O LUTADOR

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Por mais mágica que tenha sido a nossa noite de núpcias, não foi suficientemente poderosa para fazer o tempo passar mais devagar.

O dia da cirurgia de Jungkook chegou mais rápido do que eu esperava. Bem, se fosse como eu esperava, não teria chegado.

Ele não soltou minha mão nenhuma vez a caminho de Stanford nas primeiras horas da manhã. Nós dois estávamos estranhamente quietos.

Depois de estacionar a caminhonete na garagem do hospital, ficamos ali parados com o motor desligado. Era compreensível que nenhum de nós estivesse pronto para o que nos esperava. Ele olhou para mim. Eu não conseguia mais disfarçar o medo.

— É normal estar com medo, Taehyung. Você esqueceu que consigo enxergar dentro de você.

— Eu quero ser forte para você.

Apertando minha mão com mais força, ele disse:

— Vai dar tudo certo, gato. Não tem problema em mostrar seu medo.

Lá dentro, eu provavelmente não seria capaz de dizer tudo o que queria dizer. As palavras que não conseguia dizer pareciam estar me sufocando. Eu estava desmoronando e mal conseguia falar. 

Consegui dizer:

— Acho bom você ficar bem, porque não consigo viver sem você.

Lágrimas inundaram meus olhos. Eu tinha uma missão, ser forte para ele, e falhava totalmente.

— Quando eu estiver lá, quero que pense em todas as coisas que nos aguardam este ano, como planejar nosso outro casamento. Só se concentre no que for bom, e a cada hora que passar estaremos mais perto de deixar isso para trás.

Assenti com a cabeça como se fosse realmente possível esperar qualquer coisa neste momento.

Ele continuou:

— Não vai acontecer nada, entendeu? Mas, Deus não permita, se acontecer, preciso dizer que aquilo que falei uma vez sobre não querer que você siga em frente, isso foi irresponsável. Eu quero que você siga em frente e seja feliz.

Balancei a cabeça com vigor.

— Não dá para ter essa conversa, Jungkook.

— Dá, sim, porque não vai acontecer nada, mas eu preciso falar. Por favor.

— Ok.

— Não quero que você fique sozinho ou se sinta culpado por seguir em frente, se alguma coisa acontecer comigo.

Assenti só para ele se sentir melhor, mas sabia que não iria a lugar nenhum se alguma coisa acontecesse com Jungkook. Era esse tipo de amor. O tipo que só acontece uma vez na vida. O tipo que os pais dele tinham. O tipo que eu não poderia ter com Elec ou com qualquer outra pessoa, porque isso só seria possível com Jungkook.

— Você é minha alma gêmea, Jungkook. Meu lutador. Já ouviu essa música, “The Fighter”? A do Keith Urban?

— Ouvi no rádio. Ela me lembra de nós.

Não deveria estar surpreso por ele também ter percebido. Nossa conexão era assim.

Ele coçou a cabeça.

— Vem. Vamos acabar com essa merda. Eu tenho um esposo e cachorros esperando por mim.

— Isso. Vamos lá.

No hospital, o Dr. Tuscano abordou as preocupações de última hora que poderíamos ter.

— Então, entenderam tudo que vai acontecer? A incisão será feita no centro do peito de Jungkook. O músculo cortado vai cicatrizar sozinho. Usamos uma máquina de coração-pulmão durante o procedimento que ajuda a proteger os outros órgãos enquanto o coração fica parado. Assim que a operação terminar, o coração de Jungkook voltará a bater sozinho sem problemas.

Querido VizinhoWhere stories live. Discover now