Trinta e quatro

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   Sangue.

Minha mão estava encharcada de sangue.

De Anahí.

Do meu filho.

Sangue.

Olhei pra cima a tempo de ouvir Christopher gritar, três tiros, e Carrick estava morto. Derrick ainda se mantinha no chão, imóvel, o tiro havia pegado sua perna, mais o tombo lhe rendeu uma pancada na cabeça, Anahí estava ao lado.

Linda, e serena.

E talvez a beira da morte.

A dor em meu ombro que agora sangrava com o impacto da bala não era nada, senti algo raspar em minha costela, e ardeu como o inferno.

Não morra.

Christopher errou, a bala passou de raspão e haviam mais pessoas agora atrás de mim.

Tisha tinha mandando a segurança atrás da menina.

Para ajudar Anahí.

Tarde de mais.

Mirei a arma em Christopher.

- Não seja tolo. - rugiu - Vieram buscar drogas não, é? Onde elas estão, Herrera?

Ajoelhei ao lado de Anahí, ainda com a mira em Christopher, ouvindo o tumulto se formando ao meu redor.

Policial de merda.

Estavamos em desvantagem.

E por sorte, não havia nada que nós incriminasse. Alguém nos traiu, e a mesma pessoa tomou a medida de não prejudicar a mercadoria. Fomos traídos.

E roubados.

- Não há provas de que viemos buscar qualquer coisa aqui, viemos ver o local, Uckermann. - Cuspi - Pesquise bem, e vera que esse galpão pertence a Anahí. Propriedade Portilho, é bom ter um mandado para ter invadido aqui quando ela acordar.

- Fontes seguras nos informaram sobre as caixas que vocês receberiam aqui Hoje. - Prosseguiu Christopher, se aproximando e apertei o gatilho - ela vai morrer, filho da puta! Me dê Anahí.

- Se morrer é porque você a matou. - Apertei minha mão em seu ventre, entre o sangue que escorria sem parar, e não havia percebido que estava tremendo. Até pegá-la no colo, ignorando o grito de Christopher, e a dor em meu ombro machucado - e se ela morrer, eu vou caçar você, desgraçado.

- Você se acha uma puta não é? - gritou Uckermann - só sai daqui algemado Herrera, então eu sugiro que me entregue Anahí.

Larguei a arma destravada no chão, caminhando para fora do galpão, haviam homens, uns quinze em meu calcanhar, com a arma apontada para Christopher e seu time de merda. Ignorei o grito e a ameaça em sua voz.

- Estarei no Hospital, filho da puta. E terá que ter um bom motivo para me tirar de lá.

Acorde princesa. Pedi mentalmente.

Acorde e grite comigo.

Acorde e atire em mim.

Acorde, agora, Anahí.

Me vi dentro do carro, Anahí ainda em meu colo e alguém dirigia infringindo todas as leis possíveis de trânsito enquanto falava ao telefone.

Christopher não nós seguiu.

Sem provas ele não podia fazer nada, além do que já tinha feito.

Aquele tiro era para mim.

Não morra Anahí.

Chegamos ao hospital e tomaram ela de mim, a colocando em uma maca, haviam cinco pessoas ao redor dela, e encarei a enfermeira que trazia uma cadeira de rodas, e então me lembrei que meu o ombro esquerdo possivelmente ainda mantinha a bala.

- Ela está grávida. - falei, para ninguém em especial, encarando minhas mãos com sangue.
Senti quando entraram comigo na emergência, Anahí já estava lá, olhei ela imóvel e agora nua da cintura pra cima sendo mexida como uma boneca pelos médicos e enfermeiros do local.

Senti o nó em minha garganta, e o tanto quanto havia demorado para a ficha cair. Anahí não podia morrer.

Acorde meu amor,
acorde e diga que me odeia.

Me tiraram da ala, me levando para uma sala mais restrita e particular para realizar o Raio-x do ombro. Não consegui responder nada do que me perguntaram, não conseguia falar  ou reagir. Talvez fosse o choque, ou a dor.

E com certeza o medo.

Ela ainda não acordou.

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- Por favor, por favor! - Pedi, batendo novamente na porta do apartamento. Maldita hora em que decidi colocar o lixo para fora.

Alfonso não havia voltado da madrugada, o que só poderia dizer que Christopher tinha conseguido pegá-lo. O que também queria dizer que a guarda de Chloe passaria para mim.

E talvez eu a desse a Anahí de bom grado.

- Vai emboraaaaa! - Rebateu Chloe, de dentro, e suspirei irritada.

Ela não iria abrir a porta.

- Chloe Matilde Herrera, você não pode me deixar trancada para fora! Chloe! Por favor! - Supliquei novamente ouvindo a música de introdução da Masha e o urso aumentar na parte de dentro do apartamento - INFERNO CHLOE!

- Dulce? - encarei Maite me chamando enquanto se aproximava de mim ao sair do elevador, e levantei uma sombrancelha o que ela fazia aqui?

- Maite, o que... - O tapa me atingiu me jogando no chão, e Encarei Maite assustada.

- Não bastava ter se contentado em tirar o Alfonso de Anahí, não é? Conseguiu o que queria, mais não foi suficiente, Decidiu ficar com os restos dela e trepar com o policialzinho, baixo demais, mais cabe certinho em você. - cuspiu Maite e tentei me levantar sendo empurrada novamente ao chão pela mesma - Agora você não têm o direito de passar informações, não tem o direito de atentar a vida dela, minha amiga está em uma cama de hospital, por sua culpa, sua filha da puta. - Maite grudou meus cabelos antes que eu pudesse reagir e senti outro tapa me atingir - E eu vou fazer questão de te colocar em uma cama ao lado da dela, sua vadia.

Maite me atingiu novamente, e de novo, eu não conseguia reagir, a não ser grudar minhas unhas em seus braços, o que apenas serviu para deixá-la mais possessa.

- SOCORRO! - gritei, e Maite me chutou na barriga me puxando pelo cabelo para os lados - Eu não fiz nada Maite! Me solta!

- Nega na minha cara sua filha da puta que foi você que passou a informação do carregamento para Christopher? NEGA NA MINHA CARA DULCE MARIA.- Gritou Maite, me forçando a olha lá.

- EU NÃO FIZ NADA, MAITE! - Gritei chorando, e Maite me acertou um soco, e depois outro, e outro. Senti o sangue em meu nariz descer, possivelmente quebrado. - PARA, POR FAVOR!

Maite não parou e quando achei que eu não poderia aguentar mais, Chloe abriu a porta.

- Meu Deus! - Maite recuou eufórica ao encara Chloe assutada e me encolhi sentindo a dor aumentar.

- Se perguntarem quem fez isso você nega que foi eu, entendeu Chloe? - Falou Maite me encarando com ódio no olhar - disca 190 e informa que tentaram assaltar sua casa, você se trancou na casa e Dulce ficou para fora. Entra para dentro agora, assim que eu sair vamos liberar as câmeras novamente. Você entendeu Chloe?

Chloe me encarou confirmando para Maite e chorei, falando o nome dela em vão, a mesma voltou para dentro do apartamento me deixando sozinha com Maite novamente.

- Acredite em mim quando digo, isso apenas está começando, - Falou Maite segurando em meu queixo com uma força desnecessária - Anahí já havia me falado, mais agora eu posso ver, você não passa de uma vadia, Dulce Maria.

E saiu, o barulho do salto estralando no chão a cada passo que dava fazia minha cabeça girar, até sumir e eu ficar sozinha novamente com minha dor.

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SparksWhere stories live. Discover now