Capítulo 21- Sakura Haruno

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O que eu faço agora ? Bom, com certeza ficar sentada não vai me dar as respostas. Sangue se instala em minha boca quando meus dentes se afundam na pele interna da minha bochecha,que novidade, se continuar assim vou perder metade da minha bochecha.

O calor da tarde secou mais do que rápido minha figura nua, penetrando minha pele queimada com força, é como fogo sendo derramado sobre minha pessoa. Queimaduras por sol ? Ficam na fila dos meus problemas atuais.

Tem muito tempo que não me sinto assim, como se o ar que respiro fosse meu. É como se minha mente saísse do fundo de um oceano de confusão, e finalmente respirasse o ar da superfície.

Ao fundo, ouço o barulho dos pássaros ecoando pela floresta, como um cumprimento a aqueles que se dispõem a ouvir. A baforada quente do verão me causa desconforto, afinal , na minha cidade estava sempre em um frio eterno. Gosto do frio, é onde nasci , sempre me trouxe conforto e acho que isso nunca vai mudar.

Tudo isso é muito estranho, talvez não seja real, talvez minha mente tenha mergulhado na insanidade depois de tantos anos como forma de proteção, quem sabe ? Talvez eu tenha entrado em coma, ou eu só morri mesmo.

Uma vila ninja comandada por um sistema antigo, sem internet, sem tecnologias básicas, e um lugar onde acham normal enviarem crianças para missões de alto risco e para guerras como forma de provar a lealdade a vila ? Eu não sou tão criativa assim.

Mas definitivamente é desumano treinar crianças para matarem algum dia. Como alguém de idade defendo muito a criação positiva desde tenra infância, e isso não só é importante para a saúde física, mas também como a mental. O que eles esperam dessas crianças quando elas se tornarem adultas ? Com certeza muitos traumas é o que espero.

Quem sabe ? A mente humana é fascinante, além disso, talvez se eu me matar nesse "mundo" eu apenas acorde. Talvez acorde em um hospital, em uma cama dura e com lençóis finos, com uma enfermeira e um médico avaliando minha saúde. Talvez, isso é um talvez, mas e se....não importa, não quero descobrir o que acontece se eu morrer.

Isso tudo é uma loucura, não quero pensar nisso agora, não posso usar isso como uma escapatória ou desculpa para tudo o que fiz. Meus pensamentos são como um tornado girando, cada um me acertando de uma maneira negativa, nada disso vai me ajudar, ficar sentada só vai deixar estressada.

Em pernas bambas,entro na desconhecida floresta, nada pode piorar esse dia. O que de pior pode acontecer ? Ser assaltada ? Eu não tenho nem roupas.

A floresta parece muito grande, nenhum barulho ou indícios de pessoas por perto. É engraçado pensar que agora sei como as pessoas se sentiam naquele programa de largados e pelados, é vergonhoso.

Pelo menos é o meu corpo agora, sou eu aqui. Apenas eu e minha barriga roncando de fome, por Kami, como posso ter fome em uma situação dessas ?

Estou exausta, meu cabelo está uma bagunça porosa e emaranhada, estou dolorida, e estou fedendo horrores, porque é claro que só a água de um lago não tiraria a podridão instalada na minha alma. Então como posso ter fome nesse estado ?

Nem sei onde estou, por que minha vida é assim ?

Passando o antebraço pelo nariz, me alívio da pequena coceira que estava me causando agonia. Meus passos são largos e firmes, se anoitecer e eu ainda estiver aqui não sei como vou sobreviver aos possíveis animais desse lugar.

Acho que andei apenas trezentos metros antes de ver uma linha de fumaça cortando o céu. Ótimo, se tem fumaça tem fogo, se tem fogo tem humanos, e eu preciso de ajuda.

Correndo por entre as árvores, colido algumas vezes com galhos que se prendem ao meu cabelo. Meus pés se chocam com a terra e seguro um gemido quando pequenas pedras encontram o caminho da minha base, imagino o quão estranho pareça a situação.

RyōsokuWhere stories live. Discover now