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Dia 2 .。.:*✧

Ao acordar ela já não estava mais sentada a porta do quarto e eu sabia que ela não estaria, sai do quarto de hóspedes sentindo-me nervosa por ter a possibilidade de dar de frente com ela. Entrei no quarto principal da casa vendo a cama estava arrumada, fui direto para o banheiro, tomei um banho e me arrumei no closet.

Ouvi um barulho no jardim da casa, a porta francesa estava aberta indicando que ela estava lá, fui para cozinha preparar o meu café da manhã. Notei que a cafeteira havia sido usada, a jarra de café já não estava ali, abro a geladeira para buscar por um suco e noto que tem algumas coisas faltando.

— A mesa está posta lá fora.

Ouvi ela falar com sua típica rouquidão, acompanhei Lena até a varanda de casa indo para o lado contrário do sofá suspenso, sentei-me a mesa onde muitas vezes tomamos nosso café da manhã para poder observar a beleza do dia. Nos sentamos uma de frente para outra, um pequeno sorriso se formou em meus lábios ao ver que tinha creme de avelã.

— Descobri essa manhã que os mercados fazem entrega, então pedi algumas coisas que você gosta, principalmente isso aqui. — Ela apontou para o creme de avelã.

— Por que fez isso?

— Acho que já adiei demais a conversa que precisamos ter... — Falou me servindo café.

— Eu posso sair se quiser, ainda tenho aquele meu apartamento, você pode ficar com a casa. — Ela parou de se servir e me olhou confusa.

— Não vou pedir o divórcio Kara. Bom, não se você não quiser.

Mantive-me em silêncio, observei Lena passar o creme de avelã na torrada para que eu pudesse comer e contive os sorrisos que queria soltar. Ela estava fazendo como antes, estava preparando o meu café do jeito que gosto, com as coisas que eu amo comer e ela já não gosta tanto. Porque ela sempre fez isso, sempre escolheu colocar a mesa coisas que eu amo comer e ela nem tanto.

Ela sempre pensou em mim antes de pensar nela, das poucas vezes que eu preparei o nosso café da manhã, eu sempre fiz com coisas que sei que ela ama, coisas que sei que a agradam para vê-la sorrir toda fofa com sua carinha de sono. Era sempre assim. Sempre fazíamos tudo para vermos uma a outra feliz.

— Me desculpe por ter me distanciado tanto de você, por ter feito você achar que era a culpada de tudo.

— E não sou? — Questionei encarando a torrada em minha mão.

— Não, você não é. — Ela fez uma pausa. — Quando você perdeu o bebê...

— Não. — A interrompi largando a torrada no prato. — Nós não vamos falar sobre isso.

— Preciso que me escute Kara, precisamos falar sobre o nosso filho. — Me levantei chorando.

— Não, não precisamos. Eu não quero falar sobre isso, não quero falar sobre a criança que matei. — Falei chorando. — É minha culpa ele não estar aqui hoje, é tudo minha culpa e eu não preciso ouvir você dizendo isso bem na minha frente.

— Kara, me escuta...

Eu não ouvi ela, não deixei que ela falasse mais sobre aquele assunto que me doía tanto, simplesmente corri para minha sala de música e me mantive trancada ali, onde nenhum mal poderia me atingir. Nenhum mal além da minha própria mente cruel.

Lonely - Karlena Supercorp Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu