Capítulo 40

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Uma das piores etapas para Leandro na casa de Isabella, fora entrar no quarto da garota, e avistar a grande mancha de sangue presente nos lençóis da sua cama. Um filme começou a ser transmitido em sua cabeça, e ele conseguia visualizar claramente em sua mente, a dor, o sofrimento e agonia que a garota passou, enquanto ouvia as cruéis palavras que ele próprio despejava sobre ela. Tais palavras começaram a repetir-se em sua cabeça com um eco alto, e inebriavam todos os seus sentidos, o deixando zonzo.

Colocando uma das mãos sobre seus ouvidos, ele permitiu que seu corpo se curvasse e caísse de joelhos sobre os pés daquela cama, enquanto seus olhos transbordavam em lágrimas. Permaneceu alguns minutos inerte naquela mesma posição, mas em sua mente parecia que passara horas sendo torturado pela própria consciência.

Quando em fim conseguiu recuperar o controle sobre sua mente e emoções, se agarrou as palavras de Bernardo, como um náufrago, a corda que lhe fora lançada quando o mesmo estava a deriva em alto mar. Se levantou, e caminhando até a cama, retirou aqueles lençóis que marcavam a perda do seu filho, e os levou consigo até o banheiro, os jogando fora.

Após o banho que parecera ter-lhe revigorado a alma, Leandro saiu do quarto de Isabella descendo novamente as escadas sendo seguido por Charlotte. Despediu-se da mesma, quando avistou Bernardo já pronto esperando por ele na saída da casa, e se encaminhou para fora notando que a chuva havia se abrandado novamente.

[...]

- Por que o senhor me ajudou? Leandro perguntou para Bernardo, quando os dois já estavam dentro do carro, retornando para o hospital.

- Não foi por você, mas sim pela minha filha e meu neto. Respondeu direto e o mesmo concordou se mantendo em silêncio enquanto estacionava o carro.

- Eu não sei exatamente tudo o que aconteceu essa noite, tampouco por qual motivo vocês terminaram, mas eu vi minha filha sofrer por sua causa, e isso fez com que eu perdesse toda a admiração que eu já tive por você. Mas infelizmente, eu também sei que Isabella ainda te ama, e que você pode  ajudá-la a se manter forte, diante da perda do meu neto. Então estou te dando mais um voto de confiança Leandro, não desperdice essa oportunidade, porque eu te garanto, que se você fizer a minha filha sofrer novamente, eu jamais irei permitir que você se aproxime de nenhum dos dois novamente.

Bernardo completou olhando fixamente nos olhos de Leandro, e depois saiu do carro caminhando para dentro do hospital, deixando-o pensativo para trás. Leandro sabia que aquilo não era uma ameaça, mas sim um aviso de um pai que faria de tudo para proteger a sua filha. E ele entendia perfeitamente a proteção de Bernardo, pois desde que descobrira a existência dos filhos, e agora filho, ele também seria capaz de tudo para vê-lo bem e feliz.

Mas ele não iria desperdiçar aquela oportunidade, apesar de saber que fora um "filho da puta" com a mulher que amava, e que nunca seria digno do seu amor e perdão, faria o possível e o impossível para conquistá-la novamente. Ele lutaria diariamente contra a culpa, e faria de tudo para se redimir até o último dia da sua vida, e se no meio do processo a machucasse novamente, ele mesmo se afastaria e permitiria que ela e seu filho fossem felizes longe dele. Saindo do carro com o coração ainda dolorido mas decidido, ele fez novamente o caminho para dentro do hospital com uma pequena chama de esperança, queimando em seu peito.

Entrando pelas portas do hospital, Leandro ignorou a tensão que novamente se instalou em seu corpo, e após receber a notícia que já poderia ir ver o seu filho, se encaminhou até o berçário do hospital, encontrando os outros quatro que já estavam lá admirando o pequeno Nicolas através de um vidro que dava visão a sala. Quando chegou perto o suficiente, suas pernas travaram em exitação, e seus olhos marejaram por saber que apenas um dos seus filhos estavam alí, mas mesmo assim rompeu a barreira de dor mais uma vez, e se aproximou do vidro.

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