Capítulo 9

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As 48h decisivas para Hanabi haviam passado, mas ela ainda não tinha acordado. Hinata passava todas as horas do dia ao lado de sua irmãzinha, rezando para que ela abrisse os olhos. Hiashi estava junto das filhas naquele quarto de hospital. Desde que soubera da situação de saúde de sua caçula e da partida da primogênita atrás de vingança, não tinha se afastado delas. Ele ignorou todos os assuntos do Clã Hyuuga, não ligava nem mesmo para o seu cansaço, tudo o que importava era o bem de suas filhas. A impotência de quase perdê-las novamente se fez presente em seu peito. Estava cansado de falhar, de não conseguir protegê-las.

– Hiashi-sama – A voz de Hinata ecoou pelo quarto. Sempre que escutava a voz de sua filha pronunciando de forma fria seu nome, o coração do mais velho doía. Ele a olhou, indicando que continuasse. – Vá se alimentar e tomar um banho. Ficarei com Hanabi.

– Não deixarei vocês.

– Vá – Disse ela, firme. – De nada adiantará se você cair doente. – Apesar de toda a mágoa que guardava, a Anbu não conseguia deixar de se preocupar com ele. E isso a irritava. Não conseguir odiar alguém que havia deixado cicatrizes tanto no seu corpo quanto na sua alma fazia com que ela se sentisse tudo o que ele afirmava que ela era: uma fraca.

– Não demorarei. – Disse em suspiro cansado. Após a saída do seu pai, a jovem se permitiu chorar. Ela andou até o leito de sua irmã e, segurando a mão dela, implorou para que acordasse.

– Nabi, meu amor. Por favor, abra os olhos. – A mais velha das Hyuuga sentia seu coração sangrar ao olhar o rosto machucado da mais nova. – Por favor, eu não suportarei se você não o fizer. – As lágrimas desciam descontroladas pelo rosto da kunoichi. A ninja, ainda de mãos dadas com a menor, encostou a testa na borda da cama. – Eu falhei com você. – A dor dilacerava seu peito. – Perdão, minha irmã. Eu deveria ter estado lá. Era meu papel protegê-la. Eu daria tudo para estar nessa cama, no seu lugar. Deveria ser eu, não você. – O seu corpo tremia descontroladamente devido aos soluços. – Inútil, inútil, inútil, INÚTIL – Num rompante, a jovem desferia golpes contra sua própria cabeça, amaldiçoando-se. – De que adianta treinar?! Qual o sentido?! – Hinata caiu de joelhos ao lado da cama, enquanto sussurrava para si mesma – Fracassada. Inútil. Você não passa de um erro. – A mais velha das Hyuuga repetia a última frase como um mantra, os olhos vidrados nas próprias mãos. O pânico corria por suas veias, o ar parecia rarefeito. Estava difícil de respirar. O mundo girava a sua volta sem parar. Encolhida ao lado da irmã, a morena chorou pelo que pareceram horas.

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Três dias. Fazia três dias que Sasuke se encontrava no mais completo tormento. Se Hinata não veio, isso significa que Hanabi não acordou, pensava consigo mesmo. Droga, droga, DROGA. Chutou para longe a bandeja de comida trazida pelo Anbu que fazia sua guarda. O Uchiha queria ter alguma notícia dela, mas a única coisa que tinha era o bilhete recebido por ele quando ela retornou para Konoha. Ele já havia relido e até mesmo decorado certas partes daquela pequena carta, tentando achar algum conforto naquelas palavras. Mas era em vão. Quanto mais lia, mais sua mente o torturava com imagens dela sofrendo sozinha, desamparada. O Nukenin não era idiota, todos sabiam sobre o desprezo do líder do Clã Hyuuga pela própria filha e, por mais que na época ele não ligasse – afinal não era da sua conta –, hoje em dia fazia toda a diferença. Porque ele a conhecia agora. Ela havia se tornado real para ele, havia deixado de ser uma idealização infantil para se tornar algo maior e mais sólido. O moreno, vencido pelo cansaço dos dias mal dormidos, sentou-se no chão. Sua mente sendo sua própria prisão.

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Mais um dia havia se passado e Hinata não havia saído do lado da irmã. Após a crise de pânico, a Anbu tornou-se cada vez mais apática. Ela mal se alimentava, as olheiras estavam fundas no belo rosto. Hiashi tentava persuadi-la a passar algumas poucas horas em casa, para se alimentar e descansar, mas cada vez que sugeria isso, sua primogênita o lançava um olhar assassino e nada respondia. Ele havia saído do quarto com a intenção de comprar algo para Hinata comer. A morena estava imersa em sua dor, nem sequer havia notado que seu pai não estava mais ali.

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