COBERTURA

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Jungkook e eu vivemos em uma negação repleta de sexo por um bom tempo. Isso terminou em uma noite quando um jantar agitado na casa dos meus pais em Sausalito nos levou de volta à realidade.

Meus pais não ficaram surpresos quando disse a eles que Jungkook e eu estávamos juntos. Aparentemente, depois do final confuso do dia da mudança, eles suspeitaram de que não era o fim da nossa história. Contei a eles tudo que havia acontecido desde então, e os dois receberam Jungkook de braços abertos.

Minha irmã Jiyoon e seu marido, Micah, também estavam no jantar naquela noite. Em um momento durante a sobremesa, Micah bateu o garfo no copo e pediu a atenção de todos à mesa.

Jiyoon pigarreou e olhou diretamente para mim.

— Então, temos um anúncio especial.

Meu queixo caiu porque tive a sensação de que sabia o que estava por vir.

— Vamos ter um bebê! — Micah gritou alegre enquanto afagava as costas da minha irmã.

Incapaz de conter as lágrimas, me levantei imediatamente para abraçá-los. Aquilo era imenso. Ela era a primeira de nós a ter um filho e eu seria tio. Visões de pernas gordas, barulhinhos fofos e grandes sorrisos banguelas passaram pela minha cabeça. Eu estava muito emocionado por eles, por todos nós. Mesmo assim, fiquei surpreso por chorar com tanta facilidade por causa da notícia. Era mais comovente do que eu imaginava.

— Estou muito feliz por você, Jiyoon. Eu te amo muito. Sei que vai ser a melhor mãe do mundo.

Meus pais e eu nos revezamos abraçando Jiyoon e Micah. Todos começaram a sugerir nomes de bebês. Minha irmã ligou para Hyuna para que pudéssemos todos conversar pelo FaceTime. Hyuna também começou a chorar ao ouvir a notícia.

Eu estava tão envolvido com toda aquela animação que nem tinha notado a cadeira vazia.

Jungkook havia desaparecido. No começo não pensei muito nisso, mas, a cada minuto que passava, sua ausência se tornava cada vez mais desconcertante.

Depois de confirmar que ele não estava no banheiro, fui até o fundo da casa e o encontrei sozinho no quintal. O tempo era frio e chuvoso, não era uma boa noite para ficar lá fora. Aquilo era estranho.

— Jungkook? Tudo bem?

Ele se virou sério.

— Sim.

Em poucos minutos, meu humor foi da felicidade ao pânico.

— O que está fazendo aqui fora? — Ele não respondeu, e eu disse: — Você está me assustando.

A lembrança do surpreendente rompimento com Elec nunca esteve muito longe. Por mais que eu soubesse que Jungkook realmente gostava de mim, minhas experiências me condicionaram a esperar que algo desse errado sempre que tudo parecia perfeito.

— Precisamos sair daqui e conversar em particular.

Engoli o nó na garganta e assenti.

— Ok. Vamos, então.

Nervoso, entrei para pegar a bolsa e o casaco e me despedi dos meus familiares enquanto Jungkook esperava do lado de fora, na caminhonete. Inventei uma história sobre ele estar com um mal-estar estomacal, quando, na verdade, era o meu estômago que estava embrulhado.

Jungkook dirigiu pela ponte Golden Gate, e eu, sentado no banco do passageiro, olhava para as gotas de chuva na janela. Nauseado, virei e estudei sua expressão. Ele parecia perturbado e mantinha os olhos na estrada. Eu não tinha certeza para onde ele estava indo, até que finalmente reconheci o caminho para o nosso bairro.

Querido VizinhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora