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CAPÍTULO 10 de raspão
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RESPIRO FUNDO,tentando não surtar ao saber que estou invadindo uma favela ainda de madrugada. A minha mente se recorda de que alguns horas atrás eu estava deitada nos braços do Giorgian e agora estou colocando minha vida em risco,mais uma vez. Mais uma vez eu entro aqui e não tenho a certeza se vou voltar para minha casa, se vou conseguir ver o meu irmão, a minha irmã,a minha família para podermos jantar juntos mais uma vez.
Tudo o que acontece aqui é incerto e eu soube disso quando entrei nessa carreira, mas isso lá no fundo me assusta. Me assusta saber que posso entrar aqui e posso não sair, que apenas uma bala é o suficiente para tirar a minha vida em frações de segundos.
Respiro fundo,sentindo um zumbido muito forte no meu ouvido e a minha visão ficando embaçada. O som ao redor parece abafado e o único som que consigo ouvir é o do meu coração batendo completamente acelerado, minha respiração está desregulada. Seguro forte o meu fuzil e encosto na parede.
Vamos lá! Respira fundo. As memórias do tiro de raspão passam em minha mente. E se dessa vez não for de raspão?
― Capitã? ― A voz de Guilherme me faz voltar a realidade. Eu preciso conseguir.― Podemos avançar?
Balanço a cabeça positivamente e avanço na frente. Não arrisco andar sem ter alguma cobertura,então pressiono meu corpo na parede e faço uma varredura na área.
― Puta merda! ― Jogo meu corpo para parede. Eu senti a quentura da bala passando do lado da minha bochecha.
E mais um.. Depois o segundo,o terceiro.
― Não vamos conseguir avançar,capitã. O que vamos fazer? ― A voz dele começa a ficar distante. Minha garganta começa a ficar completamente seca e o fuzil cai da minha mão.― Pelo amor de Deus! Não estão vendo que ela está passando mal? Tirem ela daqui.
Tento negar,mas mesmo assim eles me levam novamente para o blindado. Meu corpo começa a formigar e as lágrimas começam a escorrer pelo meus olhos.
― Tira isso.― Aponto para o colete e um dos homens ali presentes faz isso.
