VOCÊ ME DEIXA DOIDO DE BACON

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No dia seguinte no trabalho, eu não conseguia deixar de pensar em Jungkook ouvindo as minhas conversas particulares. Isso não era ilegal?

Na noite anterior, eu tinha interrompido bem depressa nossa comunicação através da parede depois da revelação, ido para a sala de estar e esvaziado uma garrafa de Zinfandel com um acompanhamento de massa de biscoito.

Felizmente, hoje estava ocupado demais no Centro da Juventude para deixar isso me consumir totalmente, já que era a noite do nosso evento anual de café da manhã. Uma vez por ano, a equipe preparava um café da manhã gigante na cozinha industrial para todas as crianças. Minha responsabilidade era fritar quilos de bacon.

No caminho de volta para casa, literalmente exalando gordura de bacon, voltei a pensar no buraco na parede. Tinha notado que a abertura estava bem atrás da minha cama. Meu único consolo era que, se meu quarto ficava ao lado do escritório dele, talvez ele não passasse tanto tempo lá à noite quanto passaria se fosse outro cômodo. Talvez ele não tivesse ouvido todas as minhas sessões. Ou talvez eu estivesse só me enganando.

Exatamente quanto Jungkook sabia? Eu tinha abordado algumas coisas bem privadas com a Dra. Little. Relembrando tudo isso na caminhada de volta para casa, quase bati em uma barraca de frutas.

Quando cheguei ao prédio, estava tão furioso que, num impulso, passei pela minha porta e segui para o apartamento de Jungkook. Os cachorros, que normalmente eram tranquilos à noite, por algum motivo estavam latindo desesperadamente.

Bati à porta freneticamente, planejando exigir que Jungkook me dissesse exatamente o que tinha ouvido através da parede. Ele não abriu e eu bati mais forte. Os latidos ganharam força, mas a porta continuava fechada. Eu já me preparava para desistir, quando a porta se abriu.

O cabelo escuro de Jungkook estava encharcado e gotas de água escorriam de sua testa até o peito. Ele estava completamente molhado. O V esculpido na parte inferior do abdômen era a prova de que todo aquele trabalho no andar de baixo estava valendo a pena. Uma toalhinha enrolada na cintura era o único tecido sobre seu corpo nu.

Corpo de músculos definidos. Puta merda. Ele era gostoso a ponto de ser obsceno.

Levantei o olhar.

— Por que você abriu a porta desse jeito?

— Eu? Por que você está esmurrando a porta como um maluco? Não queria sair do banho, mas achei que o problema era muito sério. E que porra de cheiro é esse? Não é bacon, é?

— Sim, eu estava fritando bacon no trabalho. Eu...

— Porra! — ele rosnou por entre os dentes.

— Vim falar com você sobre o conserto do buraco na minha parede, mas é óbvio...

Antes que eu pudesse terminar a frase, os dois rottweilers pretos tinham corrido para a porta e pulado em cima de mim, me derrubando no chão. Eles lambiam freneticamente meu rosto, pescoço e peito enquanto eu estava ali deitado no corredor. Eles também mordiam o tecido da minha camisa.

Apavorado, consegui gritar:

— Tira eles de cima de mim!

Jungkook fez um esforço para dominar os animais enormes e finalmente os tirou de cima do meu corpo. Meu rosto estava grudento de saliva.

Ele os empurrou para dentro do apartamento e pude ouvir as patas arranhando e escorregando no piso de madeira. Em seguida, Jungkook voltou para o corredor e bateu a porta ao sair para trancar os cachorros lá dentro.

Ele estendeu a mão e eu a segurei. Ele me levantou lentamente, mas com firmeza, como se meu corpo fosse leve como uma pluma.

Sem palavras, olhei para mim mesmo. Faltava um enorme pedaço de tecido na frente da minha camisa.

Querido VizinhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora