Vinte e cinco

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- Chloe, Querida, o que faz aqui? – perguntei travando a arma e jogando ela em seguida em cima da penteadeira .

A verdade era que não tive muito tempo para reorganizar as coisas, as malas que seriam levadas para o apartamento com Alfonso ainda estavam aos pés da cama, tinha roupas jogadas em cada canto do quarto, e o Filhote de labrador dormia encolhido ao lado de Chloe na cama, ainda alheio a minha chegada.

- Eu precisava falar com você. – Rebateu Chloe me fazendo sorrir – porque você terminou com Poncho? Ele está um tirano sem você , Annie! Por favor, faça algo, nem Toim aguenta ele mais.

- Tirano? Uau.  E se até Toim está de saco cheio então é sério mesmo. – respondi, me sentando na cama e esticando a mão para chamar Chloe para o meu lado – Querida, venha aqui.
Sentei aquela menina cheia de personalidade e desejos ao meu lado e alisei seu cabelo enquanto sentia o nó se formar em minha garganta.

- Alfonso sabe que você está aqui? – perguntei fazendo com que Chloe soltasse um suspiro.

- Não. Ele está treinando, falou para que eu esperasse no refeitório. – confessou, fazendo uma careta.

- Não deveria desobedecer seu irmão, Chloe. – suspirei  massageando minha têmpora – Menina, escute, eu sei que não é fácil lidar com os baques da vida. Sei que você já passou por muito, e eu também senti muito sua falta. Mais você tem que confiar que as escolhas que seu irmão faz são as melhores para ele e para você também, Certo ? Ele está casado Chloe, Dulce ama você. Tenho certeza que vocês vão ser muito felizes.

- Dulce é uma cobra. – Rebateu cruzando os braços – Ela é uma cobra, Annie!

- Então, ainda bem que Alfonso tem você para evitar que seja mordido, certo? – pisquei para ela que fungou, menina inteligente – Eu amo você Chloé, eu sinto muito se te magoei, mais você precisa ser forte está bem? Eu prometo que tudo vai ficar bem.

- E ainda posso ser sua melhor amiga? – perguntou enquanto mexia as mãos freneticamente no colo.

- Eu não ousaria colocar ninguém mais em seu lugar. – Sorri para ela me levantando – Prefiro que seu irmão não venha te buscar, vamos para o refeitório? Eu te acompanho.

- Não precisa Annie, eu vou até o laboratório pegar uns biscoitos com Christian. – respondeu se levantando, e saindo pulando para fora do quarto, não sem antes se virar sorrindo e falar: Teríamos sido uma família melhor sem ela, Annie. Teríamos sido uma família com você.

Ah, criança.
Você não sabe como dói acreditar no mesmo.

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- Alfonso, preciso falar com você. – A voz fria de Anahí em minhas costas fez com que cada músculo de meu corpo travasse.

E então me fez odiar ela ainda  mais por ter esse domínio inconsciente sobre mim

- Precisa? Que pena, porque eu não tenho NADA para falar com você. – Soquei repetidas vezes o saco de pancada em mim frente, evitando olha-la,  a perna recém curada dolorida pelo esforço, que merda ela fazia aqui? Quando havia voltado? E porque caralho sabia que eu estava no ringue?

- É sobre Chloe. – tentou.

- Vai usar mesmo minha irmã para se aproximar de mim? Que baixo, Anahí. – soquei novamente o saco ignorando a presença de Anahí em minhas costas.

- Alfonso, Chloe foi me procurar, estou preocupada com ela. – parei o exercício me virando, o rosto de Anahí era pura incerteza, revirei os olhos me aproximando

Tão perto que seu hálito acariciou meu rosto. Tão perto que poderia ser claramente um beijo.

E talvez eu desejasse que fosse, se não fosse todas as circunstâncias.

Maldita seja.

- Então ainda bem que Chloe não é um problema seu, certo? – Rebati, me afastando para pegar a garrafa de água e a toalha enfim. Chloe havia me desobedecido e ido até Anahí enfim, claro.

- Sabe, te olhando agora eu te agradeço - começou – você me livrou do grande filha da puta que você é.  Tenho pena.

Senti quando ela se afastou e joguei a água da garrafa em meu rosto. Era uma grande merda o que tínhamos nós tornado. Uma grande merda.

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