Capítulo 21 - Enquanto a dor apenas aumenta

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Acordo e fico deitado, não quero sair da cama. Meu corpo todo dói e não posso aparecer em público com o meu rosto rebentado.

Levanto e vou até a porta e a abro, mas paro quando ouço duas vozes.

_ Ontem você me dá bolo, hoje eu chego aqui e você nem lembra que marcou para me ajudar na academia? Sério?

_ Yasmin, eu já disse que não dormi direito, fiquei preocupado com o Patrick. Não ia levantar e deixar ele sem saber que sai, fora que ele está todo machucado.

_ Ah claro, de novo o Patrick. Pelo amor, deixa esse menino resolver a vida dele. Vocês mal se conheceram, eu real não entendo essa aproximação toda e sinceramente já está me dando nos nervos.

_ Yasmin...

_ Ah cansei, terminamos aqui. E se você ainda não notou, esse garoto está gostando de você de verdade. Só um aviso. - ouço uma porta sendo batida e me encolho no quarto, por minha causa o Erick e a Yasmin terminaram. Tudo por minha culpa, eu acho que estou atrapalhando a vida de todos ao meu redor. E agora ele sabe, será que vai me olhar da mesma forma? Será que vai me perguntar?

Ouço passos vindo no corredor e corro para a cama.

A porta se abre e eu finjo que estou levantando. Erick me pergunta se estou bem e digo que sim, não quero atrapalhar mais a vida dele, ele me fala que vai ter que ir na academia e eu aviso que já estou saindo.

_ Não precisa, tenho uma cópia da chave, você pode ficar com ela. E quando estiver bem você pode ir, ou pode ir e voltar. Só se cuida, eu tenho que ir a um curso hoje de tarde em Belo Horizonte de madrugada. Então você pode dormir aqui. Não sei se vamos nos ver antes de ir de novo, mas se cuida e qualquer coisa me liga.

_ Erick... eu.... - Abaixo os olhos e ele entra no quarto e se senta na cama. Eu quero dizer o que estou sentindo, mas tenho tanto medo de perdê-lo e eu não quero mais perder ninguém.

_ Ei... não precisa dizer nada. Eu sei e vou tá aqui por você. Vou te ajudar a passar por tudo. Depois que eu voltar, a gente vai tentar resolver tudo.

Eu levanto meus olhos e nossos olhares se encontram, meu coração acelera, ele não sabe, ele deve estar confundindo o que quero dizer... mas não falo nada, ele quer me ajudar e é algo que ele não faria se soubesse, mesmo sem saber como ele pode me ajudar...

_ Obrigado, vou dormir aqui sim, me senti seguro e em meses não me sinto assim. Acho que nunca me senti assim. - digo, pois é a mais pura verdade.

Erick aperta o meu ombro e eu seguro em seu punho. Eu quero segurar em suas mãos, mas não posso. Nossos olhares se encontram mais uma vez e eu sei o que sinto...

O vejo saindo e me deito e ligo para Félix. No terceiro toque ele atende. Digo que não vou poder ir trabalhar e ele questiona o motivo. Não tenho coragem de contar, apenas digo que não estou bem.

Você quer que vá à sua casa?

Respondo rápido que não estou em casa e acabo contando que estou no apartamento do Erick. Eu não quero que Félix me veja da forma que estou, mas menos ainda que ele passe na minha casa e dê de cara com meu pai.

Erick é o professor da academia? Aquele que eu vejo você olhando? Entendi. Você não me beija faz um tempo, evita o meu toque, não quer que eu o encontre, mas está na casa do Erick e está tudo bem.

Eu quero explicar, mas por um instante eu deixo que ele fale tudo, porque é mais simples, eu já estou acostumado. Eu sei que o que eu fiz com ele é errado. Eu nunca deveria ter ficado com ele, eu nunca deveria ter deixado ele se envolver comigo, eu tenho muitos problemas, eu tenho muitos problemas.. eu.. eu causo problemas para todos. Eu machuquei o Félix, eu fiz o Erick ficar sem sua namorada, eu faço minha mãe ter que lidar com meu pai... E Ramon, eu não sei quase nada dele, porque ele só me escuta. Eu acho que é isso... eu sei que mereço sentir dor...

Félix desliga e eu choro, eu choro e choro... eu não sei o que fazer, fecho meus olhos para tentar ver se a dor vai passar, porque ela sempre passou, mas a cada dia está mais difícil de lidar...

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