Capítulo 11 - Um domingo que poderia não acabar

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Acordo dormindo cedo, ontem fiquei na casa do Erick até tarde e ele veio comigo até a porta de casa. O chamei para entrar, mas ele disse que era melhor ele ir embora, mas ter ficado o dia todo com ele me fez muito bem. A gente falou de tudo, muitas vezes ele apenas me ouviu falar e eu percebi o quanto eu precisava disso. Não sou uma pessoa que confia muito nas pessoas, mas nele foi algo inexplicável.

Abro o celular e vejo que Ramon me mandou uma mensagem querendo saber o que farei hoje. Conto que não faço ideia e ele pergunta se pode vir aqui. Acabo deixando, meus pais já avisaram que só lá pelas 22 horas que ele vai chegar, então tenho muito tempo.

Arrumo a casa e aproveito para fazer algo para o almoço, já que pela hora Romário vai almoçar aqui. Não é todo dia que faço, então faço o básico.

Estou na porta

Vejo a mensagem na tela do celular. E abro para que Ramon entre. Hoje ele está igual ontem e eu começo a notar que ele gosta do visual mais leve quando não está em aula.

_ Ou, não vou te atrapalhar, né?

_ Não, senta aí no sofá o almoço já está quase pronto, mas já aviso que vai ser macarrão. Não tenho costume de cozinhar muito.

_ Sem problemas, levando em conta que normalmente almoço sozinho aos domingos, vai ser incrível ter companhia.

_ Seu pai e sua mãe não ficam em casa não?

_ Minha mãe faleceu faz alguns anos e meu pai... meu pai é somente... melhor deixar pra lá.

_ Ei, pode me falar. - digo sem jeito, pois fico sem graça por ter mencionado sobre a mãe dele sem saber que ela faleceu.

_ Meu pai é o borracheiro que vive sendo preso e causando problemas. Depois que minha mãe faleceu nada mais foi igual para ele.

Eu fico sem palavras, todo mundo já ouviu falar do borracheiro problemático, o Reginaldo. Meu pai sempre dizia que preciso ficar longe dele, que ele é maluco.

_ Não imaginava que você era filho do Reginaldo, você não se parece nada com ele.

_ Eu puxei minha mãe, mas eu sei que ele não faz por mal. Ele somente... - Ramon para de falar e eu o respeito, eu sei bem o que é ter uma família com problemas.

Passamos a tarde conversando e parece que tudo vai ser assim e algo me diz que eu preciso conversar com Ramon, ontem a gente conversou e eu gostei, mas sinto que preciso ser mais sincero com ele, como fui com Erick.

Ramon está deitado no sofá e eu sentado em outro, estamos vendo Pânico, pelo visto ele adora filmes de ghostface e eu também. Pauso o filme e ele me olha.

_ Qual foi, vai no banheiro? - diz ele virando o rosto.

_ Não, é que... eu acho que sou gay sim. - digo do nada. Ele sorri.

_ Que bom que me contou, e como pensou isso? - conto para ele que depois da conversa que tivemos eu pensei muito sobre tudo e também sobre Erick. Ramon me escuta em silêncio. E eu começo a perceber como me faz bem falar.

_ E foi isso, sinceramente, eu ainda não sei mesmo, mas eu não me vejo no futuro com uma garota ao meu lado, quando eu penso nisso só consigo ver a imagem de Er... - paro de falar. E Ramon apenas segura o riso.

_ Fico feliz em saber que você começou a se conhecer. - Ramon volta a olhar para a tela da televisão e eu solto o filme. Será que vai ser tão simples assim com todo mundo? Será que eu que complicava demais?

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