Capítulo 10 - Eu quero mais tardes assim

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Se um dia me falassem que eu ia estar em um campo de futebol em pleno sábado eu iria dizer que a pessoa estaria maluca, mas aqui estou, depois que sairmos da academia, Erick me convidou para almoçar e eu acabei indo para casa dele. Ele mora sozinho e pelo o que me falou Lavínia tinha compromisso o dia todo.

É engraçado que o apartamento onde ele vive é bem típico do que vejo nos filmes quando tem a imagem do homem que mora sozinho. Eu fico realmente me perguntando se um dia vou ter um canto só meu. Como eu queria!

E agora estou aqui sentado na arquibancada. Depois do almoço ficamos de bobeira até ele me falar que tinha um jogo já marcado e se eu não queria vir com ele. Como não queria ir para casa, vim aqui. E agora olhando para ele jogar me pergunto como a vida pode ser estranha. Eu mal conheço ele, mas ficar perto dele me faz bem.

_ Você aqui vendo um jogo? Não esperava isso nunca. - olho para cima e Ramon está parado me olhando.

_ Ei - levanto e o cumprimento. Ramon está com uma bermuda tactel azul e uma camiseta branca. Nunca tinha o visto assim.

_ Quando olhei pra trás e te vi tomei até um susto. Não me leve a mal, mas não esperava ver você aqui. - ele se senta ao meu lado e eu olho novamente para o campo.

_ Eu só vim por conta do Erick. - conto para Ramon sobre o garoto da academia e como acabei vindo parar aqui.

_ Que massa, ele parece ser show! Mas então vou indo, eu vim aqui porque meu amigo estava jogando o último jogo, ele me mandou mensagem dizendo que já ia sair do vestiário, mas te vi e falei para ele esperar. A gente se vê no cursinho segunda. Qualquer coisa me manda mensagem, você disse que seus pais só voltam amanhã de noite.

_ Pode deixar. - Vejo Ramon descendo a arquibancada e fico esperando o jogo acabar, Erick não para um minuto é surpreendente como ele tem pique para aguentar. Ainda mais depois de ficar na academia e treinar.

Assim que o juiz apita o final ele se aproxima da parte onde estou e eu desço.

_ Vou só pegar as coisas no vestiário, você volta comigo lá pra casa, pode ser? - concordo, pois realmente prefiro voltar com ele do que ir para casa sozinho.

Assim que chego na casa de Erick me sento no sofá para descansar. E ele já joga tudo em um canto.

_ Eu preciso de uma chuveirada e já volto. Que jogo! Estou morto, mas bem animado.

_ Você parece que tem bateria sem fim. Se eu fizesse metade do que você fez hoje, estaria deitado em posição fetal.

_ É costume, quando não estou com a Lavínia, eu vivo fazendo esportes. Já acostumei com a correria e gosto, sabe? - Erick entra no banheiro e continua conversando comigo. Como ele é legal, e...

_ Erick, eu acho que sou gay. - digo da sala sem pensar. Erick para um momento de falar quando me escuta e eu fico quieto.

_ Ah que massa, ué! Tem haver com o que me falou mais cedo? Sobre o garoto de ontem?

Ele não fala mais nada, como? É simples até. E eu sempre achei que era complicado.

_ Sim e não, ontem conversando com ele eu pude me abrir e explicar como tudo é confuso aqui dentro, mas a verdade é que não me veio com uma garota, e com garotos é diferente. Mas não tenho certeza, eu ainda não tenho certeza de nada. Mas não queria ter que fingir ser outra pessoa.

_ E você nem deve. - Erick me diz isso me olhando. Me distraí tanto falando que não percebi o momento que ele saiu do banheiro.

_ Eu...

_ Você não deve fingir ser outra pessoa, você não deve ter que se esconder, deve ser um porre esconder.

_ Mas eu não tenho certeza de nada. - digo, pois é a verdade.

_ E quem tem? Você tem 18 anos, lógico que está confuso com tudo. E não se cobre, apenas siga seus passos.

_ Valeu, você é um cara bacana.

_ Nada, eu sou apenas uma pessoa que aprendeu que cada um tem seu tempo e cada um sabe o que passa. Meu lugar é ajudar quem posso.

_ Que sorte a minha ter entrado naquela academia.

Erick sorri e vai até o balcão da cozinha, eu sei que dei sorte, pois não esperava nunca isso.

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