurei deixá-las bem distantes uma da outra. O que funcionou, até certo ponto. Tirando alguns sarcasmos e ironias ocasionais aqui e ali, tudo correu bem.

Comemos, conversamos e rimos aos montes.

Quando eram duas da madrugada, senti o olhar de Lynn sobre mim, então me inclinei na direção dela e perguntei baixinho: ''O quê?''

Lynn aproximou os lábios da minha orelha e me perguntou num sussurro rouco se eu queria sair dali e ir passar o fim de semana com ela em um lugar distante. Me senti do mesmo jeito daquela primeira noite em que ela me chamou para pegar a estrada. Como se algo grande estivesse prestes a mudar. Como se minha vida inteira fosse se girar feito uma chave, prestes a abrir uma porta imensa.

Não perguntei onde e nem como. Não perguntei porquê. Apenas assenti, e ela se levantou da mesa.

"Galera, a conversa tá boa, mas já está tarde..." A loira disse em tom de desculpas. Arregalei os olhos. Seria estranho se fossemos embora primeiro, uma vez que fomos nós duas quem convidamos nossos amigos para a Sweet Blue. ''...e eu e Amélia temos um lugar para estar ainda hoje.''

Darling I'm Ready (to burst into flames for you)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora