JURAS NÃO INTENCIONAIS

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A cirurgia de Jungkook estava marcada para o dia vinte e oito de fevereiro, dali a pouco mais de uma semana.

Fiz tudo que pude no último mês e meio para permanecer forte para ele. Ele não precisava ver que eu estava com um medo horroroso; isso não o ajudaria em nada. Então, lidei em silêncio e sozinho com a minha ansiedade. Estive com um terapeuta duas vezes durante meus intervalos de almoço e comecei a tomar um medicamento brando para controlar o pior da tensão.

As últimas semanas foram de muitos compromissos especiais de preparação para a cirurgia. Jungkook teve que fazer um ecocardiograma. Ele também encontrou o cirurgião e o anestesista e fez vários exames de sangue.

Decidimos que o último fim de semana antes da cirurgia seria tranquilo. Queríamos fazer alguma coisa relaxante e tentar tirar tudo isso da cabeça.

Jungkook e eu estávamos sentados no sofá vendo TV na segunda à noite. Eu fingia estar concentrado no filme. Em vez disso, estava ruminando sobre a cirurgia.

Uma hora Jungkook olhou para mim e eu soube que ele tinha percebido que eu não estava realmente prestando atenção na televisão. Quando me beijou suavemente na testa, interpretei como um reconhecimento tácito de que ele sabia em que eu estava pensando. Era muito cansativo tentar fingir que eu estava bem o tempo todo. Queria que esses dias passassem para que pudéssemos superar logo a cirurgia. Ao mesmo tempo, queria que eles se arrastassem porque estava com medo.

Ele beijou minha cabeça novamente, depois perguntou:

— Você já pensou no que quer fazer nesse fim de semana?

— Eu pensei que íamos ficar por aqui, tranquilos em casa.

— Podemos, mas também podemos fazer outra coisa.

— No que está pensando?

— Talvez a gente possa se casar.

Meu coração disparou. Ele tinha dito o que eu achava que tinha dito?

Ele me deixou sem palavras.

— Como é?

— A gente pode casar... sabe... se você quiser.

No começo, pensei que talvez ele estivesse brincando, mas a seriedade em sua expressão desmentia essa possibilidade. Ele estava nervoso. Não podia estar brincando.

— Não entendo.

— Sei que é inesperado.

— Sim. É.

Ele pegou minhas duas mãos.

— Escuta. Respirei fundo.

— Estou ouvindo.

— Só tenho pensado nisso desde que tomei a decisão de fazer a cirurgia. Eu acredito de verdade que vou ficar bem, Taehyung. Mas se houver uma chance minúscula de não ficar... a única coisa que eu lamentaria nessa vida é de não ter visto você andando em minha direção no altar. Não quero parecer mórbido, porque, já disse, realmente confio em meus médicos, mas ainda é só nisso que consigo pensar. Eu quero que você seja meu esposo.

As lágrimas que eu tentava segurar não podiam mais ser contidas.

— Eu também quero.

— Você não está preparado? Acha que é cedo demais?

— Talvez devesse, mas não acho, não.

— Eu também não, baby. Quando eles me deitarem e me mandarem contar até dez, ou sei lá como fazem, quero pensar em você naquele roupa branca. E também quero acordar sabendo que somos casados. Mas jogo aberto... também quero que você tenha o direito legal de ter acesso a mim em todos os momentos e tomar decisões, se for necessário.

Querido VizinhoWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu